A Citroën prepara o lançamento do novo C3 Aircross ainda para este ano, porém, esse carro já existiu. Bem diferente do SUV de sete lugares que virá, o nome deu vez a uma minivan aventureira bastante “disruptiva”.
O Citroën C3 Aircross lançado na década passada foi uma variante "off-road light" do C3 Picasso. A estratégia era simples: tentar surfar nas boas vendas da Xsara Picasso e beliscar o segmento de hatches aventureiros e do Ford EcoSport com espaço maior.
A estratégia não deu lá tanto resultado por diversas razões. Mesmo assim, o C3 Aircross fez sua presença. E hoje é uma opção para quem precisa de um monovolume espaçoso por dentro e compacto por fora, e com design “jipeiro”. Confira 10 fatos sobre o Citroen C3 Aircross.
1 – Um pouco da trajetória do modelo francês
Tudo começou em 2007. A então PSA Peugeot/Citroën começou a desenvolver o projeto de um monovolume compacto em cima da primeira geração do C3. Três anos depois, a marca francesa apresentou o C3 Aircross.
A pegada aventureira, inclusive, falou mais alto nos planos da Citroën, uma vez que o C3 Aircross surgiu quase um ano antes que a C3 Picasso, versão civil da minivan. A plataforma, contudo, era a mesma, assim como a única opção de motor 1.6 16V.
Nos dois anos seguintes, o modelo ganhou opção de câmbio automático e o motor 1.6 passou a gerar mais potência e recebeu sistema de partida a frio Flex Start. Em 2015, a Citroën resolveu fazer um relançamento do carro. Rebatizado apenas Aircross, foi reestilizado e ganhou versões de entrada com motor 1.5.
Esse propulsor não durou nem três anos na linha. Ao mesmo tempo, o C3 Aircross ainda teve a potência do motor 1.6 reduzida para tentar aplacar a sede do carro – como você verá a seguir. Produzido em Porto Real (RJ), o monovolume saiu oficialmente de linha em 2020.
2 – Como é o desempenho do Citroën C3 Aircross?
O motor 1.5 8V de 93cv (etanol)/89cv (gasolina) é pouco para o peso de 1.200kg do Citroën C3 Aircross. Apesar das relações iniciais curtas, é preciso esticar as marchas para não deixar a minivan perder fôlego e manter o giro lá no alto.
O 1.6 16V nos modelos acima de 2012 são outra história. Os 122cv (e)/115cv (g) conseguem mover o monovolume com muito mais destreza. É possível trabalhar melhor o câmbio manual. Mesmo assim, o 0 a 100km/h leva quase 13 segundos.
Só não espere muito das retomadas no C3 Aircross, já que, além do peso maior (1,3 tonelada), os 16,4kgfm (e)/15,5kgfm (g) de torque máximo só aparecem perto das 4.000rpm. No caso do câmbio automático de quatro marchas, este apresenta alguma imprecisão em médios giros, mas oferece conforto
3 - Mas o consumo…
O consumo é um ponto fraco do Citroën C3 Aircross. Confira algumas médias aproximadas, nos ciclos com etanol/gasolina.
Citroën C3 Aircross 1.5
- Consumo cidade: 7,2km/l (e) e 8,3km/l (g)
- Consumo estrada: 10,6km/l (e) e 12,4km/l (g)
Citroën C3 Aircross 1.6 16V
- Consumo cidade: 7,6km/l (e) e 8,8km/l (g)
- Consumo estrada: 10,9km/l (e) e 12,8km/l (g)
Citroën C3 Aircross 1.6 16V AT
- Consumo cidade: 7,2km/l (e) e 8,2km/l (g)
- Consumo estrada: 10,2km/l (e) e 11,7km/l (g)
4 – Dinâmica boa ao rodar
Apesar da altura de quase 1,70 metro e do peso, a minivan não é bobona. Em curvas, a carroceria torce dentro da normalidade e a calibragem da suspensão, com eixo de torção e molas helicoidais na traseira, confere bom equilíbrio ao monovolume pseudo off-road.
A direção do Citroën C3 Aircross também agrada. Pede correções mínimas acima dos 100km/h – vamos lembrar que falamos de um carro com proposta familiar. As frenagens mais bruscas carecem de um pouco mais de firmeza, porém, nada que desabone a segurança da minivan.
5 – Conforto é ponto forte?
É a grande proposta do Citroën C3 Aircross. Afora a posição de dirigir elevada e bastante agradável, o carro oferece bom espaço para motorista e carona. Joelhos e pernas ficam à vontade e o condutor ainda tem ampla área envidraçada para conferir tudo que se passa ao redor do veículo.
O banco traseiro merece destaque. Apesar dos 2,54m de distância entre-eixos, há espaço suficiente para dois adultos e uma criança. O teto elevado e a boa largura de 1,72m ainda aumentam a sensação de amplitude na cabine.
Com 4,28m de comprimento, sobra um bom porta-malas de 403 litros, que recebe uma mala grande e duas pequenas sem dramas. Isolamento acústico competente e acabamento interno de bom gosto completam o ambiente a bordo do C3 Aircross.
6 - Por que não vendeu tanto?
A Citroën sempre teve uma expertise em minivans e quis se valer disso para tentar inaugurar um segmento de monovolumes com apelo off-road. Só que não conseguiu seduzir os clientes de um segmento, nem de outro. Tampouco os consumidores de SUVs como Ford EcoSport e Renault Duster.
Para piorar, as minivans já começavam a dar sinais de fraqueza no início dos anos 2010. Apesar da jogada certeira de lançar primeiro a versão aventureira Aircross do C3 Picasso, os SUVs já indicavam o futuro. O consumo elevado do C3 Aircross só piorou as coisas para o monovolume compacto da marca francesa.
7 - Nossa dica de melhor versão
O Citroën Aircross Shine com motor 1.6 16V – ainda com potência maior – e câmbio automático de quatro velocidades é a nossa sugestão. O modelo 2017 tem preços em torno de R$ 50 mil e é um dos mais completos da gama da minivan.
Na segurança, além dos airbags frontais e freios com ABS já obrigatórios naquela época, recebe câmera e sensor de ré. Tem ainda ar-condicionado automático, direção elétrica, trio elétrico, volante com ajustes de altura e de distância, sensores crepuscular e de chuva, controle de cruzeiro, bancos revestidos em couro e rodas de liga leve.
Garimpando, é possível encontrar exemplares do Citroën Aircross Shine 2017 com central multimídia. Era um opcional que agrega GPS nativo e permite espelhamento do celular.
8 - Séries legais do C3 Aircross
A primeira tiragem limitada do Citroën C3 Aircross foi a Atacama, em 2013, em alusão ao deserto de mesmo nome no Chile. Nas versões GLX e Exclusive 1.6, a série traz detalhes no design, como aplique plástico no para-choque dianteiro, barras de teto transversais e cobertura do estepe exclusiva do modelo.
Depois foi a vez do Citroën Aircross Salomon, que teve duas edições. A primeira, em 2014, com 470 unidades, e a segunda, em 2017, com 700 carros. Mais uma vez, o foco foi em um design diferenciado por revestimento cinza nas capas dos retrovisores, nas maçanetas e nas molduras do para-choque.
Além disso, a série limitada traz adesivos nas laterais e na tampa do porta-malas e rodas de liga leve diamantadas com aros de 16 polegadas. O modelo 2017 foi vendido com motores 1.5 e 1.6 e em quatro opções de cores: branco sólido, branco perolizado, cinza metálico e vermelho metálico.
Em 2019, praticamente a despedida do C3 Aircross com a série 100 Anos Origins, em homenagem ao centenário da Citroën. Também adotada no C3 e no C4 Cactus, a tiragem limitada a 100 unidades do monovolume oferece apliques, rodas de liga leve exclusivas, luz de condução diurna e central multimídia.
9 – Uma ideia dos gastos de manutenção
Apesar da má fama dos modelos Citroën, o motor do C3 Aircross é o mesmo usado em outros modelos da marca e também da Peugeot. Os preços dos componentes mecânicos são normais, mas as peças externas merecem atenção.
Preços de algumas peças do Citroën C3 Aircross 1.6:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 150 a R$ 230
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 120 a R$ 170
- Bomba de combustível: de R$ 250 a R$ 400
- Kit troca de óleo (4 litros 5w30 + filtro): de R$ 250 a R$ 350
- Amortecedor traseiro: de R$ 220 a R$ 450
- Para-choque traseiro: de R$ 750 a R$ 1.100
- Farol direito: de R$ 700 a R$ 1.300
10 – Os principais problemas do C3 Aircross
Apesar do conforto propiciado, o câmbio automático do Citroën C3 Aircross merece atenção. Veja se o antigo dono fez a manutenção correta e se a troca do fluido está em dia. Existem muitos relatos de travamento da transmissão.
A minivan aventureira também costuma apresentar problemas na parte elétrica. Fique atento ainda aos coxins do motor e ao excesso de vibração e a ruídos na suspensão dianteira.
O Citroën C3 Aircross foi submetido a algumas campanhas de recall:
- para troca dos flexíveis do freio dianteiro em unidades feitas entre 2010 e 2012;
- substituição dos airbags frontais em unidades produzidas de 2010 a 2014;
- para correção da trava do capô nos Citroën C3 Aircross 2011;
- troca dos braços da suspensão em modelos 2013;
- reparo do sistema de injeção e troca do servofreio em carros fabricados entre 2017 e 2010.
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