O calendário de 2026 marca um ponto simbólico para o antigomobilismo brasileiro. A partir deste ano, veículos fabricados ou lançados em 1996 estarão aptos à certificação oficial que reconhece um automóvel como veículo de coleção no Brasil.
Mais do que um processo burocrático, a virada do ano reposiciona carros que fizeram parte do cotidiano dos anos 1990 como clássicos. Modelos populares, sedãs médios e importados que ajudaram a redefinir padrões de design, conforto e engenharia agora começam a ser vistos com outros olhos, tanto pelo mercado quanto pelos clubes e entidades certificadoras.
Para conquistar a placa preta, vale reforçar, não basta a idade. O veículo precisa manter elevado grau de originalidade, normalmente acima de 80%, considerando conjunto mecânico, acabamento, carroceria e configuração de época. É essa combinação entre tempo e preservação que transforma um usado antigo em um clássico reconhecido.
A geração de 1996 chega ao status de coleção
Entre os destaques nacionais, o Fiat Palio ocupa posição central. Lançado em 1996, ele veio para substituir o bom e velho Fiat Uno. Com projeto global, moderno, bem desenhado e tecnicamente avançado para seu segmento, elevou o padrão dos populares do mercado brasileiro. Se bem conservado, o Palio passa a ter valor histórico claro, especialmente na versão 1.6 16v.
O mesmo vale para o Ford Fiesta de quarta geração. Compacto, bem acertado ao volante e visualmente ousado para os padrões da época, ele representou um salto em relação ao modelo anterior. Era o tipo de carro que mostrava que o segmento de entrada também podia ser bem resolvido, prazeroso de dirigir e visualmente atraente. Hoje é muito raro de ser encontrado em bom estado de conservação e com as características originais. Quem tem um nessas condições, não vende. E agora poderá colocar a desejada Placa Preta no Fiestinha! O CLX com motor 1.4 16v Zetec aliava conforto, luxo e agilidade em um compacto. É a versão mais desejada.
Se os compactos evoluíram, os sedãs médios redefiniram o que o consumidor brasileiro esperava de um carro. O Chevrolet Vectra B, de segunda geração, é talvez o melhor retrato disso. Em 1996, ele trouxe tecnologia, conforto e desempenho em um nível que até então era restrito a poucos importados de categorias acima dos médios. Airbag, ABS e motores refinados não eram apenas itens de ficha técnica. Eram sinais claros do amadurecimento e avanço do mercado brasileiro.
A Volkswagen também entra nesse grupo com o Polo Classic e com o Passat da geração B5, ambos apresentados em 1996. Ao contrário do Passat, o Polo Classic não obteve o sucesso esperado, vindo na esteira do fracasso do Apollo e com a árdua missão de substituir de uma só vez o consagrado Voyage e o Logus, outro fruto da Autolatina. Não deu certo, mas isso não o define como um carro ruim e os entusiastas da marca vêm redescobrindo o modelo.
Os Importados
Para muitos entusiastas, os anos 1990 também foram a década em que os importados iniciaram como novidade e passaram a influenciar o mercado como um todo. O Honda Civic lançado em 1996 talvez seja o maior ícone desse movimento. Confiável, equilibrado e tecnicamente impecável, ele consolidou a reputação da marca no Brasil por durabilidade, eficiência e acabamento.
O mesmo vale para modelos como o Toyota Corolla, o Audi A3 de primeira geração, o BMW Série 5 E39 e o Mercedes-Benz Classe A. Cada um à sua maneira, eles mostraram novos caminhos para design, segurança, dinâmica e qualidade construtiva. Não eram apenas carros caros ou sofisticados. Eram referências.
De usados a clássicos
O avanço desses modelos rumo à placa preta reforça um movimento claro. A preservação passou a ser tão importante quanto a raridade. Carros comuns nos anos 1990 se tornaram raridade três décadas depois, justamente porque sobreviveram sem descaracterização.
E 2026 não é apenas o ano em que novos carros ganham placa preta. É o momento em que modelos icônicos, que marcaram gerações inteiras de entusiastas, passam a ser oficialmente reconhecidos como parte do patrimônio automobilístico brasileiro.
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