x
UAI
QUAL É MELHOR PARA VOCÊ?

Carro elétrico ou híbrido? Descubra qual economiza mais no seu bolso

Entenda como cada um funciona, os custos de manutenção e o impacto da infraestrutura de recarga

Publicidade
Volvo C40 em um carregador da parceria feita com o McDonalds
Volvo C40 em um carregador da parceria feita com o McDonalds Foto: Volvo / Divulgação

Com os preços dos combustíveis oscilando, muitos motoristas no Brasil estão pensando em trocar o carro a gasolina por um elétrico ou híbrido. Mas qual deles realmente vale a pena? Um carro 100% elétrico, que depende de eletropostos, ou um híbrido, que mistura eletricidade e combustível? Essa é a dúvida de muitos consumidores com a realidade dos carros elétricos e híbridos, que estão cada vez mais presentes nas ruas brasileiras. 

O que é um carro elétrico?

Os carros elétricos, ou BEVs (Battery Electric Vehicles), são movidos só por eletricidade. Eles têm uma bateria que precisa ser recarregada em eletropostos, tomadas ou em wallbox, como o BYD Dolphin, que tem autonomia de 291 km com uma carga completa, segundo o Inmetro e cerca de 400 km, de acordo com a fabricante. Nada de motor a combustão, nada de gasolina ou etanol. 

O que é um carro híbrido?

Já os híbridos combinam um motor elétrico com um a combustão. Existem dois tipos principais que vale destacar: o híbrido pleno (HEV) e o híbrido plug-in (PHEV). O híbrido pleno, como o Toyota Corolla Cross Hybrid, não precisa de tomada. A bateria é pequena, geralmente até 1,5 kWh, e se recarrega com a energia gerada pelo motor a combustão ou nas frenagens. 

A bateria move o carro por poucos metros e em baixas velocidades, mas na cidade ela é grande atuadora para ajudar o motor a combustão, não fazendo ele trabalhar sozinho e assim melhorando muito o consumo. 

Segundo o Inmetro, em 2024, o Corolla Cross faz 17,7 km/l na cidade com gasolina e 12,5 km/l com etanol; por efeito de comparação o modelo a combustão, com motor 2.0 aspirado, faz 11,6 km/l com gasolina e 7,6 km/l com etanol nas mesmas condições de acordo com instituto.

Toyota Corolla Cross XRX
Toyota Corolla Cross XRX Foto: Divulgação: Toyota

Já o híbrido plug-in, ou PHEV, é quase um meio-termo entre o elétrico e o híbrido pleno. Ele tem uma bateria maior, média de 21 kWh, que pode ser carregada em eletropostos ou por wallbox, permitindo rodar só na eletricidade por quilômetros. 

Um exemplo é o BYD Song Plus, que, de acordo com a BYD, roda até 105 km no modo elétrico (68 km de acordo com o Inmetro) e alcança 35,6 km/l no modo híbrido, conforme o Inmetro em 2024. Quando a bateria acaba, o motor a combustão entra em ação, porém o consumo cai drasticamente, indo para 14,9 km/l na cidade, de acordo também com o Inmetro. 

Se formos pegar no papel, para um SUV de 1.790 kg não é nada ruim esse consumo, porém a potência também cai, já que a bateria não está mais lá para ajudar o motor a combustão. Por isso, para ter a melhor eficiência e entrega de potência é necessário carregar o veículo. 

O "boom" dos carros eletrificados

De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2024, o Brasil emplacou 177.358 veículos eletrificados leves emplacados de janeiro a dezembro, ou 89% acima dos 93.927 de 2023. Os híbridos plug-in tiveram a maior participação de vendas do mercado de eletrificados, com 64.009 (36,09%). Os elétricos ficaram em segundo, com 61.615 (34,74%).

a
Em São Paulo, seis carregadores foram instalados em unidades do fast food Foto: Volvo / Divulgação

Além disso, no primeiro bimestre de 2025, foram emplacados 32.739 veículos eletrificados no Brasil, um aumento de 45,66% em relação ao mesmo período de 2024. Ou seja, é visível que os eletrificados estão ganhando cada vez mais espaço, mas dependem de recarga, o que pode ser um desafio em algumas regiões.

Carro elétrico se sobressai

Agora, vamos falar de manutenção, porque isso pesa na decisão. Carros elétricos têm menos peças móveis que os tradicionais. Nada de óleo, filtros de combustível ou correias. Segundo a Elev, empresa de mobilidade, a manutenção de um elétrico pode custar até 70% menos que a de um carro a combustão. 

Um BYD Dolphin, por exemplo, exige revisões básicas, como checagem de pneus e sistema elétrico, e a BYD oferece cinco anos de manutenção gratuita até 100 mil km. Mas atenção: se a bateria precisar de reparos fora da garantia, o custo pode ser alto, embora isso seja raro nos primeiros 10 anos. 

De acordo com a BYD, a primeira revisão do Dolphin deve ser feita com 20.000 km rodados ou 12 meses. Até essa quilometragem, o custo da revisão é de R$ 400.

Carro elétrico tem manutenção bem mais simples
Carro elétrico tem manutenção bem mais simples Foto: Divulgação/Peugeot

Os híbridos plenos, como o Corolla, tem manutenção um pouco mais complexa, já que combina com um motor a combustão. Ainda assim, o motor elétrico reduz o desgaste de peças como freios, e a Toyota garante que os custos são próximos aos de um carro comum, com revisões a cada 10 mil km custando cerca de R$ 510 a  R$ 1.425, segundo o site da montadora. 

Já os híbridos plug-in, como o Song Plus, podem ter custos mais caros, como relatos de consumidores. Proprietários estão fazendo grandes reclamações sobre revisões do BYD Song Plus, que custam mais de R$ 900 e podendo chegar a mais de R$ 1.300 na primeira visita, como relatou um consumidor de Salvador (BA) no site Reclame Aqui. 

E para quem roda mais na cidade ou na estrada?

Aqui, o cenário muda. Na cidade, com trânsito pesado e muitas paradas, os elétricos e híbridos plug-in vão muito bem. Os elétricos, como o Dolphin, GWM Ora 03, Renault Kwid E-Tech, por exemplo, regenera energia nas frenagens, o que aumenta a eficiência. O Inmetro aponta que elétricos consomem menos na cidade, com equivalência de até 50 km/l em alguns modelos. 

O Song Plus, GWM Haval H6 PHEV, entre outros plug-in, no modo elétrico, é perfeito para trajetos curtos, como ir ao trabalho e voltar para casa. Um motorista que roda 50 km por dia na cidade pode gastar cerca de R$ 10 em eletricidade com um elétrico, contra R$ 40 de gasolina em um carro comum.

Na estrada, a história é diferente. Elétricos consomem mais em velocidades altas, e a autonomia do Dolphin pode cair para 280 km. Além disso, encontrar eletropostos em rodovias brasileiras ainda é um desafio, mesmo com os carregadores aumentando. Em fevereiro deste ano, haviam 14.827 eletropostos, mas a maioria está no Sudeste, com São Paulo liderando. Fora das grandes cidades, a infraestrutura é escassa, e muitos carregadores públicos podem estar quebrados.

BYD Song Plus azul escuro em movimento visto pela traseira
BYD Song Plus azul escuro em movimento visto pela traseira Foto: Divulgação/BYD

Os híbridos, especialmente os plenos, levam vantagem na estrada, principalmente por não precisar se preocupar com recarga. Já um PHEV, caso a bateria acabe, é versátil, já que o motor a combustão garante a viagem. Para quem faz longas viagens, o híbrido pleno é mais prático, enquanto o plug-in ainda exige planejamento para recargas para quem faz questão de um bom consumo, já que o eficiência cai bastante também. 

A infraestrutura de eletropostos é, sim, um obstáculo. Embora o número de carregadores tenha crescido, a distribuição desigual dificulta a vida de quem depende de elétricos ou PHEVs. Brasilia figura na terceira posição em relação aos eletropostos, correspondendo a 3,29% de todos os eletropostos do Brasil, segundo a ABVE.

Pessoas que possuem carro híbrido plug-in ou elétrico às vezes ficam reféns de shoppings ou supermercados para recarregar, e por isso, o ideal é ter um wallbox em casa para carregar o carro. Nesse caso, é necessário fazer um estudo e planejamento no valor para instalar.

mapa da América do Sul, mas com foco no Brasil no aplicativo Plugshare mostrando localização de postos de  recarga para carros elétricos
Plugshare apresenta diversos carregadores públicos e semi públicos disponíveis no Brasil Foto: Reprodução/Plugshare

No entanto, com a maior demanda de elétricos, empresas vêm investindo em novos pontos, e a expectativa é que 2025 traga mais estações ultrarrápidas.

No fim, a escolha depende do perfil do consumidor. Se o motorista roda na cidade, mora em uma região com eletropostos e tem como carregar em casa, um elétrico economiza mais, com custo por km até quatro vezes menor que o de um carro a gasolina, segundo a NeoCharge. 

Além das revisões serem mais baratas, um cálculo divulgado pela NeoCharge revela que o gasto médio anual para abastecer com gasolina (rodando 20.000 km por ano, com um consumo hipotético de 10 km/L e preço de R$ 5,82/L) é de R$ 11.663,28. Já o gasto médio para carregar um carro elétrico (considerando a mesma quilometragem rodada, em um consumo hipotético de 6 km/kWh e preço de R$ 0,72/kWh) é de R$ 2.401,92 por ano. Uma economia de 79% ou R$ 9.261,36

Para quem mistura cidade e estrada ou vive em áreas com poucos carregadores, um híbrido pleno entra muito bem em cena pela praticidade. O híbrido plug-in é ideal para quem quer o melhor dos dois mundos e roda trajetos relativamente curtos, usando o motor elétrico e parando pouco no posto, mas exige disciplina para recarregar sempre que possível para ter a melhor eficiência. 

  • Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas