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Carro chinês: você ainda terá um em sua garagem! Será?

Marcas chinesas expandem atividades no mercado brasileiro e chamam a atenção com modelos cada vez mais sofisticados, tecnológicos e caros

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Um dos primeiros carros chineses a desembarcar no Brasil, Lifan 320 era uma cópia do Mini Cooper
Um dos primeiros carros chineses a desembarcar no Brasil, Lifan 320 era uma cópia do Mini Cooper Foto: Um dos primeiros carros chineses a desembarcar no Brasil, Lifan 320 era uma cópia do Mini Cooper

Quando o governo brasileiro abriu as portas para o mercado mundial no início da década de 1990, muitas marcas de veículos começaram a trazer seus produtos para um público consumidor que, até então, estava limitado a basicamente a quatro logos: Volkswagen, Fiat, Chevrolet e Ford. Na década seguinte, começou a chegar ao país o carro chinês.

Vistas com desconfiança em relação à qualidade e segurança de seus produtos, as marcas chinesas traziam um argumento fortíssimo para cativar o consumidor brasileiro: o preço. De lá para cá, muita coisa mudou, e os carros originários daquele país já não são necessariamente sinônimos de produto barato. Pelo contrário, mas não desistem de conquistar um lugar no seu coração e na sua garagem.

As marcas chinesas de automóveis sempre foram vistas com preconceito no mercado brasileiro (talvez no mundo), estigmatizadas como fabricantes de produtos frágeis, de qualidade duvidosa, pouco seguros e cópias de modelos de montadoras tradicionais. Realmente, desde o primeiro carro chinês que desembarcou por aqui, as lembranças não são as melhores.

O consumidor brasileiro foi apresentado ao carro chinês com produtos como os Lifan 320, 520 e 620, além do Chery QQ e depois JAC J3. Eram, em sua maioria, modelos compactos, com design de gosto duvidoso, mas que traziam conteúdo a preço muito atrativo.

Cgery QQ vermelho de frente em movimento
Chery QQ: acessível, mas estigmatizado

O carro chinês enfrentou no Brasil processo parecido ao superado pelos japoneses e coreanos. No passado, modelos da Toyota, Honda e Hyundai também já foram vistos com desconfiança, mas, com o tempo, conseguiram conquistar seus espaços no mercado e até a liderança em alguns segmentos. Ou seja, as marcas chinesas ainda têm um longo caminho a percorrer por aqui.

Placa fundamental e carro enterrado

É bem verdade que algumas dessas marcas tiveram uma história um tanto quanto conturbada no Brasil, como foi o caso da JAC Motors, representada no país pelo grupo do empresário Sérgio Habib. A JAC iniciou suas atividades por aqui importando os modelos J3, J5 e J6, mas logo anunciou a construção de uma fábrica na Bahia.

Colocaram a pedra fundamental, “enterraram” um J3 e confirmaram a inauguração da planta para 2014. Mas, no meio do caminho, foram feitas mudanças nas leis do IPI, e a JAC Motors se viu em situação difícil. Resultado: a fábrica não foi construída, ficou só na pedra fundamental, o J3 foi desenterrado, o terreno devolvido ao governo da Bahia e a JAC ficou com uma baita dívida. E o primeiro carro chinês produzido no Brasil ficou para depois.

JAC J3 cápsula do tempo sendo enterrado em local onde seria a fabrica da empresa em Camacari, na Bahia
JAC Motors chegou a enterrar um J3 no terreno onde construiria uma fábrica na Bahia; posteriormente, teve que desenterrar o veículo

Ficou para a chinesa Chery, que em 2014 inaugurou a fábrica de Jacareí, no interior de São Paulo, de onde saíram o Celer, hatch e sedan, e o subcompacto QQ. Depois, em 2017, a Caoa adquiriu 50% da fábrica da Chery, iniciando uma nova fase da marca chinesa no Brasil. Com o tempo, os modelos compactos foram sendo deixados de lado e os SUVs assumiram posição de destaque para a Caoa Chery.

Virada de chave

Os fabricantes chineses perceberam, rapidamente, que era melhor vender modelos com maior valor agregado, como os SUVs, pois esses têm um público consumidor que busca qualidade no acabamento, conjunto mecânico eficiente e tecnologia. E deu certo. Em pouco tempo as marcas chinesas mudaram seus portfólios e começaram a colher seus resultados.

Tanto a JAC quanto a Caoa Chery começaram a direcionar seu foco também para os carros eletrificados – híbridos, híbridos plug-in e 100% elétricos. Alguns modelos com preços bem competitivos, outros, nem tanto. O certo é que a Caoa Chery passou a ser vista como uma referência em carro chinês no Brasil, tendo como ponto forte as suas linhas Tiggo e Arrizo, com conjuntos a combustão e eletrificados.

Mas a concorrência vem aumentando e marcas como a BYD e GWM também querem conquistar espaço no mercado, trazendo modelos sofisticados, com muita tecnologia e conjuntos eletrificados que garantem economia e redução de emissões de poluentes. Porém, isso tem custo alto.

Haval H6 GT visto da diagonal frontal em movimento na estrada.
Haval H6 GT, da GWM: última novidade da indústria chinesa no Brasil

Vale a pena investir tanto em um carro chinês?

São automóveis com conteúdo à altura de modelos das marcas alemãs e de outras de renome no mercado mundial. Mas têm preços elevados, que fazem o consumidor pensar muito antes da compra. “Vale a pena investir cerca de R$ 300 mil ou mais em um carro chinês?”, é uma pergunta que ainda se ouve. “Esses carros são mesmo seguros e confiáveis?”, perguntam os leigos.

São dúvidas que devem persistir por mais um tempo, até que as marcas se estabeleçam no mercado brasileiro e o carro chinês deixe de ser uma incógnita. Para isso, é preciso investir na qualidade dos produtos, ampliar e cuidar da rede de concessionárias e garantir a reposição de peças, pontos que podem definir o sucesso ou o fracasso de uma marca.

O certo é que algumas marcas estão investindo pesado para melhorar a imagem do carro chinês no Brasil, e querem trazer produtos competitivos para conquistar o coração do consumidor. E você, já venceu o preconceito em relação aos modelos das marcas chinesas ou continua preferindo os carros das marcas tradicionais? Tem espaço na sua garagem e no seu orçamento para um carro chinês? Os fabricantes chineses esperam que sim.

Já testamos o Tiggo 8 Pro Hybrid, um carro chinês sofisticado, que tem preço de R$279.990: assista ao vídeo!

https://youtu.be/EPqzgn8BIrM