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Pesquisa aponta que carros grandes são responsáveis por mais acidentes fatais

Cada vez mais imponentes, SUVs e picapes se tornam perigosas para as pessoas e o meio ambiente

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A imponência de caminhonetes tem crescido cada dia mais.
A imponência de caminhonetes tem crescido cada dia mais. Foto: A imponência de caminhonetes tem crescido cada dia mais.

Cada vez mais populares no mercado, carros grandes como picapes e SUVs têm tomado espaço nas ruas e no coração do consumidor brasileiro. Com 2023 recheado de lançamentos no segmento, como Ford F-150, Ford Ranger e, em breve, a Chevrolet Silverado, fica evidente que esses verdadeiros brutamontes vão dividir espaço com os compactos no trânsito.

Não só em território nacional, como também nos Estados Unidos, onde as picapes e os SUVs são ainda maiores, o estilo que pode ser o ideal de muitos, é o pesadelo de vários outros. Um estudo aponta que a quantidade de acidentes com esse tipo de veículo tem aumentado.

F-maxx verde com cabine modificada contendo 6 portas
F-Maxx, a maior picape do Brasil, possui 7,5 metros de comprimento e incríveis 6 toneladas.

Carros grandes e a relação com o aumento de acidentes

No mercado norte-americano, esse crescimento excessivo dos carros, seja em dimensões, seja em peso, está diretamente atrelado ao aumento da mortalidade em atropelamentos no país. Segundo pesquisa do GHSA (Governors Highway Safety Association), desde 2010 a quantidade de mortes de pedestres atropelados aumentou 77% e a venda desses carros grandes quase dobrou no mesmo período.

Dentre os fatores incluídos na pesquisa, são considerados velocidade, níveis de álcool no sangue, luminosidade da via, falta de calçadas e o tipo de veículo. Carros grandes, como picapes, SUVs e caminhões leves, representam o percentual de mais de 39% desses acidentes.

É preciso considerar que estes tipos de veículo são quase 80% da frota estadunidense, mas as características de grandiosidade deles também desempenham papel importante para o índice e gravidade de acidentes.

Com rigidez e construção mais robustas, além do grande peso e centro de gravidade elevado, o que compromete a estabilidade, as pessoas atropeladas são feridas com maior gravidade por veículos grandes em relação aos carros de passeio comuns.

Segundo o artigo “The fatality and injury risk of light truck impacts with pedestrians in the United States” (na tradução livre: O risco de fatalidade e lesões de impactos por caminhões leves com pedestres nos Estados Unidos), as chances de morte são de duas a três vezes maiores quando o indivíduo é atingido por um carro grande. Ou seja, representam um maior risco aos pedestres.

Imagem em preto e branco de caminhonete Ford envolta em fumaça
Os carros grandes emitem naturalmente mais poluentes

O que poderia ser feito para diminuir acidentes?

Em matéria para The Conversation, o professor Kevin J. Krizek, da Universidade do Colorado, argumenta que em sua experiência, as ruas dos Estados Unidos foram projetadas pensando nos veículos e não nas pessoas. Além disso, o professor disse que a legislação vigente no país é desatualizada quanto a isso, o que não acompanha o crescimento exponencial das unidades desses veículos em circulação.

Porém, o artigo sugere algumas melhorias para essa situação. Uma delas seria reduzir o número de faixas de carros em estradas ou então torná-las mais estreitas para diminuição do tráfego e liberação de espaço nas calçadas.

Além disso, o autor manifesta a necessidade de uma transformação de expectativas sociais em relação ao formato e tamanho dos veículos. Ele também pensa em adotar políticas centradas no humano, em detrimento das centradas em carros, como em cidades europeias já vem acontecendo. 

Ademais, Krizek destaca o papel das autoridades para mitigar a quantidade de acidentes nas comunidades norte-americanas. Não só no controle de políticas fiscais, como também em ações que envolvam vagas de estacionamento, limitação de acesso de carros grandes a ruas próximas a escolas e reaproveitamento do espaço de vias.