Participante de um segmento cada vez mais enfraquecido e com menos representantes, o Fiat Cronos, resiste ao tempo com muita competência, mas com preço muito elevado, o que faz sua compra ser muito considerada e recomendada somente para quem sabe muito bem o que procura. Na matéria abaixo, avaliamos a versão topo de linha do Fiat Cronos, a 1.3 AT Precision.
Recém revelado, o Cronos 2026 antecipou a revolução visual na gama da Fiat. A empresa escolheu o tradicional sedã para iniciar sua nova linha de design na América do Sul, baseada no Grande Panda vendido na Europa, que por sua vez servirá como base para um carro brasileiro nos próximos anos.
O que muda no Cronos 2026?
A principal mudança do Cronos está justamente em sua parte frontal. A grade agora conta com elementos tridimensionais, que nessa versão topo de linha Precision conta com detalhes cromados. O para-choque precisou ser remodelado e agora os faróis de neblina (quadrados, e não mais redondos) estão posicionados logo acima de um detalhe prateado na base da peça. Os faróis também foram atualizados e agora são Full-LED (na versão Drive 1.3 e Precision) e contam com acendimento automático.
O para-choque conta ainda com dois elementos laterais verticais, que nessa versão contam com acabamento prateado. Esse recurso de design foi visto inicialmente no Fastback e agora também chegou ao Pulse. O detalhe ajuda a passar a impressão de altura para o modelo. Na lateral, a única mudança no Cronos ficou por conta das novas rodas, que nesse caso contam com 16 polegadas e ostentam acabamento diamantado e são calçadas com pneus 195/55 R16.
Cabine confortável, mas faltam equipamentos
O interior do Fiat Cronos é praticamente o mesmo desde seu lançamento. A versão Precision é bem acabada e já conta com multimídia de 7" com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera de ré, retrovisores com ajustes e rebatimentos elétricos, chave presencial com partida por botão, entrada USB, ar-condicionado digital, bancos em couro ecológico, direção com assistência elétrica progressiva e quatro airbags.
Por esse preço, seria interessante itens como um carregador de celular sem fio, por exemplo. Entretanto, para abrigar esse equipamento talvez fosse necessário redesenhar o interior, bem como outras mudanças na parte elétrica do modelo, o que encareceria o projeto.
Como todo sedã que se preze, o principal destaque do Cronos é o porta-malas. Com 525 litros de capacidade, é o maior da categoria, porém, o destaque não é somente a capacidade, mas também o excelente nível de acabamento. O bagageiro é completamente forrado com carpete e demonstra o cuidado da Fiat com essa seção.
O acabamento da cabine não é diferente dos demais Cronos anteriores e durante quase 600 km de trajeto rodoviário, não apresentou nenhum tipo de ruído. Entretanto, em centros urbanos com asfalto desnivelado e extremamente irregular, as peças plásticas acabam se chocando e apresentando ruídos, mesmo em uma unidade com 2 mil km rodados.
A cabine é toda em plástico, mas com diversos tipos de texturas diferentes. Há acabamento em couro no volante já na versão Drive 1.3 e nos bancos na versão topo de linha, a Precision. Ainda na opção mais cara, os passageiros dianteiros contam com acabamento em couro nos apoios de braços nas portas. O único opcional disponível para essa versão é o acabamento marrom para os bancos ao custo de R$ 1.350.
Motor confiável, mas nada empolgante
Debaixo do capô do Cronos o cliente poderá encontrar duas opções de motor. O mais em conta é o 1.0 Firefly de três cilindros, capaz de entregar 75/71 cv e torque de 10,7/10 kgfm de torque no etanol/gasolina, respectivamente. A versão intermediária e a Precision testada, são equipadas com o motor 1.3 Firefly de quatro cilindros. Nessa configuração são 107 cv e 13,7 kgfm de torque no etanol, ou 98 cv e 13,2 kgfm de torque quando abastecido com gasolina, que foi o caso de nosso teste.
Com exceção da opção 1.0, que é equipada com transmissão manual de cinco marchas, as versões Drive 1.3 e Precision contam com transmissão automática do tipo CVT com 7 marchas simuladas.
Quem compra um Cronos não espera um desempenho de brilhar os olhos, e não compra o modelo pensando no 0-100. Entretanto, o sedã compacto é bem competente ao uso no dia a dia, e sabendo o que o carro pode entregar, não decepciona. Segundo a fábrica, a aceleração de 0 aos 100 km/h acontece em 12,5 segundos, o que de fato não é muito rápido, mas ninguém compra (ou pelo menos não deveria) comprar o Cronos pensando em desempenho.
O propulsor Firefly 1.3 entrega para os clientes confiabilidade, peças em conta e de ampla oferta e tecnologia simples, o que garante uma manutenção relativamente tranquila, principalmente fora da garantia, o que pode ser um bom ponto a se levar em consideração, especialmente para os proprietários que querem passar anos com o veículo.
O conjunto motor e câmbio se entende bem, embora na cidade, o conjunto eleve um pouco mais as rotações e não troque de marcha com muita velocidade. Segundo a fabricante, em centros urbanos o consumo é de 12,6 km/l na gasolina ou 8,6 km/l com etanol.
Consumo é destaque
Em uma viagem de cerca 578,5 km com o compacto produzido em Córdoba, na Argentina, as médias de consumo ficaram na casa dos 14,8 km/l com gasolina. É importante ressaltar que o trajeto foi realizado com três ocupantes, bagagem, ar-condicionado ligado e além de estradas com subida e descida de serra. Além disso, o trajeto em cidade contava com muitas subidas e descidas, o que prejudicou o consumo geral.
Condução silenciosa
Rodar com o Fiat Cronos em estradas é sinônimo de silêncio. O motor não é barulhento e o conjunto mecânico consegue deixar rotações sempre abaixo da casa dos 3 mil giros. A 120 km/h, o giro fica na casa dos 3,5 mil rpm e o som da transmissão começa a invadir a cabine.
Para realizar ultrapassagens, o ideal é calcular e antecipar qualquer tipo de movimentação. O Cronos entrega boa capacidade de ultrapassagem, mas não será tão esperto quanto um carro turboalimentado, embora o botão Sport da transmissão torne o sedã bem mais espertinho e responsivo, sendo ideal para essa situação.
Mantendo a rotação do motor na casa dos 2 mil giros, pisando no acelerador de forma controlada, ou até mesmo utilizando o controle de cruzeiro, é possível atingir médias de consumo ainda melhores. Porém, apenas ative o controlador de velocidade em uma zona plana e quando estiver na velocidade desejada, uma vez que ao programar velocidades mais altas, o próprio veículo reduz marchas e eleva o giro para chegar rapidamente à velocidade desejada, o que pode incomodar, já que a rotação facilmente passa dos 4 mil giros.
A suspensão do Cronos é bem confortável para a proposta do veículo e em momento algum comprometeu ou apresentou qualquer sinal mínimo de incômodo durante todo o trajeto.
Cronos começa a sentir a idade
Com quase uma década de mercado, o sedã da Fiat começa a sentir os impactos do período em que foi desenvolvido. Sua plataforma MP-S tem origens e soluções usadas pelo Fiat Punto, e por ser antiga, não vale a pena para a Fiat adaptar essa base para adicionar itens mais modernos como um pacote ADAS propriamente dito, carregador de celular sem fio e até mesmo um motor turbo.
Embora a fabricante sediada em Betim dê demonstrações da sua capacidade técnica, como a Strada, por exemplo, que usa plataforma de Mobi, mas oferece motor turbo e carregador de celular sem fio nas versões mais caras, o baixo volume de vendas do Cronos no Brasil e na Argentina (onde foi líder de mercado por mais de 30 meses em sequência), deve inviabilizar essas mudanças.
Outro ponto interessante pode ser justamente a necessidade dos clientes. No caso do Chevrolet Spin, por exemplo, a marca afirma que seus proprietários e compradores não querem trocar o motor 1.8 aspirado por confiar no conjunto, e esse cenário pode ser o mesmo visto no Cronos.
Ambas as opções de motores disponíveis para o modelo já estão há anos no mercado e compartilham peças com demais modelos da marca italiana, garantindo facilidade para encontrar peças e mecânicos que entendam o conjunto.
A central multimídia também é bem pequena para os padrões atuais e poderia ser maior. Seu funcionamento não apresentou grandes problemas além de desconectar do celular em alguns momentos.
Vale a pena?
Pensando somente no produto, o Fiat Cronos é um ótimo carro, especialmente para quem planeja manter o veículo por muito tempo e quer um modelo mais simples. Entretanto, pelo mesmo preço, é possível comprar um Fiat Pulse Turbo 200 por R$ 116.990 ou um Fiat Fastback de entrada por R$ 119.990 ambos já com motor 1.0 turbo de 130 cv.
O que joga contra o Cronos é que outros sedãs do mercado ofertam mais e custando parecido. A Volkswagen oferece o Virtus TSI por R$ 119.990 já com motor turbo de 116/109 cv (E/G), transmissão manual, 6 airbags, multimídia de 10,1", painel digital, carregador sem fio e com 521 litros de porta-malas. Um dos principais rivais é o Chevrolet Onix Plus, que chega reestilizado e a partir de R$ 118.990 já oferece motor turbo de 115 cv, transmissão automática, seis airbags e multimídia de 11".
O Cronos Precision é um ótimo carro, mas envelheceu rápido demais mediante as tecnologias apresentadas pelos rivais. O aumento no preço dos carros também foi cruel com o sedã, que custava R$ 68 mil na versão mais cara no lançamento, e hoje já custa o dobro. Novamente, para justificar a compra do Cronos, somente um público muito específico. Vale a pena pesquisar por ofertas para CNPJ e eventuais descontos que reduzam o valor pedido pelo sedã, especialmente quem não precisa (ou não quer) muita tecnologia embarcada.
Ficha Técnica Fiat Cronos Precision 2026
Motor: 1.332 cm3, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 8 válvulas, 107 cv de potência a 6.250 rpm (Etanol); 98 cv de potência a 6.000 rpm (gasolina), 13,7 kgfm de torque a 4.000 giros (etanol), 13,2 kgfm de torque a 4.250 giros, flex
Câmbio: automático do tipo CVT de 7 marchas simuladas; tração dianteira
Direção: elétrica; Diâmetro de giro de 10,34 m
Suspensão: McPherson independente na dianteira e eixo de torção com molas helicoidais na traseira
Freios: discos ventilados de 257 mm na dianteira e tambor na traseira
Pneus: 195/55 R16
Dimensões: 4,37 metros de comprimento; 1,98 m de largura (com espelhos); 1,52 m de altura; 2,52 m de distância entre-eixos;
Porta-malas: 525 litros; capacidade de carga de 400 kg
Tanque de combustível: 45 litros
Peso em ordem de marcha: 1.190 kg
Consumo PBEV: Urbano: 12,6 km/l (gasolina) / 8,6 km/l (etanol) Estrada: 14,6 km/l (gasolina) / 10,7 km/l (etanol)
Velocidade Máxima: 182 km/h
0 a 100 km/h: 12,5s (gasolina) / 11,7s (etanol)
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