O Latin NCAP anunciou uma ampla atualização do seu protocolo de avaliação, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2026 e valerá até dezembro de 2029. As mudanças elevam significativamente o nível de exigência para que os veículos vendidos na América Latina e no Caribe alcancem boas classificações, aproximando a região dos padrões adotados em mercados mais avançados.
As quatro áreas principais de avaliação permanecem as mesmas: Proteção de Ocupante Adulto, Proteção de Ocupante Infantil, Proteção a Pedestres e Usuários Vulneráveis e Sistemas de Assistência à Segurança. Os critérios, porém, ficaram mais rigorosos, e a ausência de itens considerados essenciais passa a ser penalizada de forma mais severa.
Na Proteção de Ocupante Adulto, os testes de impacto lateral e lateral de poste se tornam mais exigentes. As provas serão feitas em velocidades maiores, com barreiras mais pesadas e utilizando um novo dummy de maior biofidelidade, capaz de reproduzir melhor as reações do corpo humano, como explicou o secretário-geral do Latin NCAP, Eng. Alejandro Furas. O impacto lateral agora ocorrerá a 60 km/h com uma barreira de 1.400 kg, enquanto o impacto lateral de poste será realizado a 32 km/h em ângulo de 75 graus. A análise também passa a considerar de forma mais abrangente o desempenho dos ocupantes do banco traseiro.
Durante o workshop do Latin NCAP, o Eng. Alejandro Furas reforçou que os NCAP são entidades independentes e sem fins lucrativos e, com orçamento limitado, concentram as avaliações nos modelos mais vendidos. Ele também destacou que as operações e a compra dos veículos testados são financiadas pela Fundação FIA e pela Filantropia Bloomberg.
Os SUVs terão ainda um teste exploratório de resistência do teto em capotagens. Em vez de usar uma prensa para deformar a estrutura, o veículo será içado de ponta cabeça e solto de uma altura determinada. Embora esse ensaio não conte para a nota final, o Latin NCAP se torna o único programa NCAP a adotar esse tipo de teste. O protocolo também amplia a avaliação das condições pós-colisão, com penalizações para situações que dificultem o resgate e valorização de tecnologias que agilizem o socorro, como o sistema de chamada automática de emergência.
Na Proteção de Ocupante Infantil, o escopo passa a considerar crianças de até 10 anos. O novo dummy será testado em impactos frontal e lateral tanto com assento elevatório quanto sem o equipamento, estimulando melhorias estruturais nos veículos. A ausência de ancoragens ISOFIX ou i-Size e a impossibilidade de desligar o airbag do passageiro terão impacto negativo direto na pontuação. Tecnologias de detecção de presença infantil somarão pontos extras por ajudarem a prevenir acidentes relacionados ao calor excessivo.
A avaliação de Proteção a Pedestres e Usuários Vulneráveis terá critérios mais rígidos de segurança passiva. O sistema de frenagem autônoma de emergência, voltado para pedestres e ciclistas, será testado em cenários mais complexos, incluindo condições noturnas.
Na área de Assistências à Segurança, o assistente de permanência em faixa e detecção de ponto cego deverão apresentar melhor desempenho em diversas situações. Recursos adicionais, como detecção de álcool, monitoramento do motorista e limitadores de velocidade, terão peso maior na nota final.
Assim como no protocolo atual, o desempenho mais baixo entre as quatro áreas definirá a classificação final do veículo. Isso significa que nenhum modelo alcançará notas altas sem oferecer um bom nível de segurança em todos os grupos avaliados.