O levantamento mais recente do Sindipeças revela que os carros em circulação no país têm, em média, 10 anos e 11 meses, quase dois anos a mais do que há uma década. O encarecimento dos modelos zero quilômetro e as dificuldades de financiamento têm mantido proprietários por mais tempo com o mesmo veículo, elevando também a quilometragem média de uso.
Esse cenário reforça a necessidade de manutenção preventiva. A Polícia Rodoviária Federal estima que três em cada dez acidentes em rodovias estão relacionados a veículos em más condições, um indicador que mostra a importância de cuidar adequadamente de carros mais rodados. Entre os sintomas comuns do uso prolongado estão maior consumo de óleo, perda de potência, acúmulo de borra e desgaste acentuado em itens de suspensão, direção e freios. Componentes elétricos e sensores também tendem a perder eficiência com o tempo, impactando desempenho e consumo.
Para José Cesário Neto, coordenador de Capacitação e Suporte Técnico dos Lubrificantes Mobil, o foco da manutenção não deve recair apenas sobre a quilometragem. “O grande desafio não é o número de quilômetros rodados, mas a tecnologia de cada motor, que muda bastante entre as gerações”, explica. Ele recomenda uma checagem completa do motor ao menos uma vez por ano ou a cada 10.000 quilômetros, sempre com consulta ao manual antes da escolha do lubrificante.
O especialista reforça que a idade do carro não justifica automaticamente a adoção de um óleo mais espesso. “Existe uma ideia popular de que, se o seu carro é mais velho, você deve usar um óleo mais viscoso. Mas isso não é necessariamente verdade”, alerta. Segundo ele, a especificação definida pela montadora deve prevalecer, pois considera fatores como temperatura de operação, pressão interna e padrão internacional de desempenho. Em casos de consumo fora do normal, a recomendação é buscar diagnósticos técnicos, e não alterar a viscosidade por conta própria.
Além do motor, outros fluidos exigem atenção periódica, como os de freio, arrefecimento e transmissão. Cesário Neto destaca ainda o papel das graxas, especialmente em carros mais antigos, cujos rolamentos, juntas homocinéticas e pinos de suspensão sofrem mais com desgaste e oxidação. A lubrificação adequada reduz ruídos, previne falhas mecânicas e protege componentes contra sujeira e umidade.
“Manter a manutenção em dia é essencial para a longevidade do carro. Um motor bem cuidado funciona melhor e ajuda a evitar acidentes e despesas inesperadas”, afirma o coordenador.
- Acompanhe o Vrum também no Youtube e DailyMotion