A manutenção de carros eletrificados no Brasil vai movimentar cerca de R$ 5 bilhões por ano até 2030. Esta é a previsão de um estudo encomendado pelo Porto Digital e divulgado nesta semana. A pesquisa alerta, principalmente, para a escassez de mão de obra qualificada para atender essa demanda.
A expectativa é o Brasil tenha uma frota de 2 milhões de veículos eletrificados até 2030, sendo que cada carro tem um gasto médio de R$ 2.500 por ano em manutenção. Recentemente, o país superou a marca de 500 mil unidades de modelos híbridos ou elétricos.
O estudo do Porto Digital estima que, após o fim do período de garantia (entre 3 e 5 anos), grande parte da frota estará exposta à necessidade de manutenção fora das concessionárias. Isso abre espaço para oficinas especializadas, que poderão capturar parte de um mercado estimado em bilhões de reais.
Ao contrário dos carros a combustão, os elétricos exigem menos peças móveis e trocas de óleo, mas muito mais conhecimento em eletrônica, software e sistemas digitais. Elementos como o BMS (Battery Management System), as ECUs (Electronic Control Units) e os sensores de condução autônoma exigem técnicos aptos a diagnosticar falhas digitais, atualizar firmwares e substituir módulos com segurança.
Assim, o professor de Economia e Finanças na UFRPE e pesquisador do Porto Digital, Luiz Maia, alerta para a necessidade de investimento na qualificação dos profissionais. "A transição energética da mobilidade é um caminho sem volta", diz.
"Sem capital humano qualificado, o Brasil arrisca assistir à revolução elétrica de fora. Precisamos agir agora, com políticas de requalificação, fomento à formação técnica e apoio à inovação. Isso inclui infraestrutura, certificações, ferramentas de diagnóstico e, sobretudo, capital humano qualificado", acrescenta Maia.
Por fim, o estudo recomenda que empresas requalifiquem técnicos, firmem parcerias com instituições de ensino, adquiram equipamentos de diagnóstico avançado e busquem certificações. Já o setor público deve priorizar financiamento de laboratórios, regulação de normas técnicas para alta tensão e fomento a empregos verdes.
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