Nos últimos dez anos, o que se entende por "carro popular" mudou drasticamente no Brasil. Se em 2015 modelos como Fiat Uno, Volkswagen Gol e Chevrolet Celta reinavam entre os mais vendidos, em 2025 o mercado virou a chave para hatches mais equipados, SUVs compactos e, até mesmo, elétricos acessíveis.
Há alguns anos, o termo “carro popular” deixou de existir, e foi substituído por “carro de entrada”, que são modelos tidos como os mais baratos de suas configurações. Esse tipo de veículo costuma sair de fábrica com um número mínimo de itens de série, geralmente apenas os obrigatórios, podendo ser considerados os mais básicos.
Veja abaixo, mudanças que tiveram em carros nos últimos 10 anos:
Mudanças no design
Em 2015, os carros de entrada seguiam a receita da simplicidade com faróis halógenos, rodas de aço e carrocerias compactas. Hoje, mesmo os modelos mais baratos incorporam linhas agressivas, faróis de LED, DRL (luz diurna), grade frontal estilizada e desenhos marcantes, uma clara influência dos SUVs. Veja exemplos:
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Volkswagen Gol (2015): design tradicional, com acabamento interno simples e alguns itens de série.
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Renault Kwid (2025): sendo um dos modelos 0km mais baratos à venda no Brasil, traz um design robusto, com carroceria elevada (estilo de um SUV) e painel digital.
Tecnologia embarcada
O que antes era luxo, virou padrão. Enquanto em 2015 o ar-condicionado e direção hidráulica ainda eram opcionais em algumas versões, em 2025 até o carro mais básico costuma trazer os seguintes componentes:
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Central multimídia com tela touchscreen;
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Conectividade com Android Auto e Apple CarPlay;
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Câmera de ré, sensor de estacionamento;
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Direção elétrica.
Segurança
Em 2015, airbag duplo e freios ABS haviam acabado de se tornar obrigatórios, mas o padrão era ainda precário. Em 2025, graças a novas exigências e à concorrência com modelos importados, os carros de entrada oferecem:
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Controle de estabilidade (ESP), que se tornou item obrigatório em janeiro de 2024;
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Assistente de partida em rampa;
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Cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes;
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Estrutura reforçada para impacto lateral;
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Isofix e airbags laterais (em algumas versões).
Preços subiram
Infelizmente, nem tudo são flores, em 2015 o modelo mais barato era um Fiat Palio 1.0 Fire, que custava cerca de R$ 24.000, e vinha com os itens de segurança obrigatórios, sendo airbag duplo e ABS. Hoje em dia, os carros mais baratos são o Renault Kwid, que custa R$ 79.790 e o Fiat Mobi R$ 80.990 (R$ 69.975 em oferta da Fiat).
Com a inflação acumulada no período da pandemia e a elevação dos custos de produção (especialmente devido à tecnologia embarcada e à segurança), o “carro popular” está longe do conceito original. O crédito também encareceu, tornando o financiamento mais difícil para a classe média.
O carro popular de 2025 tem muito mais a oferecer, mas também se torna bem mais caro. Houve sim uma evolução no design, conectividade e segurança, mas com ela veio a exclusão de parte dos consumidores do mercado de 0km. O que impulsionou o crescimento do mercado de seminovos e usados que possuem uma tecnologia intermediária.
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