Comercialmente, a Seat não anda bem: as vendas da marca, que já vinham derrapando, sofreram um baque ainda maior durante a pandemia de Covid-19. De janeiro a julho de 2023, o fabricante vendeu apenas 155.355 veículos, ficando na 19º lugar no mercado europeu. Após anos de resultados ruins, agora, o Grupo Volkswagen, detentor da empresa espanhola, vai, literalmente, dar um fim a essa história.
Thomas Schäfer, CEO do Grupo Volkswagen, declarou ao site Autocar que "um papel diferente” está planejado para a Seat. Isso não significa, necessariamente, a extinção da marca, mas pode indicar o fim da produção de automóveis. Segundo veículos de imprensa europeus, a matriz deve transformá-la em uma empresa de mobilidade.
É o que ocorre, por exemplo, com a Mobilize, subsidiária da Renault que atua, entre outras funções, como financeira e locadora de veículos. Apenas a marca Cupra, que surgiu como uma subdivisão da Seat focada em esportivos, deve se manter como fabricante, já que vem obtendo bons números de vendas. Já a marca espanhola, de acordo com informações extraoficiais, continuará fabricando automóveis só até 2030.
Até lá, os produtos da empresa ser descontinuados sucessivamente. Nesse ponto, cabe ressaltar que 2030 será justamente o último ano em que os países da União Europeia permitirão a venda de veículos a combustão. E, coincidentemente ou não, a Seat é a única marca do Grupo Volkswagen que ainda não fabrica automóveis 100% elétricos.
História de 70 anos
A Seat tem uma história de 73 anos: a empresa surgiu em 1950, graças a um acordo entre o governo espanhol e a... Fiat. A produção começou em 1953, sendo que o primeiro produto foi o 1400, que era praticamente um irmão-gêmeo de um modelo homônimo da marca parceira. Depois, vieram vários outros projetos de origem italiana, como os subcompactos 600 e 127.
A própria pronúncia de Seat, que significa Sociedade Espanhola de Automóveis de Turismo, foi pensada para lembrar a da Fiat. Porém, após uma reviravolta que incluiu ações judiciais e privatizações, a marca passou a integrar o Grupo Volkswagen em 1986.
Desde então, a matriz adota a estratégia de posicionar a Seat em um patamar de entrada, inferior ao da própria marca Volkswagen. Porém, o caso é que, há vários anos, as vendas da empresa estão abaixo do esperado: ao menos em parte, isso se deve à concorrência interna com a tcheca Skoda, que integra o mesmo conglomerado industrial.
No Brasil
Atualmente, a Seat atua em cerca de 80 países, mas não no Brasil. Porém, essa história de 70 anos inclui o país: ela chegou em 1995, na onda da abertura do mercado local às importações, pelas mãos da própria Volkswagen. Inclusive, era a rede da marca alemã que vendia os veículos da subsidiária espanhola. Nas peças publicitárias, a empresa anunciava os próprios veículos como "europeus de sangue quente".
Porém, tal qual vem acontecendo nos países europeus, a Seat também teve dificuldades por aqui. Após a elevação da tributação para veículos importados e de uma desvalorização histórica do Real, a marca espanhola, assim como outras importadoras, deixou de atuar no Brasil. O fim das atividades locais data de 2002.
De carona nesse possível encerramento das atividades da Seat, ao menos como fabricante do setor, o VRUM relembra todos os automóveis que a marca espanhola comercializou no Brasil. Será que você lembra de todos eles? Confira o listão!
1- Seat Cordoba
Primeiro produto na marca a desembarcar por aqui, em 1995, o Cordoba sempre foi uma espécie de carro-chefe da marca no mercado nacional. Inicialmente, o motor era o conhecido 1.8 EA-827, já posicionado transversalmente. Porém, a partir da linha 2000, o sedan, junto com os demais modelos, exibia, além de uma reestilização, um então novo propulsor 1.6 da família SR.
É sempre curioso lembrar que o Cordoba teve um irmão gêmeo no mercado brasileiro: o Volkswagen Polo Classic. Enquanto o primeiro vinha da Espanha, o segundo chegava da Argentina. Eles tinham algumas diferenças no design (restritas à dianteira e à traseira), no acabamento interno, e, a partir da linha 2000, também no motor. Contudo, compartilhavam a carroceria e vários componentes mecânicos.
2- Seat Ibiza
O Ibiza chegou poucos meses depois do Cordoba, também em 1995. Era, groso modo, apenasuma configuração hatch daquele sedan. Assim, não por acaso, a trajetória de ambos foi muito semelhante, incluindo a atualização na mecânica e no design para a linha 2000. A diferença é que só o modelo mais curto teve opção de motor 1.0 16V. Também há registro de algumas unidades da versão GTI 2.0 no país.
3- Seat Inca
Pois é, a Seat chegou a vender até um veículo comercial no Brasil. Era o Inca, concorrente direto do Fiat Fiorino. Assim como o sedan Cordoba, o furgão teve um clone no mercado brasileiro: o Volkswagen Van, que tal qual o Polo Classic, vinha importado da Argentina.
4- Seat Cordoba Vario
Possivelmente, a perua Vario é o carro mais obscuro que a Seat vendeu no Brasil. Assim como todos os demais modelos que a marca trouxe para o país, a station-wagon era uma derivação do Cordoba: a diferença é que só ela deixava isso claro no nome. O lançamento ocorreu na linha 2000 e, por isso, o modelo já chegou com o motor 1.6 SR.
Acompanhe o VRUM também no Dailymotion e no YouTube!