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Você sabia? Conheça os brasileiros que criaram o câmbio automático moderno

Antes da popularização global, dois engenheiros brasileiros criaram, nos anos 1940, o princípio que daria origem ao câmbio automático moderno.

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Câmbio DSG da Volkswagen
Câmbio DSG da Volkswagen Foto: Divulgação

O câmbio automático, que hoje equipa mais de 60% dos carros vendidos no Brasil, é resultado de uma longa evolução tecnológica que envolveu diferentes países e mentes brilhantes, entre elas, dois engenheiros brasileiros. Em 1932, José Braz Araripe e Fernando Iehly de Lemos registraram nos Estados Unidos a patente de uma transmissão automática hidráulica que viria a ser o embrião do sistema moderno utilizado pela indústria até hoje.

A dupla, que vivia e trabalhava nos EUA, desenvolveu um projeto que dispensava o pedal de embreagem e fazia as trocas de marcha automaticamente, por meio de um conjunto de engrenagens planetárias e sistema hidráulico. A ideia chamou atenção da General Motors, que comprou os direitos e usou a invenção como base para o Hydra-Matic, câmbio lançado em 1940 no Oldsmobile, primeiro carro de produção em massa com transmissão automática.

Primeiro câmbio automático do mundo produzido em larga escala
Primeiro câmbio automático do mundo produzido em larga escala Foto: Mega Veículos

Outras invenções que pavimentaram o caminho

Apesar do feito brasileiro, o câmbio automático não surgiu de uma única ideia. Desde o início do século 20, engenheiros e fabricantes vinham testando diferentes soluções para automatizar a transmissão dos automóveis. A evolução seguiu paralelamente em vários países:

  • 1904 (EUA): os irmãos Sturtevant criaram uma transmissão de duas marchas com sistema centrífugo de troca automática. Mas era instável e quebrava com frequência.

  • 1921 (EUA): Alfred Horner Munro, engenheiro canadense, desenvolveu uma transmissão automática a ar comprimido. Chegou a patentear a invenção, mas ela era fraca e pouco prática.

  • Década de 1930 (França e Alemanha): marcas como Peugeot e Mercedes-Benz passaram a usar transmissões semi-automáticas, como o Cotal e o sistema Vorwählgetriebe, que antecipavam trocas com embreagem automática.

  • 1940 (EUA): a GM lança o Hydra-Matic, com base na patente dos brasileiros. Foi o primeiro câmbio automático confiável e produzido em larga escala.

  • 1950 (EUA): a Buick introduz o Dynaflow, sistema com conversor de torque mais refinado, que eliminava até as trocas perceptíveis.

  • Anos 80 e 90: surgem os câmbios automáticos eletrônicos e os primeiros automatizados, como os Tiptronic (Volkswagen/Audi) e os sistemas CVT (transmissão continuamente variável).

  • Anos 2000: chegam os dupla embreagem, que unem rapidez e eficiência dos manuais com o conforto dos automáticos.

A participação brasileira na história

Embora o sistema desenvolvido por Araripe e Lemos não tenha sido o único na corrida pela automação, ele foi o primeiro funcional, hidráulico e robusto a ser adotado por uma grande montadora, o que deu início à era moderna do câmbio automático. Sem o trabalho da dupla brasileira, o Hydra-Matic não existiria, e talvez a popularização do sistema tivesse demorado ainda mais.

Hoje, a maioria dos veículos no mundo usa tecnologias que derivam diretamente desse sistema original, com evoluções eletrônicas, mais marchas, menor consumo e mais conforto.

A história mostra que, embora as grandes inovações quase sempre sejam fruto de várias contribuições, os brasileiros têm um papel central, e muitas vezes pouco reconhecido, na invenção de um dos sistemas mais revolucionários da história do automóvel.