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Amarok: VW dá 'tapão' e recusa plataforma da nova Ford Ranger

Ao contrário da Volkswagen da África do Sul, a filial brasileira preferiu apenas aplicar um bisturi na velha picape

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Na África do Sul, a caminhonete usa o know-how da Ford Ranger, mas no Brasil a solução não será a mesma
Na África do Sul, a caminhonete usa o know-how da Ford Ranger, mas no Brasil a solução não será a mesma Foto: Na África do Sul, a caminhonete usa o know-how da Ford Ranger, mas no Brasil a solução não será a mesma

A trajetória da picape Amarok é tortuosa desde o início. Já no lançamento, o marketing da VW errou (feio) e ela chegou apenas com câmbio manual, apesar de o mercado pedir transmissão automática. Que custou a chegar.

Além disso, um problema deu muita dor de cabeça: ao invés de corrente, o motor da Amarok foi projetado com correia dentada no comando. Mas seu compartimento não era bem vedado e permitia a entrada de poeira. Se abrasiva, quando a picape circulava em regiões com ar contaminado, como as de mineração, a correia tinha sua vida útil ainda mais abreviada. E raramente chegava aos 120 mil quilômetros previstos pela fábrica.

Depois de pelejar para vedar melhor o espaço, a engenharia da Volkswagen decidiu instalar um complexo sistema de ventilação forçada na Amarok, impedindo assim a entrada do pó. Entre outros problemas frequentes, a válvula EGR (recirculação de gases) e a bomba de combustível foram motivo de muitas reclamações.

Sua manutenção é tão complexa que até criou-se um mito: um tal de Tiago, que tem oficina em Goiânia, ficou famoso e recebe unidades da Amarok de todo o país para solucionar problemas não resolvidos nem pelas próprias oficinas autorizadas.

A Amarok foi envolvida no escândalo do "dieselgate"

Lançada em 2010, cinco anos depois ela se envolve num dos maiores escândalos da indústria automobilística mundial: por ter o motor 2.0 turbo a diesel, foi incluída na fraude das emissões arquitetada pela Volkswagen em todo o mundo e descoberta nos EUA.

No Brasil, multas milionárias, recall para acerto do software da injeção e ações judiciais contribuíram para prejudicar sua imagem. Suas vendas nunca decolaram: no ano passado, foi novamente a última do ranking com 500 unidades vendidas mensalmente, enquanto a Toyota Hilux emplacou 4 mil por mês.

A Amarok oferecia dois motores: o 2.0 de quatro cilindros (o do “dieselgate”) e o V6, mas o primeiro foi descontinuado por não atender às normas ambientais que entraram em vigor em janeiro de 2022.

A esperança das concessionárias numa reviravolta se baseava numa nova geração da Amarok prevista para chegar este ano, através de uma parceria mundial entre Volkswagen e Ford: como a norte-americana é especialista há décadas em picapes, os alemães concordaram em “vestir” de Amarok a plataforma da novíssima Ranger.

O acordo na África do Sul deu certo, mas por aqui...

Na África do Sul, o plano foi seguido à risca e a nova picape da Volkswagen chega utilizando todo o know-how da Ford na nova Ranger. Na América do Sul, a parceria seria ainda mais fácil de se executar, pois as duas marcas produzem picapes na Argentina, ambas na mesma cidade, uma vizinha da outra. E tanto Ford como Volkswagen importam de lá a Ranger e a Amarok, aparentemente uma “sopa no mel”.

Nem sopa, nem mel: o prato azedou junto com o humor dos dirigentes da marca alemã, que não aprovaram a conta apresentado pelos norte-americanos para levar a plataforma da Ranger para o outro lado do muro, onde se produz a Amarok.

Segundo fonte da Ford, os diretores da VW alegaram que o valor pedido era exorbitante, aumentando custos e impossibilitando uma rentabilidade razoável na comercialização da Amarok no Brasil. A Ford estranhou, pois adotou na Argentina os mesmos critérios de seus parceiros na África do Sul para estabelecer os valores aprovados lá pela VW.

Briga daqui, discute dali e.... nada de acordo. Parceria desfeita na América do Sul, qual a solução adotada pela Volkswagen? Dar um “tapão” na fracassada Amarok, investindo num “facelift” para torná-la assemelhada com a produzida na África do Sul. O bisturi passeou também por seu interior para requintá-la e equipá-la com dispositivos eletrônicos para disfarçar sua imagem de antiquada.

A rede de revendas VW não sabe sequer quando a nova/velha Amarok vai chegar, mas a fábrica tem meta de vender 15 mil unidades ainda este ano. Será?

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