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Participação de empresas menores no transporte aéreo rompe duopólio

TAM e Gol abocanharam quase 100% da demanda de passageiros durante a queda da Varig e da Transbrasil

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

TAM e Gol criaram duopólio muito criticado no setor, prejudicando a Webjet e outras

 

Durante o período em que as grandes empresas de transporte aéreo sucumbiam e novas tentavam se organizar reinaram no mercado de transporte a TAM e a Gol, que formaram um duopólio muito criticado. Durante a queda da Varig e da Transbrasil as duas maiores transportadoras atuais chegaram a abocanhar quase 100% da demanda de passageiros. As empresas cambaleantes pouco podiam agir para fazer frente aos dois mandantes do mercado e as que tentavam se organizar sofriam com ações de amortecimento que a TAM e a Gol praticavam. Foram vítimas dessa prática a Webjet e a Ocean Air.

Ainda que voando em horários de menor demanda, as duas poderosas programavam voos próximos e com preço menor. Não havia condições de sobrevivência para quem desejasse ingressar no mercado. A Webjet e a Ocean Air tiveram que descontinuar as suas operações. O duopólio continuava poderoso.

Durante anos essa prática funcionou e os usuários tinham de aceitar os serviços disponibilizados. Mas a grita era grande. Aqueles que tinham o hábito de voar não se conformavam com a situação aceita pelas autoridades aeronáuticas. Na época as duas maiores empresas disputavam entre si o topo da escala de atendimento da demanda.
Quando a Azul ingressou no mercado, houve uma manifestação de alegria dos usuários, pois a Webjet voltou a operar, mas com uma qualidade de serviço bem rasteira, e a Ocean Air, agora Avianca, parecia estar mais interessada no mercado internacional. A Gol conseguiu eliminar a Webjet, mas a permanência da Azul se constituía numa ameaça ao duopólio. A Avianca ainda estava indefinida, pois havia voltado a voar o Fokker 100, o excelente avião que promoveu o crescimento da TAM, mas que havia sido execrado por ela.

Com os novos tempos, o percentual de participação das duas empresas maiores começou a diminuir. A Azul sempre crescendo e a Avianca parecia ainda não estar preocupada com o mercado doméstico. Faz três anos que as duas maiores transportadoras vêm apresentando resultados econômico-financeiros medíocres. A Gol chegou a apresentar resultado negativo superior a R$ 1 bilhão e continua dando péssimas notícias aos seus acionistas. A TAM segue a mesma trajetória, ainda que com valores menores.

Como o bom timoneiro é conhecido em mares agitados, os atuais administradores lutam para diminuir as perdas. Iniciativas infantis têm sido tomadas. A retirada dos fornos elétricos embarcados nas aeronaves para diminuir os seus pesos não nos parece uma solução inteligente. Cobrar a água servida a bordo é outra iniciativa sem nexo. Parece que se comportam como as avestruzes, que enfiam a cabeça no buraco ante a iminência de um perigo. Cobrar adicional para a ocupação de poltronas com espaços diferenciados é de uma visão tacanha, que não agrada a ninguém. Desagrada aos que viajam espremidos e aos pagantes para ter um pouco mais de conforto. Não olhar para os usuários é um erro crasso e os resultados operacionais falam por si.

Enquanto os timoneiros da TAM e da Gol dão vazão às suas criatividades, as duas outras empresas seguem com uma política de respeito aos usuários. Não precisa ser exagerada como era no passado. A Azul com os seus Embraer espaçosos, com televisão a bordo, com os seus snacks e diferentes bebidas não alcoólicas vai aumentando a sua participação no mercado. Já transporta 17% da demanda e continua em trajetória crescente.

A Avianca, que passou a olhar melhor para o mercado doméstico, percebendo a oportunidade, vem dando uma demonstração de como atender bem o mercado. Tenho ouvido muitas referências elogiosas ao seu serviço. Trocando os seus Fokker 100 por Airbus A320, mantendo uma separação confortável entre as fileiras das poltronas e servindo um lanche quente cresce, e já atinge a 7% do mercado. É a única empresa que recebe o selo A do critério de conforto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em todas as suas aeronaves.

Enquanto as duas maiores transportadoras prosseguem com suas inovações, cedendo espaço, a Azul e a Avianca vão crescendo e atendendo os anseios dos usuários mais frequentes de colocar um fim num duopólio que não engrandecia a aviação doméstica nacional.

BIRUTINHAS

À MÍNGUA O governo federal, petista, de acordo com a visão míope de administração, vem prejudicando a atuação das agências reguladoras. Ele ainda não percebeu que uma eficiente regulação faz parte de um processo de crescimento maduro. A Anac está sofrendo com os cortes de seu orçamento, dando para entender a sanha de arrecadação que se implantou no seu dia a dia.

SOBRANDO A fúria para a contratação de pilotos de helicópteros amainou. Com a Petrobras reduzindo as suas atividades, vários contratos deixaram de ser renovados e muitos tripulantes foram colocados em disponibilidade. Todo o empenho para o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Óleo e Gás (Prominp) vai para a geladeira. Gasta-se muita energia quando se trabalha sem planejamento, aos soluços.

AVIANCA Nesse mercado de maus resultados, a Avianca está voando em média com 80% de ocupação de seus assentos. Número elevado, pois com certeza está deixando de atender todos que procuram os seus voos. A substituição dos Fokker 100 pelos Airbus A320 deverá reduzir esse percentual, pois a capacidade quase dobra, mas a qualidade de seus serviços poderá alavancar índices maiores, o que determinará a ampliação da frota. Isso é bom.

FNAC A Secretaria de Aviação Civil é o órgão do governo encarregado de gerir e administrar os recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), que arrecadou R$ 24,5 bilhões com as privatizações dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos/Campinas (SP) e Brasília. Com esses recursos, poderia socorrer a Infraero nas despesas de custeio, temporariamente, até que a empresa se equilibre com a nova conjuntura.

HELIPONTOS Circulam informações de que a Prefeitura de Belo Horizonte não vem aprovando projetos de edificações que tenham heliponto em seu topo. É uma medida que merece ser repensada, pois as normas da Anac e do Comando da Aeronáutica são claras quanto a esses projetos. É natural que muitos helipontos afetem a segurança no sobrevoo da cidade.