Elon Musk é uma figura bastante controversa. Desde 2024, o sul-africano havia se aproximado de Donald Trump, que fazia campanha para a presidência dos Estados Unidos. Em 2025, Musk ganhou um cargo no governo, prometeu acabar com gastos excessivos, mas apenas cinco meses após ser nomeado, deixou o departamento criado especificamente para ele e agora considera Trump como inimigo. A Tesla, referência em carros elétricos no mundo, é quem mais sofre com esse embate, que teve o preço de suas ações reduzido em 38%.
Desde quando Elon Musk anunciou apoio público a Donald Trump, ainda em 2024, proprietários de Tesla nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo começaram a vender seus carros por não concordarem com o envolvimento do empresário com o ex-presidente dos Estados Unidos. O movimento ganhou força após a vitória de Trump nas eleições, principalmente por conta das declarações de Musk, que passou a ser um “funcionário especial do governo” e conselheiro sênior do presidente.
Em março, Trump declarou apoio público a Musk e afirmou que “lunáticos radicais” estariam tentando boicotar de forma ilegal a Tesla, que foi definida por ele como “uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo”. O presidente ainda declarou que os ataques e protestos contra a marca eram para afetar Musk e “tudo que ele representa”.
Para demonstrar apoio, Trump comprou uma unidade de Tesla Model S, e ainda declarou que Musk era um “verdadeiro grande americano”, apesar de ter nascido na África do Sul, e que não deveria ser punido por “tentar fazer a América grande novamente”, usando seu bordão de campanha.
Tarifas pioraram a relação
Desde abril, Trump iniciou uma guerra comercial com a China, visando reduzir a importação de produtos e componentes fabricados no país asiático. Em determinado momento, os produtos da China tinham que pagar 145% de imposto para chegar aos Estados Unidos.
Essas tarifas de 145%, que já possuem diversas “exceções”, como por exemplo os celulares produzidos pela Apple, entretanto, peças cruciais para a produção de carros da Tesla não se encaixam na exceção.
A Tesla, além de fabricar carros na China, depende da importação de componentes para produzir carros nos Estados Unidos. As novas tarifas obrigaram a fabricante a suspender o desenvolvimento do Cybercab, veículo autônomo de transporte por aplicativo, por conta dos impostos, visto que equipamentos essenciais para o desenvolvimento desse projeto são de origem chinesa.
Outro modelo afetado foi o caminhão Semi, produzido no Texas. Com componentes de origem asiática, a produção do Semi Truck, que ainda não tinha atingido a capacidade máxima, foi reduzida a volumes ínfimos.
Musk fora do governo
Fora do governo dos Estados Unidos desde o fim de maio, Musk já deu declarações ofensivas sobre Trump e a forma como ele gera o país. Em resposta, Trump declarou que Musk ficou “maluco” após Trump ter removido os incentivos para a compra de carros elétricos “que ninguém mais queria”.
Além disso, Trump retaliou mais comentários de Musk afirmando que não se importava com o sul-africano se virando contra ele. A imprensa dos Estados Unidos afirma que o presidente declarou para interlocutores próximos, que a forma mais fácil de economizar dinheiro público seria encerrando os contratos com Musk e suas empresas.
Segundo o Washington Post, nos últimos 20 anos, as empresas de Elon Musk receberam 38 bilhões de dólares em financiamento governamental, na forma de pagamentos ou incentivos fiscais.
Países vizinhos podem ser a solução para a Tesla
A Tesla havia sentido o impacto das tarifas de 34%, mas estava preparada para manter absorver o impacto financeiro e continuar com a produção. Apesar disso, países vizinhos como México e Canadá podem surgir como alternativas para substituir a China nesse processo.
Com tarifas na casa de 25%, Trump já declarou que cogita modificar o acordo com os países vizinhos, que produzem muitos dos carros que são vendidos nos EUA, bem como também componentes como o ferro e o alumínio usados para produzir nos Estados Unidos.
A expectativa é que esses impostos causem prejuízo de 108 bilhões de dólares às empresas automotivas dos EUA. Uma potencial redução de impostos ainda não foi anunciada por Trump.
E a Tesla?
Além da queda de 38% nas ações da empresa, 2025 marca um ano complexo para a fabricante. Na Europa, enquanto a as vendas de carros elétricos cresceram 26% entre janeiro e abril, as vendas da Tesla caíram 46,1% no mesmo período.
Nos Estados Unidos, a fabricante sofre com estoques elevados, e apela para descontos para tentar vender seus modelos.
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