As montadoras da China estão praticando uma "gambiarra" para driblar uma crise na venda de carros novos. Segundo a mídia local, diversas fabricantes estão registrando veículos 0 km como usados para atingir metas e esvaziar o estoque.
As empresas chinesas estão com um problema grave: o excesso de produção. Atualmente, há muitos carros saindo das fábricas, mas falta demanda. Consequentemente, as montadoras estão com uma sobrecarga no estoque - em abril, conforme dados oficiais, havia mais de 3,5 milhões de veículos parados.
Para driblar essa questão, as marcas estão registrando os automóveis novos como vendidos, normalmente para concessionárias afiliadas ou plataformas terceirizadas. Assim, eles acabam sendo negociados por um preço 30% menor referente ao da tabela.
Além de ajudar as montadoras com as metas e o estoque, a manobra permite que as concessionárias se desfaçam do estoque não vendido e, em alguns casos, aproveitem subsídios ou políticas de exportação vinculados ao status do registro do veículo.
Riscos
A estratégia resulta em riscos para os consumidores chineses. Isto porque as garantias, geralmente, começam no momento do registro, o que significa que os compradores podem perder meses de cobertura ao adquirir um modelo "0 km usado".
Alguns veículos de passeio também deixam as concessionárias com empréstimos não pagos ou históricos de propriedade pouco claros, expondo os consumidores a potenciais problemas jurídicos e financeiros.
Os números inflados e a distorção nos preços dos usados também impacta o mercado. Segundo o "CaarNewsChina", o BYD Qin L é um exemplo disso, já que o modelo seminovo ficou até 40% mais barato do que na tabela. Seus concorrentes, consequentemente, também precisaram ficar mais baratos.
Governo chinês está de olho
No final de maio, o Ministério do Comércio da China realizou uma reunião de alto nível em 27 de maio com importantes participantes, incluindo BYD, Dongfeng e a plataforma de carros usados Guazi. As discussões se concentraram no reforço da supervisão das transações de carros usados e na repressão a relatórios de vendas fraudulentos.
Para alguns especialistas, as estratégias recomendadas incluem o reequilíbrio do planejamento da produção, o aumento da transparência nos históricos, garantias dos veículos e a expansão das exportações regulamentadas de veículos usados para mercados estrangeiros, como a Rússia, para aliviar a pressão interna.
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