A Nissan anunciou, nesta quarta-feira (16), que irá fechar a sua fábrica em Oppama, no Japão, uma das mais tradicionais da empresa. Fundada em 1961, a unidade emprega cerca de 2.400 pessoas e já produziu mais de 17,8 milhões de carros. A medida faz parte do plano de reestruturação da fabricante, que vive sua pior crise na história.
A ideia é que a planta deixe de produzir carros entre 2027 e 2028. O atual CEO da Nissan, Ivan Espinosa, classificou a medida como uma "escolha difícil, mas necessária". A empresa, que produz 3,5 milhões de carros por ano, pretende baixar esse número para 2,5 milhões. A necessidade de corte de gastos é urgente.
A fábrica de Oppama é histórica por ser o berço de alguns modelos icônicos, como Leaf, March, Bluebird e Cube. Atualmente, a unidade tem como principais produtos os compactos Note e Aura, um dos principais veículos na marca no mercado nipônico.
Apesar de parar de produzir carros em Oppama, o complexo não será completamente desativado. Segundo a Nissan, a ideia é manter alguns setores estratégicos, como o centro de pesquisa, o laboratório de testes de colisão, a pista de provas e o porto com capacidade para 20 mil carros.
A Nissan planeja adotar uma série de ações para evitar falência. Após acumular um déficit de quase R$ 30 bilhões, a montadora ampliou o corte de funcionários e passou até a atrasar salários para melhorar o fluxo de caixa.
Motivos da crise
A crise na Nissan se intensificou nos últimos anos devido à perda de participação de mercado e desafios na eletrificação de sua linha de veículos. A fusão com a Honda, vista como uma solução para recuperar competitividade, foi encerrada recentemente após divergências entre as empresas, gerando instabilidade na liderança da montadora.
Outro grande desafio será o reposicionamento da Nissan no mercado europeu, onde a marca perdeu espaço para concorrentes que avançaram mais rapidamente na adoção de tecnologias sustentáveis. Para reverter esse quadro, a montadora planeja investir em novos modelos híbridos e elétricos, além de melhorar sua rede de distribuição e pós-venda.
No Japão, a empresa também precisa reforçar sua imagem após anos de instabilidade interna, que começaram com o escândalo envolvendo o ex-CEO Carlos Ghosn. Reconstruir a confiança de investidores e parceiros será fundamental para garantir um futuro sustentável para a companhia.
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