A Volkswagen completa nesta semana 70 anos de atividades no mercado brasileiro. Uma marca importante que carrega uma história de grandes feitos, como a liderança em vendas por anos seguidos com o Gol. Mas essa já não é mais a realidade da marca alemã por aqui, pois já diminuiu sua participação no mercado, caindo no ranking das montadoras que mais vendem, e ainda está atrasada em alguns segmentos, como o de picapes e de carros elétricos. No Papo de Estúdio dessa semana, Boris Feldman e Enio Greco analisam como anda a história da VW no Brasil na atualidade. Confira o vídeo!
Além de modelos icônicos como Fusca, Kombi, Passat e outros, um dos grandes feitos da Volkswagen foi o Gol, modelo lançado em 1980 e que foi líder de vendas em seu segmento por 27 anos consecutivos, de 1987 a 2014. Alcançou a expressiva marca de 8,6 milhões de unidades produzidas, um recorde, mas deixou a linha de montagem definitivamente em dezembro de 2022. E foi substituído melancolicamente pelo Polo Track, uma versão depenada do hatch compacto.
Demora para entrar no segmento de SUV
Mas não foi por causa do fim da produção do Gol que a história da Volkswagen no Brasil se complicou. Na verdade, a marca alemã pecou por demorar a tomar decisões, como no caso dos SUVs, segmento de sucesso absoluto no mercado brasileiro. Enquanto a concorrência lançava seus modelos, a VW foi ficando para trás, e quando chegou com seus produtos teve que enfrentar SUVs com liderança solidificada.
Apesar disso, os Volkswagen T-Cross, Nivus e Taos mostraram que são produtos de qualidade e que chegaram para brigar. Lançado em 2019, o T-Cross chegou a liderar o segmento de SUVs, como o modelo mais vendido, mas o mesmo não aconteceu com o Nivus e o Taos.
Em 2022, o T-Cross foi o segundo SUV mais emplacado no país, com pouco mais de 65 mil unidades emplacadas, ficando atrás do Chevrolet Tracker (70.806). Nos dois primeiros meses deste ano, o modelo da Volkswagen caiu para a terceira posição, ficando atrás do Hyundai Creta e Chevrolet Tracker.
Volkswagen deixou a Fiat Strada tomar conta do segmento
Outro pecado capital da Volkswagen no Brasil foi não dar a devida importância para o segmento de picapes compactas, no qual tem um modelo de peso, a Saveiro, que tem um público fiel. Mas o modelo não se renovou e ficou para trás, abrindo espaço para a Fiat Strada ampliar cada vez mais seu volume de vendas e alcançar o posto de veículo mais vendido no país.
A Volkswagen Saveiro tem mais de 40 anos de história no Brasil, mas há 13 anos permanece na sua terceira geração e desde 2016 mantém o mesmo visual. É muito desleixo com um produto que já viveu bons momentos no mercado, mas que foi literalmente abandonado. A Fiat Strada agradece. Agora, a montadora promete mais uma reestilização da Saveiro, que deve chegar com visual parecido com o do Polo Track em 2024.
Tem também a picape média Amarok, que apesar de ter seus pontos positivos, nunca conseguiu se destacar no concorrido segmento que tem a liderança absoluta da Toyota Hilux, seguida pela Chevrolet S10 e Ford Ranger. A Volkswagen Amarok também permanece sem alterações significativas desde 2010.
E por onde andam os carros eletrificados da Volkswagen?
Esse é outro segmento no qual a Volkswagen dormiu no ponto. Nem híbridos e nem elétricos por aqui. Exceto pelo Golf GTE, versão híbrida plug-in do hatch médio lançada no fim de 2019 e que teve poucas unidades vendidas no país. Com motor 1.4 TSI e outro elétrico, tinha 204cv de potência combinada e autonomia de apenas 50 quilômetros no modo 100% elétrico.
E da mesma forma que aconteceu com os SUV, a Volkswagen vem repetindo o erro com os modelos eletrificados. Enquanto a concorrência vai oferecendo no mercado modelos híbridos e 100% elétricos, a marca alemã tem vivido de promessas por aqui.
Apresentou os modelos ID.3, ID.4 e ID.Buzz, sua nova família de elétricos, no mercado brasileiro, mas sem garantir que eles viriam. Depois, anunciou a chegada de um deles para este ano, mas já com um atraso considerável, já que os modelos da família ID são vendidos na Europa há alguns anos e fazem relativo sucesso de vendas por lá.
Para complicar ainda mais, Oliver Blume, CEO do grupo Volkswagen em Berlim, na Alemanha, ao detalhar os planos globais de eletrificação da empresa para os próximos cinco anos, revelou que a marca vai investir 180 bilhões de euros em eletrificação e digitalização. Mas, desta quantia, apenas 1 bilhão de euros serão investidos em toda a América Latina, incluindo neste valor veículos convencionais com motores a combustão.
Ele disse que Brasil, África do Sul e Índia terão outras soluções, apontando o etanol como uma fonte energética poderosa que deve ser mais explorada por aqui. Em outras palavras, o executivo disse que a Volkswagen pode até trazer algumas unidades de seus modelos da família ID para serem vendidos no Brasil. Mas produzir carros elétricos por aqui é pouco provável ou quase impossível.
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