A Fiat Strada é daqueles carros inquestionáveis no mercado. É a picape mais vendida do país por mais de 20 anos, foi o veículo mais emplacado no ano passado na computação geral, tem mais de 80% de participação de mercado no seu segmento. E esse domínio não é de agora, com a nova geração lançada em 2020. O modelo já era um fenômeno desde sua primeira fase. A Fiat Strada Adventure é a versão mais “queridinha” do modelo.
Desenvolvida sobre a plataforma do Palio de 1996, a primeira Strada foi apresentada em 1998 como terceira carroceria derivada do hatch (antes teve o sedã Siena e a station-wagon Palio Weekend) e com a missão de substituir a Fiorino para manter a tradição da Fiat no segmento de picapes pequenas. Tinha duas motorizações (1.5 Fiasa e 1.6 Sevel) e versões Working e Trekking.
Foram só as primeiras de muitas opções e variantes, e com a marca do pioneirismo que pontua a trajetória do modelo: foi a primeira picape compacta a ter opção de cabine estendida. Só que a configuração mais significativa dentro desta história nasceu em 2002.
A Fiat Strada Adventure substituiu a Trekking como topo de linha e adotou as mesmas soluções que fizeram sucesso na versão aventureira da perua do Palio, lançada três anos antes e que já representava metade das vendas da station-wagon.
Já com a reestilização de 2001, a Fiat Strada Adventure apostou no desenho “jipeiro”. Faróis de longo alcance, estribos laterais, pneus de uso misto, para-choque de impulsão, rodas de liga-leve esportivas e cabine estendida com acabamento diferenciado. Mecanicamente, altura maior do solo, e suspensão reforçada e elevada.
A Fiat Strada Adventure ganhou motor 1.8 8V de origem General Motors, que em 2003 virou flex. Aos poucos passou a representar um percentual elevado das vendas de toda a linha e manteve o caráter pioneiro. Em 2008, após outra remodelação, tornou-se a primeira do segmento a ter bloqueio automático do diferencial dianteiro, chamado de Locker, e, um ano depois, estreou a configuração cabine dupla.
Trocou o motor da GM pelo 1.8 16V E.torQ e adotou a terceira porta nas variantes de cabine dupla na carona de mais um face-lift, em 2013. Teve até uma série especial específica para a Fia Strada Adventure, a Extreme, em 2015, que vinha com central multimídia e representou um dos últimos movimentos da então configuração topo de linha desta primeira geração da picape.
Atualmente, a picape é opção farta no mercado de usados, onde mantém sua reputação de robustez. Especialmente a Fiat Strada Adventure, que atrai pelo design diferenciado, lista de equipamentos mais generosa e o porte mais alto, além da conveniência das cabines estendida e dupla. Por isso, entenda 10 fatos sobre a Strada aventureira.
1 Como é o desempenho da Fiat Strada Adventure?
A Strada Adventure sempre teve os motores maiores de suas respectivas linhas. Verdade que o 1.6 16V de 106cv nem esquentou lugar na opção “pseudo-off-road” da picape compacta, que logo herdou o motor 1.8 8V fruto de uma parceria entre GM e Fiat. Em 2003, o conjunto virou flex, com potência de 110cv (e)/106cv (g) e torque de 18,4kgfm (e)/17,5kgfm (g) a 3,000rpm, o que garante boas retomadas ao modelo.
Em 2010, depois de comprar a Tritec (fábrica de motores no Paraná criada por uma joint-venture entre BMW e Chrysler), a Fiat passou a equipar a Strada Adventure com o motor 1.8 16V E.torQ. Com 132cv (e)/130cv (g), a picape ganhou em desempenho, com acelerações mais ágeis – 0 a 100km/h em 10,3 segundos. Porém, fique atento ao rodar áspero deste conjunto e ao consumo.
2 Consumo da picape compacta
Pois é, a Fiat Strada Adventure está longe de ser uma picape econômica. O motor E.torQ, que nunca foi referência em eficiência, e o peso de 1.200kg pouco contribuem. Na tabela do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro, de 2017, a configuração anotou as seguintes médias:
- Consumo etanol cidade: 6,7km/l
- Consumo etanol estrada: 7,5km/l
- Consumo gasolina cidade: 9,6km/l
- Consumo gasolina estrada: 11,0km/l
- Nota categoria: D
- Nota geral: C
- Selo de eficiência: não
3 Câmbio deixa a desejar
O câmbio dos carros da Fiat, em especial dessa família Palio, também não são o suprassumo em sincronia e agilidade. Além dos engates esponjosos e pouco precisos, a alavanca da transmissão manual de cinco marchas ainda tem curso longo. O escalonamento com o 1.8 E.torQ também deixa a desejar, e é preciso esticar bem o motor entre a terceira e a quinta marcha.
4 A melhor opção da Fiat Strada Adventure
Indicamos a Strada Adventure 1.8 16V manual ano 2015, que tem um nível de equipamentos interessante e valores de mercado condizentes. Pela tabela Fipe, a cabine dupla de três portas tem preço referência de R$ 66.582, enquanto a cabine estendida fica em R$ 59.168.
Em sites de compra e venda, como Webmotors e Mobiauto, os anúncios de Strada Adventure CD ficam entre R$ 65 mil e R$ 72 mil. Já a CE vai de R$ 56 mil a R$ 62 mil (valores levantados em julho de 2022).
5 Robustez e ponto forte da picape
Uma das razões para o sucesso da Strada é sua fama de “pau para toda a obra”, mesmo na variante aventureira. Com uma robusta suspensão por eixo rígido com molas parabólicas na traseira, o modelo tem boa capacidade de carga, podendo levar 650kg na CD e até 685kg, na CE.
No caso da Adventure ainda há a suspensão pouco mais alta com amortecedores reforçados para aguentar o tranco de estradas mais maltratadas. A altura do solo de 20cm e os pneus de uso misto a deixam-a mais à vontade em trechos de terra.
6 Mas não é off-road! Que fique claro!
Apesar do que o nome e o desenho possam sugerir, a Strada Adventure não é um fora de estrada. Graças ao vão livre do chão e ao jogo de suspensão mais robusto e alto, até aguenta mais o tranco em pistas sem pavimentação e mesmo mais esburacadas, mas não é um 4x4, muito menos um trilheiro.
Mesmo o dispositivo Locker, o bloqueio do diferencial dianteiro, é uma função mais voltada para situações peculiares. No máximo o acionamento do sistema vai te tirar de um atoleiro leve.
7 Caçamba generosa com bastante espaço para carga
A Strada sempre se destacou pelo bom volume da caçamba, o que a torna versátil para transportar diferentes tipos de mercadorias e cargas. A altura de 52cm e a largura de 1,32m são de praxe em toda a linha, enquanto a cabine estendida oferece 1,30m de comprimento e 800 litros de capacidade.
A caçamba da cabine dupla, por sua vez, tem 1,02m de comprimento e 580 litros de volume. Todas as variantes da Strada têm a facilidade da tampa traseira removível, enquanto as versões Adventure oferecem ganchos de fixação, protetor do assoalho e capota marítima.
8 Conforto não é ponto forte na Fiat Strada Adventure
Apesar da cabine dupla, a Strada está longe de ser um latifúndio internamente. Os dois banquinhos na parte de trás do habitáculo acomodam adultos de estatura normal e não há muitas folgas para os passageiros.
O acesso também não é dos melhores, já que a terceira porta é do lado do carona e que abre no sentido inverso – o cinto de segurança pendurado e o teto baixo ainda obrigam os ocupantes a certos contorcionismos na hora de entrar.
Pelo menos, a suspensão lida bem com o asfalto ruim, mesmo com a caçamba vazia, sem sacolejos exagerados. O isolamento acústico é apenas razoável e o acabamento, apesar de muito plástico, tem um estilo bacana.
9 Confira alguns preços de manutenção
A questão da robustez também recai sobre a manutenção. Apesar de o motor 1.8 ser mais complexo de mexer do que nos Fire da vida, não chega a ser um Bicho Papão. As peças também têm preços normais e são fáceis de achar.
- Jogo de velas: de R$ 70 a R$ 120
- Jogo de pastilhas de freio dianteiros: de R$ 90 a R$ 170
- Bomba de combustível: de R$ 200 a R$ 350
- Kit de amortecedor traseiro: de R$ 1.000 a R$ 1.400
- Óleo (5 litros 5w30 Mopar) + filtro: de R$ 580 a R$ 650
10 Fique atento a alguns detalhes
Há muitas queixas em fóruns e no site do Reclame Aqui quanto à infiltração na cabine da Strada Adventure. Por isso, fique atento às vedações de janelas e portas, se há cheiro de mofo no habitáculo e partes úmidas no assoalho do modelo que você for ver.
Também ouvido atento a barulhos estranhos vindos da suspensão, como estalos. Marchas arranhando também são reclamações constantes. Por falar em câmbio, fuja das versões com a caixa automatizada Dualogic, que atrapalha o desempenho e é mais desvalorizada no mercado de segunda mão.
A primeira Strada teve uma série de recalls. Os mais recentes foram para troca do sensor de seleção de marchas de modelos produzidos em 2017, substituição dos relés dos sistemas de ignição e injeção de picapes feitas entre 2017 e 2018, e para troca do alternador e da bobina de ignição em unidades fabricadas em 2016 e 2017.
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