A Peugeot reuniu jornalistas automotivos e influenciadores para participar da Copa Peugeot deste ano, e eu tive a chance de viver tudo de perto. A proposta era simples apenas na teoria: sair de São Paulo, na Vila Madalena, e ir até Paraty (RJ) participando de um rally de regularidade a bordo do Peugeot 208 GT Hybrid ou do 2008 GT Hybrid. Eu fui com o 208 — e já adianto: o carro surpreendeu.
Antes de qualquer coisa, porém, existe um ponto importante: um rally de regularidade não tem nada a ver com um rally de velocidade. Aqui, não vence quem chega primeiro, e sim quem chega mais perto do tempo estipulado pela organização. Se o trecho deve ser concluído em 3 horas, por exemplo, ganha quem cruzar a linha final no tempo mais próximo disso. Chegou antes? Perde pontos. Chegou depois? Também perde.
E para complicar (ou tornar tudo mais divertido), nada de GPS, Waze ou Google Maps. A navegação é feita exclusivamente por uma planilha, com marcações de distância, médias de velocidade, tempos de passagem e as famosas “tulipas”, que indicam a direção que você deve seguir. No começo, interpretar aquilo parecia um idioma alienígena, mas logo a lógica começa a fazer sentido.
Além da planilha, recebemos um odômetro digital e um cronômetro. A dinâmica funcionava assim: se a planilha indicava que deveríamos passar pela placa do km 42 às 1h33, era preciso acompanhar o cronômetro o tempo todo e ajustar o ritmo do carro — acelerar, manter, reduzir ou até parar — para sincronizar exatamente o momento do ponto de referência com o horário indicado. É quase uma coreografia entre piloto, navegador, estrada e relógio.
A pontuação também era dividida:
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O navegador ganhava (ou perdia) pontos conforme chegava aos pontos de controle no tempo certo.
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O motorista pontuava pela média de consumo obtida no carro.
E foi aí que o 208 GT Hybrid brilhou. Em alguns trechos de estrada mais plana, chegamos a ver 18,1 km/l, algo realmente impressionante considerando o cenário da prova.
Apesar de não ser uma disputa de velocidade, o rally de regularidade exige um nível de atenção absurdo. Você precisa interpretar a planilha, cruzar dados de distância, manter a média, observar referências e ainda lidar com a dúvida constante quando outros competidores aparecem. Em vários momentos, um carro que largou depois passava por nós, e imediatamente vinha o questionamento: estamos adiantados? Atrasados? Ou será que ele está errado? É um exercício de confiança total na sua própria navegação.
Mas o trajeto recompensava todo esse foco. Passamos por paisagens lindas, paramos em ótimos restaurantes e pegamos um trecho da Estrada Real — a Rota do Ouro — rumo a Paraty. A travessia da serra, cercada por mata fechada, montanhas e aquele clima histórico da região, foi um dos pontos altos da experiência.
Depois de tudo isso, eu posso dizer com tranquilidade: o bichinho do rally me mordeu. Já estou querendo uma próxima. E essa experiência também me fez imaginar como seria enfrentar um rally de velocidade de verdade — estar a 100 km/h na terra ou no cascalho, ouvindo as marcações do navegador, guiando o carro no maximo em um terreno inóspito. Deve ser uma das sensações mais viscerais que o automobilismo pode proporcionar para qualquer dupla.
Ainda vai rolar uma segunda etapa da Copa Peugeot, mas, infelizmente, eu não consegui me classificar entre os seis vencedores desta primeira. A próxima etapa será em Campos do Jordão, com um trajeto totalmente diferente. Desejo boa sorte aos classificados — e deixo aqui meu agradecimento à Peugeot por proporcionar uma experiência tão nova, tão diferente e tão inovadora. Sinceramente, qualquer pessoa que gosta minimamente de carro deveria viver isso pelo menos uma vez na vida.
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