O Volkswagen Nivus é um dos maiores sucessos recentes da Volkswagen. Criado no Brasil e sucesso de mercado, o modelo ainda é bem relevante e até possui sua versão na Europa, o Taigo. Entretanto, por ser derivado do Polo, como justificar o SUV da marca? O que ele tem de especial para vender tanto? É mais que um ‘Polo alto’ ? Foram essas as perguntas que busquei entender durante uma semana de testes com o SUV cupê da Volkswagen.
Visual atualizado
Em outubro de 2024 a Volkswagen apresentou a atualização visual do Nivus. O modelo 2025 do SUV passou a contar com faróis mais finos, perdeu os faróis de neblina e teve mudanças no para-choque.
O design traseiro foi atualizado com novo para-choque e uma ampliação das lanternas, que ganharam um filete mais longo, inspirado em SUVs mais caros.
Pacote Outfit
O modelo cedido pela Volkswagen estava configurado na cor Azul Turbo (R$ 1.750) e contava ainda com o pacote opcional Outfit, que custa R$ 2.230 e só está disponível para algumas cores do modelo (Azul Turbo, Azul Titan, Cinza Moonstone e Branco Cristal).
Esse pacote adiciona teto, rack de teto, capas dos retrovisores, maçanetas e logotipos na cor preto ninja, bem como adiciona uma pintura escurecida às rodas diamantadas. A parte interna ainda recebe acabamento diferenciado nos bancos e no painel frontal, que passa a contar com plásticos num tom leve de azul.
Particularmente, não vejo tanto sentido em optar por esse opcional, uma vez que os acabamentos na cor preta só ofuscam o belo design do Nivus. Além disso, as maçanetas e capa de retrovisores em preto “piano”, remetem mais ao Polo Track e suas mesmas peças em preto fosco.
Interior de Polo, o que não é ruim
Internamente, o Nivus herda praticamente tudo do Polo, com exceção dos bancos. Nessa versão Highline, o SUV já é equipado com painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas, multimídia VW Play de 10 polegadas, carregador de celular sem fio, ar-condicionado eletrônico, faróis full-LED automáticos, carregador de celular sem fio.
O espaço para os ocupantes traseiros é um pouco apertado, e para viajar com conforto será necessário um pouco de negociação com quem vai à frente, especialmente para pessoas com pernas longas no banco traseiro. Pelo menos esses passageiros terão saídas de ar-condicionado e duas portas USB-C.
Como é rodar com o Nivus?
Se o leitor já dirigiu um Polo, irá achar o Nivus muito familiar, o que, novamente, é algo muito positivo. A sensação ao dirigir o SUV é de que há alguns ajustes extras para o banco, o que permite uma posição de dirigir um pouco mais elevada. Isso é extremamente importante, visto que o mercado busca SUVs justamente por essa característica.
O comportamento dinâmico é o que se espera de um Volkswagen, especialmente no contexto de suspensão, que tem um acerto um pouco mais rígido. A plataforma MQB A0 garante ao rodar do Nivus muito conforto e rigidez, torcendo muito pouco ao entrar em curvas, mesmo com um pouco mais de ímpeto.
Para o motorista, tudo é muito confortável. O painel de instrumentos e a multimídia possuem um bom tamanho e são bem fáceis de operar. Um dos pontos positivos – e que me impressionaram - no Nivus acabou sendo a sua fácil manobrabilidade, graças aos sensores de estacionamento (que são bem sensíveis), câmera de ré e boa visibilidade.
A visibilidade, por sinal, merece ser destacada. Apesar do vidro traseiro não ser dos maiores, a coluna C é bem pequena, o que facilita e muito na hora de manobrar. A direção com assistência elétrica e diâmetro de giro de 10,2 metros auxiliam a criar essa facilidade. Outro ponto de destaque são os retrovisores, que possuem uma boa dimensão e contam com ajustes elétricos e função tilt-down nessa versão.
Pacote ADAS opcional
Além do pacote visual Outfit, a unidade testada estava configurada com o pacote ADAS, que ao custo de R$ 4.210 adiciona assistente de condução, assistente de estacionamento, câmera multifuncional detector de ponto cego e acabamento em couro para o volante.
O sistema funciona muito bem e é um destaque do Nivus, porém, pode ser complicado de operar e pouco intuitivo. Particularmente, não sei se vale a pena pagar 4 mil reais a mais para ter essas funções, uma vez que o controle adaptativo de velocidade e distância (ACC) e câmera de ré são itens de série na versão.
Motor TSI é destaque
O principal ponto de destaque do Nivus seja o motor 1.0 turbo na configuração 200TSI, que entrega 128/116 cv no etanol/gasolina a 5.500 giros e torque de 20,4 kgfm de torque a 2.000/3.500 giros (etanol/gasolina), sempre em conjunto com o câmbio automático de seis marchas.
O conjunto conversa muito bem e raramente ocorreu algum caso em que o acelerador foi requisitado e o conjunto não respondeu de forma satisfatória. Ainda assim, é possível notar que o acelerador apresenta uma pequena letargia, muito provavelmente causada pela eletrônica embarcada, necessária para tornar o modelo mais econômico, sacrificando um pouco o desempenho. Apesar disso, o tempo de 0 a 100 é de 10 segundos no etanol e 10,4 segundos na gasolina.
O conjunto 200 TSI consegue oferecer um bom equilíbrio entre desempenho (especialmente em baixas velocidades e próximo da faixa máxima de torque) e baixo consumo de combustível. Durante nosso teste, foi possível conseguir médias de 15 km/l no etanol na estrada e 9,6 km/l com o mesmo combustível em circuito misto, sempre com ar-condicionado ligado.
Vale a pena?
Essa é uma pergunta de difícil resposta. Atualmente, a gama da Volkswagen oferece três SUVs muito bem definidos, o problema é que tanto Tera quanto Nivus, compartilham a mesma plataforma e entre-eixos do Polo.
As diferenças entre Nivus e Polo são 10 mm extras de altura na suspensão, o que no uso prático não torna o Nivus um carro muito mais alto que o Polo. Além disso, o Nivus conta com 415 litros de capacidade do porta-malas contra 300 do Polo.
Compreender o Nivus foi muito complicado. Tudo o que ele faz, o Polo também consegue (ou melhor, conseguia) fazer. Nos últimos anos, visando justamente deixar o Nivus mais atrativo, o Polo perdeu o motor 200 TSI, passando a ser oferecido somente na configuração Track (aspirada) ou 170 TSI.
Até mesmo a versão GTS, que era a topo de linha do Polo, foi transferida para o Nivus, dando a entender que o Polo tem suas vendas focadas em volume (especialmente com o Track) e seguirá respirando por “aparelhos”, especialmente após a chegada do Tera.
Apesar da linha ter se corrigido ao longo de quase cinco anos após o lançamento do Nivus, o SUV cupê ainda é muito Polo, e falta algo a mais nele para separá-lo do carro que o originou. Nas redes sociais muitos usuários questionam e até pedem um teto solar para o modelo, e poderia ser justamente isso o que falta para o SUV cupê, uma vez que visual mais jovem e descolado ele já tem.
Entretanto, a Volkswagen só oferece teto solar em seus modelos importados ou nos carros produzidos em São José dos Pinhais (PR), e atualmente, somente o T-Cross é produzido por lá.
Considerando os opcionais, o Nivus Highline testado custa R$ 174.180 (R$ 165.990 o básico). Com menos de dois mil reais a mais é possível levar para casa um T-Cross Comfortline, onde o cliente vai ganhar mais espaço interno, mas vai perder o pacote ADAS e o painel de instrumentos mais refinado, e particularmente, é a escolha que mais me agrada.
No fim das contas, pode ser essa proximidade entre as versões que faz o T-Cross vender bem mais que o Nivus (61.252 x 32.930, no acumulado de janeiro a agosto, segundo a Fenabrave).
Quem levar para casa o Nivus Highline estará muito bem servido. Porém, vale a pena aguardar o momento exato para adquirir uma unidade, já que a marca realiza promoções que reduzem o valor dessa versão em até 20 mil reais, e aí sim se torna um negócio excelente e quase imbatível em termos de custo x benefício.
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