O ex-CEO da Stellantis, Carlos Tavares, voltou a causar polêmica ao lançar um livro em que faz duras críticas à própria empresa que comandou até meados de 2025. Segundo o executivo, a união que formou o conglomerado — resultado da fusão entre Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e PSA Peugeot-Citroën — pode não durar muito. Ele chegou a sugerir que marcas europeias do grupo poderiam ser vendidas para empresas chinesas caso o cenário competitivo siga se deteriorando.
Tavares, que deixou o cargo em meio a tensões internas, afirma que a Stellantis enfrenta sérias dificuldades para competir globalmente, especialmente com a ofensiva das fabricantes chinesas no setor de veículos elétricos. Em trechos do livro, o ex-CEO questiona a estratégia atual do grupo e alerta para a falta de agilidade frente aos novos desafios da indústria.
“As marcas europeias tradicionais estão vulneráveis. Os chineses estão chegando com força, com tecnologia e preços competitivos. É totalmente plausível que alguns grupos acabem sendo comprados”, teria dito o executivo.
O português, conhecido por seu estilo direto e por ter liderado a recuperação da PSA antes da fusão, também criticou a burocracia interna e o conflito de culturas corporativas dentro da Stellantis, o que, segundo ele, tem prejudicado decisões estratégicas. “A integração nunca foi completa, e isso pode custar caro. A união entre Fiat, Peugeot e Chrysler pode ruir”, afirmou.
Desde sua saída, a Stellantis vem enfrentando questionamentos sobre seus rumos na transição para a eletrificação. Apesar de resultados financeiros sólidos, a empresa tem sofrido com queda de participação de mercado na Europa e crescimento mais lento na China e nos EUA, justamente os mercados onde Tavares dizia ser preciso agir com mais rapidez.
O livro, ainda sem tradução para o português, traz uma visão de bastidor sobre o processo de fusão e o funcionamento interno de uma das maiores montadoras do mundo.
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