Nesta última terça-feira (24), estive no lançamento da nova linha Fastback Abarth 2026,  evento realizado em Brotas, no novíssimo autódromo Race Ville, que aliás surpreende pela estrutura e traçado técnico. Foi lá que tive a chance de levar o novo SUV cupê esportivo da marca do escorpião ao limite — ou pelo menos tentar.

Durante o dia eu tive a oportunidade de dar 10 voltas com o modelo, acompanhado de um instrutor para tentar extrair o máximo que esse carro pode oferecer com uso em pista. 

De primeira mão, dá pra perceber que o modelo ficou mais invocado, tanto por suas novas rodas aro 18 raiadas, que remetem a carros de corrida, como também o seu novo banco totalmente reestilizado, com abas laterais bem grandes, que fazem com que você fique preso no assento durante as voltas. 

Sua motorização que já é conhecida do modelo antigo, o 1.3 turbo de injeção direta de 185cv no álcool e 180cv na gasolina com 27,5 kg de torque surpreende positivamente por conta de conseguir entregar torque em baixíssimas rotações, seu turbo já está cheio com menos de 2000rpm. Sensação essa que dá para perceber graças a recalibração do pedal do acelerador quando está no modo Poison, que promete respostas até 60% mais rápidas do que com o modo Sport.

Se tem algo que eu notei foi que a Abarth acertou em cheio no ronco do escape. Com duas saídas funcionais, o carro entrega um som encorpado, grave, que realmente passa sensação de esportividade, com direito até a "pops and bangs" nas reduções e acelerações mais fortes.

É o tipo de detalhe que faz toda a diferença na experiência ao volante. Não é um som virtual, como seu concorrente Nivus GTS, é ronco de verdade, como deve ser em um carro com apelo esportivo.

Seu câmbio automático de 6 marchas é bem acertado e trabalha em sintonia com o motor 1.3 turbo, entregando trocas rápidas, suaves e quase imperceptíveis durante as acelerações. Essa harmonia garante uma condução agradável tanto em uso urbano quanto em pista.

Entretanto, nas reduções de marcha, especialmente em situações de frenagem mais forte ou entradas de curvas mais agressivas, o sistema poderia ser um pouco mais ágil. Em alguns momentos, ele demora a reduzir, o que quebra um pouco o ritmo da volta. Aparentemente, esse comportamento está atrelado à atuação do controle de tração e estabilidade, que tende a cortar levemente a aceleração para preservar a aderência, mas se esse for de fato o problema, é só desligar os controles e ser feliz.

A suspensão e o chassi do Fastback Abarth 2026 me surpreenderam positivamente, por ser um SUV, com centro de gravidade naturalmente mais alto, seria de se esperar um certo rolamento da carroceria nas curvas, mas isso simplesmente não acontece.

O carro se mantém assentado e firme, tanto nas entradas quanto nas saídas de curva, transmitindo segurança e permitindo até abusar um pouco mais da tocada sem perder o controle. Grande parte desse mérito vem do acerto mais rígido da suspensão, que privilegia a estabilidade mesmo em trechos mais travados do circuito.

Durante o uso na pista a direção até surpreende pela boa dinâmica, sendo rápida e responsiva. No entanto, não transmite tanta precisão na hora de fazer as curvas, o que acaba deixando uma sensação de menos controle. Por isso, se você entrar um pouco mais rápido nas curvas o carro tende a apresentar uma leve saída de frente.

Para frear este SUV esportivo, o Fastback Abarth conta com discos grandes de 305 mm na dianteira e freios a tambor na traseira. Apesar de ainda usar tambor atrás, isso não chega a ser um problema, já que os discos dianteiros dão conta do recado com sobras, garantindo uma frenagem segura e eficiente.

Durante as voltas na pista, o freio não apresentou fadiga em nenhum momento, mesmo com freadas bruscas e fortes, um ponto que já foi demonstrado nas 1000 milhas de São Paulo, onde um Pulse Abarth conseguiu concluir a prova sem quebras com seu conjunto de freios originais mesmo com mais potência no motor.

Esse desempenho é complementado pelos pneus aro 18 215/45 da Goodyear, que oferecem boa aderência e contribuem para a estabilidade e poder de frenagem.

No geral, todos nós sabemos que o Fastback Abarth não é um esportivo feito exclusivamente para uso em pista, e nem essa é a sua proposta. Mas a verdade é que ele não decepciona quando colocado à prova nesse ambiente. Se a ideia for se divertir em uma pilotagem mais animada, ele disponibiliza sim uma boa dose de emoção.

O modelo consegue unir bem o uso urbano diário com uma boa dose de esportividade. Agora para quem tiver acesso a uma pista ou quiser explorar com responsabilidade estradas mais empolgantes o modelo irá atender bem suas expectativas. 

Em um mercado como o brasileiro, onde um carro esportivo facilmente ultrapassa os R$ 250 mil, o Fastback Abarth se apresenta por um custo menor, sendo uma alternativa viável e interessante para quem busca desempenho e exclusividade sem abrir mão da usabilidade no dia a dia.