x
UAI
PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Vale a pena comprar o Volkswagen Tera? Testamos o SUV

Rodamos cerca de 300 km entre São Paulo e Taubaté com as versões High e TSI manual

Publicidade
Volkswagen Tera Comfort
Volkswagen Tera Comfort Foto: Divulgação/Volkswagen

O Volkswagen Tera foi finalmente lançado no último domingo (25) para concorrer com Fiat Pulse e Renault Kardian. O VRUM teve a oportunidade de testar o SUV compacto em uma viagem de São Paulo até Taubaté, onde fica a fábrica da marca, no interior de São Paulo, ou seja, cerca de 300 km. 

O teste começou com a versão topo de linha High, que custa R$ 139.990, equipada com o pacote Outfit The Town Edition (R$ 142.290) e o pacote Adas (R$ 2.839), chegando a R$ 145.129. Na volta, pegamos pegou a versão TSI manual  (R$ 116.990) para sentir a diferença. 

Logo ao entrar no Tera High, já deu para sentir a ergonomia muito bem resolvida com o condutor. Os bancos têm ajuste amplo de altura, ou seja, descem e sobem bastante o que acomoda bem motoristas de diferentes estaturas. Eu, de 1,88 m, me senti confortável, sem aperto, e o volante, com boa regulagem de altura e profundidade, ajudou a encontrar a posição ideal de forma rápida. 

Volkswagen Tera Comfort
Volkswagen Tera Comfort Foto: Divulgação/Volkswagen

O acabamento da versão High, com couro sustentável (feito de material reciclado de solas de tênis) e costuras bem-feitas, passa sensação de capricho, mas o plástico duro ainda predomina no painel assim como os concorrentes.

Um ponto de incomodo, no meu caso, por ser alto, foi o para-brisa, que não é muito amplo e limita a visão, mesmo ajustando o banco mais para baixo. Porém em poucos minutos se acostuma, e a sensação de SUV é realçada com o capo mais reto e alto. Apesar disso, o espaço interno da frente é bom, e os comandos ficam à mão.

A versão High testada veio com o pacote Outfit The Town Edition, que inclui rodas de 17” escurecidas, teto Preto Ninja, para-choques exclusivos e bancos com tons claros que escurecem no assento, além de badges na coluna C. O pacote ADAS adiciona assistências como controle de cruzeiro adaptativo (ACC), assistente de faixa, detector de ponto cego e assistente de saída de vaga – itens que funcionaram bem no teste, especialmente o ACC na estrada. Outros mimos da High são o ar-condicionado digital Climatronic Touch, painel digital de 10,25 polegadas e carregador por indução.

Interior do SUV Volkswagen Tera mostrando painel de instrumentos
Volkswagen Tera Foto: Divulgação/Volkswagen

O motor 1.0  170 TSI (turbo flex) entrega 109 cv com gasolina e 116 cv com etanol, e 16,8 kgfm de torque. Na saída, a suavidade do câmbio automático de seis marchas está bem trabalhada. Diferente do Polo, que tem um “creeping” mais forte ao estacionar (aquela sensação de que o carro quer pular), o Tera é mais equilibrado, bem semelhante ao Nivus atual. Não chega a ser tão suave quanto os carros japoneses, mas está bem melhor.

Na estrada, o motor faz o básico. As ultrapassagens são seguras, e o câmbio responde rápido, mas, realmente, quem gosta da potência dos motores 200 TSI, vai sentir falta da potência. Comparado ao Fiat Pulse (125/130 cv no 1.0 turbo e 20,4 kgfm de torque) e ao Renault Kardian (120/125 cv no 1.0 turbo e 20,4/22,4 kgfm de torque), o Tera fica para trás em desempenho, mas não faz feio. Para alguns pode ser suficiente, mas para outros podem sentir falta de mais potência. 

Volkswagen Tera Comfort
Volkswagen Tera Comfort Foto: Divulgação/Volkswagen

Aqui, no Tera, o olhar fica mais para o consumo do que a potência propriamente dita. Falando nela, em nossos testes medimos 16,5 km/l com gasolina, andando entre 100 e 120 km/h, com ar-condicionado ligado e duas pessoas a bordo. Alguns jornalistas, dirigindo mais devagar e sem ar, chegaram a 20/22 km/l no automático e até 24/25 km/l no manual, o que mostra o potencial de economia do Tera.

A suspensão McPherson na frente e eixo de torção atrás, tem calibragem firme, mas não desconfortável, e isso é um ponto bem forte do Tera em relação aos rivais. O carro passou por buracos e valetas sem fim de curso, no pequeno trecho da cidade, e fez bonito, sem causar desconforto. A altura de 178 mm do solo, com ângulo de ataque de 20,1 graus e saída de 33,4 graus, evita raspadas. É melhor que o Jeep Compass (15,8 graus de ataque) e igual ao Honda HR-V (20,1 graus).

Volkswagen Tera Comfort
Volkswagen Tera Comfort Foto: Divulgação/Volkswagen

Outro ponto que impressionou foi a rigidez da plataforma MQB A0. Em curvas abertas, mesmo em velocidades mais altas, o carro não torce a carroceria nem perde aderência. O Tera se mostrou mais firme que o Pulse, que tem suspensão mais macia e menos estável em curvas. O Kardian, por ser mais baixo, leva vantagem em aerodinâmica e curvas fechadas, mas o Tera e o Kardian são mais equilibrados que o Pulse nesse ponto.

TSI manual dá mais prazer ao dirigir

Na volta, testamos a versão TSI manual, que tem o mesmo motor 1.0 TSI, mas com câmbio manual de cinco marchas. A diferença é clara nas marchas, que possuem trocas precisas. O que gostei foi a resposta bem casada com o motor e principalmente a quarta marcha, que estica bem na estrada e tornam o carro bem mais divertido, sem sombra de dúvidas, além de ser mais ágil. As respostas são diretas, e o motorista sente o carro na mão, o que agrada quem gosta de dirigir.

Volkswagen Tera TSI
Volkswagen Tera TSI Foto: Divulgação/Volkswagen

O espaço interno é bom na frente, mas decepciona atrás. Com o banco do motorista ajustado quase todo para trás, o espaço para quem senta no banco traseiro fica bem apertado — até uma criança pode se sentir desconfortável. O porta-malas tem 350 litros, menor que o do Kardian (410 litros) e do Pulse (370 litros), mas visualmente não faz feio.

Vale a pena?

O Tera é uma boa escolha para quem busca economia, bons equipamentos e segurança num SUV compacto de entrada. A versão High com Adas (R$ 145.129) entrega conforto e tecnologia, enquanto o TSI manual (R$ 116.990) é mais divertido de dirigir. 

Ele peca no espaço traseiro e na potência, ficando atrás de Pulse e Kardian nesse quesito. Se você, caro leitor, quer um carro econômico, estável, seguro, bem equipado e gostoso de dirigir, o Tera vale a pena. Mas se preza mais potência ou espaço, um Nivus semi-novo pode ser mais atraente, ou olhar para os rivais.