Em 2022, a Fiat surpreendeu o mercado ao anunciar o retorno da Abarth ao Brasil. Desde então, a Abarth passou a ser considerada pela Stellantis uma nova marca no país e ficaria responsável por edições mais esportivas de carros da Fiat. 3 anos depois, apenas Pulse e Fastback receberam esse tratamento, porém, a grife vai muito além do novo logotipo.
Visual invocado e reestilizado
A linha 2026 do Pulse Abarth recebeu as demais modificações já presentes nas versões mais acessíveis. A principal novidade para o versão esportiva foi a grade, que ganhou elementos verticais com detalhes em vermelho e a inclusão do nome Abarth na dianteira. Além disso, o detalhe da ‘Fiat Flag’ no canto inferior da grade foi substituído pelo escorpião da Abarth.
O para-choque dianteiro segue o desenho com linhas retilíneas do Pulse 2026, mas o Abarth aposta em um detalhe vertical vermelho para dar um toque extra de esportividade.
A lateral não traz novidades além das rodas de 18” com detalhes vermelhos. A traseira não recebeu nenhuma alteração, mas segue contando com um difusor com desenho esportivo, ponteira dupla de escape e o nome Abarth escrito na tampa do bagageiro.
Interior com mais novidades
Na cabine, o Fiat Pulse Abarth 2026 mantém os acabamentos escurecidos e detalhe que imita fibra de carbono no tabelier. A novidade para o SUV compacto fica por conta dos bancos, que agora passam a trazer acabamento de escorpião em alto relevo e costuras vermelhas.
Os painéis de porta agora passam a contar com novo desenho e acabamento em vinil. Outra novidade interessante é o teto solar, item de série do esportivo. Apesar de item interessante, a peça é fixa e não permite passagem de ar.
Sensações que valem a pena
Basta ligar o Pulse Abarth para entender que as mudanças não são apenas estéticas. O painel de instrumentos digital de 7 polegadas conta com uma nova tela, que mostra o conta-giros com novos grafismos e adiciona até o medidor de pressão da turbina.
O escapamento é mais permissivo e além do som mais alto, a vibração do sistema de escape se faz presente na cabine e mostra que o Abarth é totalmente diferente dos Pulse “comuns”.
A principal das diferenças está debaixo do capô. O propulsor 1.0 T200 foi substituído pelo 1.3 T270, o que fez a potência do SUV-compacto subir de 130 cv para 185 cv, e o torque sai dos 20,4 kgfm para 27,5 kgfm. A transmissão também foi modificada com a caixa CVT de 7 velocidades simuladas dando espaço para uma unidade automática com conversor de torque de seis marchas.
Fazendo juz ao desempenho esportivo, o Pulse Abarth é 10 mm mais baixo, pensado justamente para dar um controle melhor em entradas de curva. Outra modificação importante está nos pneus, que são de perfil 215/45 R18, ao contrário dos tradicionais 195/60 R16 do Pulse ‘tradicional’.
Esportivo de verdade
Essa receita de colocar um motor maior em um carro compacto é já conhecida da indústria e basta rodar com o Pulse Abarth para entender como a Stellantis fez um excelente trabalho no desenvolvimento da versão esportiva do Pulse.
Além da potência extra, o acerto de câmbio e suspensão do Abarth é mais voltado para a esportividade e é possível ouvir a turbina enchendo e espirrando com mais facilidade, o que condiz cada vez mais com a proposta do modelo.
O “custo” dessa nova motorização é um consumo de combustível um pouco mais elevado. Segundo o Inmetro, o consumo do Abarth no etanol é de 7,1 km/l na cidade e 8,9 km/l na estrada. Com gasolina, os números sobem para 10,2 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada.
Para efeito de comparação, o Pulse Turbo 200 (1.0) apresenta médias de consumo no etanol de 8,4 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada. Com gasolina, as médias sobem para 12,1 km/l na cidade e 14,4 km/l no ciclo rodoviário.
No uso prático, ao longo de 312 km de testes de uso misto, o consumo foi de 9,2 km/l de gasolina, enquanto na estrada o consumo ficou na casa dos 12 km/l. Quanto mais instigado o motorista for pelo conjunto T270, maior será o consumo, e fica o aviso: é fácil se deixar levar pela emoção.
O acerto de suspensão precisa ser destacado, afinal, o Pulse Abarth consegue encarar buracos com conforto similar ao visto nas demais versões, mas encara curvas com muito mais ímpeto e segurança, afinal, o centro de gravidade foi levemente reduzido.
Para justificar ainda mais a esportividade, os amortecedores poderiam ser um pouco mais firmes e as molas também mais rígidas, especialmente para reduzir a rolagem de carroceria. Porém, entendo que um acerto mais agressivo reduziria muito o interesse do público no modelo.
Outro ponto que vale destaque é o sistema de freios. Nas redes sociais, o tema levanta polêmica pois a Stellantis manteve a configuração de tambores nas rodas traseiras. A questão é que mesmo com esse sistema, os freios do Abarth são ainda mais agressivos que os do Pulse comum (especialmente sob uso extremo) e justificam que não há necessidade de discos nas rodas traseiras.
Espaço para melhoras
Por R$ 158.990, ou R$ 160.480 da unidade avaliada por conta da cor Cinza Strato (R$ 1.490), o Pulse Abarth consegue entregar um bom custo-benefício, especialmente para quem procura um carro com pegada esportiva, até por que, o Nivus GTS (que é mais espaçoso e briga com o Fastback) parte de R$ 184.990.
Entretanto, o Pulse poderia contar com alguns equipamentos mais rebuscados como piloto automático adaptativo e sensor de ponto cego. O interior também poderia contar com um pouco mais de esmero, especialmente no tabelier.
Apesar das críticas acima, o Pulse Abarth é um dos melhores carros em termos de custo-benefício disponíveis no país, especialmente considerando a esportividade agregada. Claro, quem levar uma unidade para casa terá que fazer algumas concessões, especialmente no pacote de assistências, mas particularmente, acredito que valem a pena.
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