Se você gosta de pegar a estrada ou pretende viajar, melhor abrir o olho com o pedágio free flow, ou o chamado pedágio sem cancela, que está virando realidade em várias rodovias de São Paulo e outros estados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A ideia é modernizar a cobrança, mas quem não se adaptar pode levar uma multa salgada.
Em maio de 2025, o sistema já está em trechos como a SP-333 (Itápolis e Jaboticabal) e o Contorno Sul da Tamoios, no litoral paulista, além da Rio-Santos (BR-101) no RJ. A Dutra e o Rodoanel devem ganhar pórticos ainda este ano, enquanto o litoral de SP planeja 15 novos pontos até novembro. Se você não souber como pagar ou ignorar o prazo, prepare-se para pagar R$ 195,23 de multa e levar cinco pontos na carteira.
O que é o Free Flow e como ele funciona?
O free flow, ou “fluxo livre” em português, é um pedágio eletrônico que elimina as tradicionais praças com cancelas. Em vez disso, pórticos instalados nas rodovias usam câmeras, sensores e tecnologia de radiofrequência para identificar os carros pelo número da placa ou por tags (como Sem Parar e Conectcar).
Você passa sem reduzir a velocidade, e o sistema registra a passagem automaticamente. A cobrança pode ser por trecho percorrido, o que é uma novidade, e não mais um valor fixo por praça. A promessa é acabar com filas, reduzir emissões de poluentes e dar mais fluidez ao tráfego.
O sistema lê a placa do veículo e cruza os dados com um banco da concessionária. Se você tem uma tag, o valor sai direto da sua conta ou cartão cadastrado, muitas vezes com desconto (geralmente 5%). Sem tag, o débito é gerado e você tem que pagar depois, seja pelo site, app ou totens nas rodovias.
As concessionárias, como CCR e EcoNoroeste, também integram os dados à Carteira Digital de Trânsito, onde você pode checar tudo. Mas o detalhe é que os pórticos precisam estar bem sinalizados com placas e símbolos específicos, algo que nem sempre está 100% claro para os motoristas — e isso já gerou confusão.
Em São Paulo, o free flow começou timidamente em 2022. Hoje, a SP-333 tem pórticos em Itápolis (km 179) e Jaboticabal (km 110), com tarifa de R$ 8,90 para carros, e a Tamoios cobre o Contorno Sul (km 13,5) por R$ 4,80. No RJ, a Rio-Santos opera com três pórticos desde 2023 (Itaguaí, Mangaratiba e Paraty), e no RS, a ERS-122 está na ativa desde dezembro de 2023.
A CCR Rio-SP teve a instalação de 21 pórticos na Dutra (km 205 a 231), e o Rodoanel Norte deve ganhar dois pontos. O Consórcio Novo Litoral promete sete pórticos no litoral (Mogi-Bertioga e Padre Manoel da Nóbrega) até novembro, cobrindo 163 km. Até o fim do ano, mais 273 km devem entrar na rede, segundo a Artesp.
Fora de SP, Minas Gerais testa o free flow na MG-459 desde abril, e Goiás e Espírito Santo estudam a implementação. A ANTT e o Contran estão empurrando o sistema para todo o Brasil, com meta de substituir os pedágios tradicionais até 2030. No entanto, muitos motoristas reclamam de falta de informação e sinalização confusa.
Uma mudança recente, aprovada pelo Contran em outubro de 2024, deu um alívio aos motoristas. Agora o prazo para pagar subiu de 15 para 30 dias após a passagem pelo pórtico. Se o 30º dia cair em um feriado ou fim de semana, o vencimento acontece no próximo dia útil.
A ideia é dar mais tempo pra quem não tem tag ou esquece de checar o débito. O pagamento pode ser feito pelo app ou site da concessionária, totens nas estradas ou até WhatsApp, dependendo da empresa. Quem tem tag recebe a cobrança automática, mas sem ela, você precisa se cadastrar para consultar e quitar.
A cobrança por trecho também é um ponto novo. Em vez de pagar um valor fixo por praça, o valor varia conforme os quilômetros rodados. Na Dutra, por exemplo, a tarifa vai depender da distância na via expressa, com ajustes para engarrafamentos – quanto mais trânsito, mais caro pode ficar. Na Rota Sorocabana, a tarifa vai de R$ 0,83 a R$ 12,20, com descontos de 10% a 20% para quem usa muito a estrada. Mas se você não pagar dentro do prazo, aí complica.
Deixar de pagar o free flow é considerado evasão de pedágio, uma infração grave no Código de Trânsito Brasileiro (art. 209-A). A multa é de R$ 195,23, mais cinco pontos na CNH, e o valor da tarifa ainda tem que ser pago com juros. As imagens do veículo ficam guardadas por 90 dias – ou até cinco anos se você não quitar.
Veículos de fora do país não podem sair do Brasil sem regularizar a dívida. Em SP, nos primeiros 30 dias do free flow na SP-333, 12 mil carros (8,4% do total) não pagaram e foram multados, segundo a EcoNoroeste. Por outro lado, no Rio de Janeiro, a inadimplência caiu de 24% para 16%
A fiscalização é feita pela ANTT ou órgãos estaduais, como a Artesp, e as concessionárias notificam os inadimplentes. Motoristas reclamam no Procon e até na Justiça, alegando falta de sinalização ou dificuldade de pagamento. Uma liminar no RJ chegou a suspender multas da CCR em 2024, mas o sistema segue ativo.
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