Em abril de 2025, a Volvo apresentou a reestilização do XC90, seu SUV grande. Lançado por aqui em 2002, com a segunda geração estreada em 2015, o modelo passou por poucas mudanças até a maior atualização atual. Apesar de estar na mesma geração há uma década, a Volvo conseguiu deixar o visual atualizado, com retoques sutis no design, mas sem grandes alterações no interior. A questão é: um carro “datado” ainda entrega o que seu público exigente espera?
Os preços são altos: R$ 639.950 na versão Plus e R$ 689.950 na Ultra, configuração que testamos. São valores que chamam atenção, mas não espantam os compradores. O XC90 lidera o segmento de SUVs grandes premium de sete lugares no Brasil, diferente do mercado geral de SUVs premium, onde o Porsche Cayenne comanda. Esse sucesso vem de um conjunto, com motorização híbrida plug-in potente, preço mais acessível que rivais e uma reputação inabalável de segurança.
O XC90 custa menos que concorrentes como Audi Q7 MHEV (R$ 691.990), Land Rover Discovery MHEV (R$ 721.950 a R$ 759.450) e BMW X7 MHEV (R$ 1.282.950), oferecendo custo-benefício por ser o único PHEV entre os rivais. Seu maior trunfo, porém, é a segurança. Já foi considerado o carro mais seguro do mundo, com prêmios internacionais e um feito impressionante – 18 anos sem acidentes registrados no Reino Unido até 2018. Para quem busca um SUV familiar de luxo, o XC90 entrega exatamente o que promete.
DIMENSÕES E ERGONOMIA
O Volvo XC90 mede 4,95 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,76 m de altura e tem 2,98 m de entre-eixos, próximo de rivais como o Audi Q7 e Land Rover Discovery (2,92 m de entre-eixos). O BMW X7, com 5,18 m, é maior, enquanto o X5, sem terceira fileira, tem 4,93 m e 2,97 m de entre-eixos. Já o porta-malas o XC90 oferece o maior porta-malas, exceto o X7, que é bem maior, com a terceira fileira rebatida, mas o Audi leva com cinco fileiras. Veja as dimensões:
- Volvo XC90: 500 litros (5 lugares); 316 litros (7 lugares)
- Land Rover Discovery: 450 litros (5 lugares); 258 litros (7 lugares)
- BMW X7: 750 litros (5 lugares); 326 litros (7 lugares)
- Audi Q7: 740 litros (5 lugares); 259 litros (7 lugares)
Na segunda fileira, o espaço é generoso. Com o banco do motorista ajustado para mim (1,88 m, quase todo recuado), sobraram três dedos para minhas pernas. Cada assento desliza individualmente no trilho, e, com eles no limite traseiro, há saídas de ar de duas zonas e uma tomada.
Acessar a terceira fileira é razoável, com uma haste que reclina o banco da segunda fileira, mas precisa esticar bem as pernas. Eu, com 1,88 m, não consegui levantar e travar o banco da segunda fileira, porque minhas pernas não permitiram. Crianças, porém, viajam bem. Um ponto negativo é o alto-falante, posicionado perto da cabeça de quem senta atrás. Por outro lado, dois porta-copos generosos e saída de ar são um acerto para os ocupantes.
Para quem dirige o Volvo XC90, a ergonomia é um show à parte, e nada menos que o esperado. Os bancos dianteiros, com ajustes elétricos, memória para três posições e até regulagem das abas laterais, lombar e assentos, abraçam motoristas de qualquer tamanho – dos menores aos mais altos. O volante, compacto e com pegada firme, cai como uma luva. A posição de dirigir, elevada, dá visão ampla da estrada, e o console central alto deixa tudo em mãos. Em viagens longas, é como sentar numa poltrona de primeira classe. Além dos bancos terem aquecimento e ventilação.
MOTORIZAÇÃO E COMO ANDA
Não se engane pelo porte do Volvo XC90, apesar dos 2.354 kg, esse SUV roda leve, como se fosse bem menor. O motor e todo o conjunto é o mesmo desde 2017: um 2.0 turbo de quatro cilindros, com injeção direta, entrega 310 cv a 6.000 rpm e 40,8 kgfm de torque (2.200 rpm), já suficiente para empurrar com autoridade. Mas o sistema híbrido plug-in (PHEV), com bateria de 18,8 kWh, amplia para 462 cv e ótimos 72,3 kgfm.
O conjunto faz o XC90 cravar 0 a 100 km/h em 5,6 segundos no modo “Hybrid Power” (ou cerca de 6 segundos no modo normal, Hybrid) — em nossos testes, como divulgado pela marca. O câmbio automático Aisin AW TG-8 de oito marchas, exclusivo para carros da Volvo, completa o conjunto com trocas rápidas, espertas e, quando necessário, suaves, graças ao conversor de torque.
Essa potência ganha vida com os modos de condução selecionados pelo multimídia. No “Pure”, o XC90 é 100% elétrico, perfeito para rodar na cidade — Inmetro divulga 47 km só no modo elétrico, em nossos testes, porém, conseguimos 58 km rodados só na cidade. No modo “Off-road”, a suspensão adaptativa sobe e o assistente de descida entra em ação — testamos em uma estrada de terra íngreme e o SUV mostrou força bruta. Já o AWD afina a tração integral para terrenos mistos.
A suspensão, aliás, além de abaixar automaticamente para facilitar a entrada de passageiros, ela se ajusta ao modo escolhido, ficando mais firme no “Hybrid Power”, além de deixar o SUV mais baixo, mas sem nunca sacrificar o conforto. Independente do modo escolhido, o XC90 tem um aplique que prioriza o conforto. Em buracos a suspensão, absorve impactos com maciez típica europeia, sem trepidações ou fim de curso e filtra bem as imperfeições, uma rodagem digna do preço.
Na estrada, o XC90 é um colosso estável, com coeficiente aerodinâmico de 0,33 que corta o vento sem oscilações. Os 462 cv do PHEV vão extremamente bem em ultrapassagens, com respostas rápidas ao pisar o pé no acelerador e câmbio sem trancos na hora da redução de marcha para entrega de força, formando um conjunto firme e responsivo.
Em curvas, pneus largos e um volante surpreendentemente preciso para um SUV desse tamanho seguram a trajetória com mínima inclinação da carroceria. Mesmo com a bateria vazia, os 310 cv do motor a gasolina não decepcionam, embora o torque elétrico faça diferença em arrancadas. Conforto é o DNA, mas é só pisar para a entrega potência sem hesitação.
Os freios do Volvo XC90 são um espetáculo à parte, como era de se esperar da marca. Potentes, seguram o SUV de mais de 2,3 toneladas mesmo em frenagens bruscas, com a carroceria firme e mínima transferência de peso para frente, um feito da engenharia sueca. Além disso, o isolamento acústico é ótimo, a rodagem dos pneus e o fluxo de ar praticamente somem.
CONSUMO
No modo Hybrid, o XC90 entrega uma média de 37 km/l na cidade em nossos testes, mas esse número varia com o pé no acelerador e o trânsito pode subir ou cair, dependendo do estilo. Sem bateria, o consumo despenca para 7 km/l, bem menos econômico. Na estrada, com o motor a gasolina, alcançamos 10,8 km/l, mas o modo híbrido melhora essa marca, aproveitando o tanque de 70 litros. Para quem quer eficiência, o PHEV faz a diferença, desde que mantenha a bateria carregada.
INTERIOR E EQUIPAMENTOS
O interior do Volvo XC90 mantém a essência dos modelos anteriores, mas traz novidades. O acabamento adota materiais sustentáveis, com painel soft-touch e portas acolchoadas, bem trabalhadas. A central multimídia vertical cresceu de 9 para 11,3 polegadas, com resolução aprimorada e sistema intuitivo do EX30. O volante ganhou detalhes novos, e a iluminação interna foi renovada. O resto é bem semelhante ao que já conhecíamos.
Alguns pontos decepcionam. O Apple CarPlay e Android Auto exigem cabo, sem opção sem fio. O painel digital de 12,3 polegadas, apesar da boa resolução, exibe gráficos simples, sem grandes mudanças, mas mostra o essencial. A câmera 360, embora funcional, tem visualização fixa, sem ajustes, o que dá a sensação de ser defasado para um SUV premium.
Já a manopla de câmbio em cristal Orrefors se destaca como obra de arte, e reforça a identidade do XC90. No entanto, a Volvo removeu o seletor físico de modos de condução há algum tempo, agora acessível apenas pela tela, menos prático que antes. O ar-condicionado, controlado via multimídia, pode dividir opiniões, mas a interface simplifica o uso.
O Volvo XC90 mantém os sistemas de segurança do modelo anterior, como o piloto automático adaptativo Stop & Go, que acelera e freia com suavidade, sem solavancos. O SUV inclui frenagem autônoma com alerta, assistente de faixa com centralização funcional em todas as velocidades, alerta de ponto cego com assistente de tráfego cruzado e frenagem, frenagem automática em manobras e indicador de fadiga. O assistente de estacionamento, útil pelo porte do SUV grande, facilita manobras em vagas apertadas.
O XC90 também oferece ar-condicionado de quatro zonas com purificador de ar, que filtra partículas e melhora a qualidade interna, direção elétrica progressiva, com ajuste de altura e profundidade, vidros e travas elétricas, banco do motorista com regulagem de altura, retrovisor interno fotocromático, faróis automáticos com comutação alta/baixa, retrovisores externos aquecidos, limpadores automáticos, teto solar panorâmico elétrico, chave presencial, partida start-stop, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, head-up display, limitador de velocidade e controle remoto via aplicativo. Comparado a rivais, o XC90 entrega equipamentos similares, mas diferencia por mimos.
Não posso de deixar de citar o sistema de som Bowers & Wilkins do XC90, com 19 alto-falantes, que entrega áudio de alta fidelidade, superando muitos concorrentes premium. Equilibra agudos, médios e graves com clareza e oferece uma potência sem distorção ou suavidade quando necessário. Qualquer música ganha vida. É como um show particular.
O XC90 permanece com as cores tradicionais: Branco Cristal, Ônix Preto, Azul Denim, Cinza Trovão, Cinza Platina e Aurora Prateada. A novidade é a Crepúsculo Brilhante, testada.
RESUMO DA ÓPERA
O Volvo XC90 entrega o melhor custo-benefício entre os SUVs premium e seus concorrentes. É o mais acessível e oferece uma lista recheada de equipamentos, motorização potente, o único PHEV de sete lugares, amplo espaço e excelente consumo com a bateria cheia, além da segurança característica da Volvo, que garante fidelidade à marca.
O interior, sofisticado, não alcança a modernidade do BMW Curved Display, mas agrada. A Volvo manteve a receita que conquista Brasil e mundo, sem grandes mudanças no XC90, o que assegura lealdade à marca, mas deixa margem para melhorias.
Falta conexão de celular sem fio, inadmissível em um carro desse preço. A câmera 360, com visualização fixa, também decepciona. Atualizações over-the-air podem incluir conexão sem fio no futuro, segundo a Volvo. Apesar desses pontos, o XC90 combina segurança, tecnologia, conforto, potência e eficiência como poucos.
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