A China deu um passo surpreendente ao retirar os veículos elétricos da lista de setores prioritários em seu novo plano econômico quinquenal (2026-2030). A decisão marca o fim de uma era de apoio direto e massivo aos chamados “novos veículos de energia” — categoria que inclui modelos elétricos, híbridos plug-in e movidos a célula de combustível.
O plano foi apresentado pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China (MIIT) e não menciona mais os veículos elétricos como foco de investimento estratégico, algo inédito desde o início da década de 2010, quando o governo começou a subsidiar pesadamente a eletrificação da frota nacional. No lugar, a nova política passa a destacar áreas como inteligência artificial, semicondutores, biotecnologia e tecnologias limpas, sugerindo uma diversificação dos esforços de desenvolvimento industrial.
Durante mais de dez anos, o setor automotivo chinês foi impulsionado por fortes incentivos fiscais, subsídios diretos e políticas de crédito, que permitiram o rápido crescimento de marcas como BYD e Geely. Esse apoio estatal foi determinante para que a China se tornasse o maior mercado de veículos elétricos do mundo, responsável por mais de 60% das vendas globais em 2024.
A decisão de retirar os EVs da lista de prioridade, no entanto, não significa o abandono total da mobilidade elétrica, mas indica que o setor atingiu maturidade suficiente para se sustentar sem incentivos. Especialistas ouvidos pela imprensa local afirmam que o governo deve agora concentrar esforços em melhorar a competitividade internacional e evitar excesso de capacidade produtiva, uma preocupação crescente diante da desaceleração das exportações e da pressão de países como EUA e União Europeia, que acusam a China de “dumping industrial”.
Ainda assim, o impacto da medida poderá ser significativo. Sem apoio fiscal, empresas menores e startups do setor podem enfrentar maior dificuldade de sobrevivência, enquanto gigantes consolidados, como BYD e Geely, devem continuar se beneficiando de sua escala e integração vertical.
A nova diretriz simboliza uma mudança de fase no mercado chinês de eletrificação automotiva — de um crescimento impulsionado por incentivos para um cenário de competição global mais equilibrada, no qual a eficiência e a inovação definirão os vencedores da próxima década.
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