Comprar um carro zero km por 30 mil reais e com consumo digno de carro híbrido? É bom demais para ser verdade, certo? Pois é, não é verdade. Nos últimos dias, diversas notícias na internet enganam os leitores sobre o retorno do Fiat Uno ao mercado por cerca de 30 mil reais e com consumos milagrosos. Saiba que é tudo mentira.
Diversos sites mostram imagens do Fiat Grande Panda sob o título de Fiat Uno 2025 ou mesmo Fiat Uno 2026 e enganam o leitor a acreditar que o Uno retornará ao mercado com a nova roupagem.
A única verdade é que o Grande Panda está sim em testes no Brasil. Segundo as informações até o momento, o modelo italiano servirá de base para um novo carro de entrada da Fiat no país, que chegará para substituir Argo e Mobi, porém, ainda é cedo demais para precisar o desenho e se o nome escolhido será Uno ou Grande Panda. As informações iniciais afirmam que a novidade chegará ao mercado em 2026.
Parentesco com o Uno
Tradicionalmente, o Panda (agora maior e chamado de Grande Panda) foi lançado antes do Uno mesmo na Itália e compartilhavam o mesmo conceito de carro urbano, acessível e barato. Na Itália, o Panda se manteve ao longo dos anos, com o Uno saindo de cena em 1995.
O Grande Panda foi apresentado em 2024 na Europa como nova abordagem da Fiat para o segmento de veículos de entrada. Por ser sucessor do Panda, o Grande Panda mantém as linhas quadradas da Fiat na Itália e para o mercado brasileiro, pode lembrar ao icônico Uno, porém, isso não significa o retorno do Uno ao país.
Uno pode voltar?
Até o momento, não há nenhuma informação sobre o nome Uno estar completamente descartado ou confirmado pela Fiat. Porém, como os carros atuais estão muito caros, e o Uno é associado a carro barato, não deve ser provável que a marca retome o nome icônico.
Nos últimos anos, visando rejuvenescer sua frota, a Fiat tirou de linha nomes importantes como Uno, Palio e Siena, e dificilmente devem voltar ao mercado. Dos nomes do passado, atualmente a Fiat do Brasil oferece somente o importado 500e, a picape Strada e os utilitários Ducato e Fiorino.
30 mil reais?
Essa talvez seja a parte mais mentirosa das notícias. Em 2010, quando a segunda geração do modelo foi lançada, os preços partiam de R$ 27.350. Quatro anos mais tarde, a série especial College, por exemplo, custava a partir de R$ 33.470.
Em 2021, quando se aproximava do fim da produção, um Uno zero km era vendido por R$ 68.490. Com os itens extras do pacote de despedida Ciao, o Uno chegava a custar R$ 85 mil.
Nos últimos 15 anos, o preço dos carros cresceu por conta da necessidade de mais equipamentos. À época, itens como freios ABS, controles de estabilidade e tração e mesmo airbags não eram necessários por lei nos carros. Hoje, o cenário é totalmente diferente.
Esses equipamentos precisam estar incluídos nos carros para que sejam homologados para a venda no mercado brasileiro. Além disso, os motores estão mais modernos e mais caros. O dólar, moeda utilizada para a compra de matéria-prima e equipamentos, por exemplo, está mais caro que em 2010 .
Esses fatores contribuem para o aumento do preço dos carros, bem como o aumento de tecnologia embarcada como central multimídia, luzes de LED e aços de ultra-alta resistência na carroceria, por exemplo.
O carro mais acessível da Fiat no Brasil é o Mobi, que custa R$ 80.990 no preço de tabela, mas há ofertas que reduzem o preço para R$ 69.975. Ou seja, o dobro do preço milagroso prometido pelas notícias falsas.
Na Itália, o Grande Panda mais básico disponível custa a partir de 18.900 Euros. Convertendo esses valores diretamente, com o Euro a R$ 6,41, o Grande Panda de entrada custaria R$ 121.231,76, quatro vezes mais que o “valor prometido” pelos sites enganadores.
Como é o Grande Panda?
Produzido a partir da plataforma Smart Car da Stellantis, o crossover é equipado com motor a combustão 1.2 turbo e um motor elétrico que substitui o alternador, na configuração híbrida-leve, similar à usada por Pulse e Fastback híbridos. Há também a versão elétrica de 113 cv de potência e 320 km de alcance segundo o ciclo europeu WLTP.
O modelo mede 3,99 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,57m de altura e 2,54 m de entre-eixos.
A engenharia da Stellantis importou algumas unidades do Grande Panda para realizar testes. Isso não significa que o modelo será de fato vendido por aqui, mas pode indicar uma nacionalização em algum aspecto. Sites especializados em segredos apontam que a plataforma será utilizada pela Fiat para produzir o sucessor de Mobi e Argo.
Algumas das unidades em testes foram flagradas com camuflagem de Citroën C3 para disfarçar o design inicial do projeto.
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