A Nissan está propondo atrasar os salários dos funcionários para tentar conter uma profunda crise. Segundo documentos obtidos pela agência de notícias Reuters, a montadora ofereceu um novo modelo de pagamento aos trabalhadores do Reino Unido e de outros países da Europa.
Conforme a publicação, os empregados da Nissan receberam duas propostas: manter o cronograma de pagamento original ou concordar com um atraso em troca de uma pequena compensação extra no futuro.
Desta forma, a fabricante espera transferir alguns pagamentos de junho para meados de agosto e, em outros casos, até setembro. Segundo alguns funcionários da Nissan, esta não é a primeira vez que a empresa recorre ao adiamento de pagamentos como solução temporária.
À Reuters, a Nissan reconheceu ter oferecido "condições de pagamento mais flexíveis" aos seus fornecedores. A empresa explicou que a decisão está vinculada à "manutenção de liquidez suficiente para apoiar os esforços de recuperação em andamento e cobrir os próximos pagamentos de títulos".
Os e-mails internos trocados entre os funcionários e obtidos pela Reuters indicam que o pedido de melhoria do fluxo de caixa partiu da alta administração. Recentemente, vale lembrar, Ivan Espinosa assumiu o cargo de CEO global.
Segundo a imprensa japonesa, a Nissan também planeja demitir 20 mil funcionários em todo o mundo - a quantia representaria um corte de 15% do quadro geral. No último ano fiscal, encerrado em março, a marca registrou um prejuízo de 5 bilhões de dólares (R$ 29 bilhões).
Crise
A crise na Nissan se intensificou nos últimos anos devido à perda de participação de mercado e desafios na eletrificação de sua linha de veículos. A fusão com a Honda, vista como uma solução para recuperar competitividade, foi encerrada recentemente após divergências entre as empresas, gerando instabilidade na liderança da montadora.
Outro grande desafio será o reposicionamento da Nissan no mercado europeu, onde a marca perdeu espaço para concorrentes que avançaram mais rapidamente na adoção de tecnologias sustentáveis. Para reverter esse quadro, a montadora planeja investir em novos modelos híbridos e elétricos, além de melhorar sua rede de distribuição e pós-venda.
No Japão, a empresa também precisa reforçar sua imagem após anos de instabilidade interna, que começaram com o escândalo envolvendo o ex-CEO Carlos Ghosn. Reconstruir a confiança de investidores e parceiros será fundamental para garantir um futuro sustentável para a companhia.
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