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BYD Song Premium agrada, mas pelo preço, Haval H6 é mais negócio

O SUV híbrido da BYD tem qualidades, mas o preço salgado e custo-benefício fazem o Haval H6 ou o Song Plus uma escolha mais racional

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BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

As marcas chinesas estão firmes no Brasil, e a GWM liderou com o Haval H6, SUV híbrido mais vendido na versão HEV em 2024, porém o modelo é oferecido também na versão PHEV34 e GT com 393 cv e 77,7 kgfm. A BYD, de olho nesse nicho, que vende bem, lançou o Song Premium, um SUV médio híbrido plug-in com tração integral e mais potência que o Song Plus (235 cv) e Song Pro (223 - 235 cv). 

Por R$ 299.800, ele custa R$ 55.000 a mais que o Song Plus (R$ 244.800) e R$ 11.800 acima do Haval H6 PHEV34 (R$ 288.000). Mas será que o preço justifica o investimento frente a esses concorrentes? É isso que a BYD quer tentar atrair com acabamento mais premium, mais potência e autonomia que o Song Plus e alguns mimos a mais para roubar alguns compradores do Haval que querem mais potência. 

O BYD Song Premium segue a identidade Ocean/Dynasty, com visual inspirado no sedã Seal — podemos chamar de “SUV do Seal”. Trata-se de um facelift do Song Plus chinês, trazendo faróis curvados e modernos, grade integrada à carroceria com filetes horizontais que se afinam nas extremidades e luzes DRL embutidas no para-choque. 

As laterais destacam rodas cromadas de 19 polegadas (pneus 235/50), enquanto a traseira evolui o design do Song Plus, com lanternas LED mais robustas interligadas por uma faixa luminosa na tampa do porta-malas, que exibe a inscrição “BYD” centralizada, mas sem iluminação, diferente do modelo chinês.

DIMENSÕES E ERGONOMIA

O BYD Song Premium tem porte próximo de Toyota SW4 (4,79 m) e Jeep Commander (4,76 m), mas sem terceira fileira, com 4,77 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,67 m de altura e 2,76 m de entre-eixos. É maior que o Song Plus (4,70 m, 2,76 m de entre-eixos) e o GWM Haval H6 (4,68 m, 2,73 m de entre-eixos).

 

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

No banco traseiro, sobram quatro dedos entre o joelho e o assento dianteiro para quem tem 1,88 m, com o banco quase todo recuado, além de saídas de ar, portas USB-C e USB-A e portas acolchoadas, ou seja, espaço bem generoso e confortável. O porta-malas de 574 litros iguala o Song Plus e supera os 560 l do Haval H6.

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

A ergonomia para quem dirige é bem resolvida. Os bancos com ajustes elétricos, inclusive para o passageiro, têm boa amplitude, facilitando encontrar a posição ideal. O console central alto deixa botões e controles ao alcance, enquanto o volante, com regulagem de altura e profundidade, oferece empunhadura firme, mas poderia ter uma extensão maior. O SUV também oferece uma boa visibilidade e alta. 

MOTORIZAÇÃO

O destaque do BYD Song Premium é sua motorização híbrida plug-in, combinando um motor 1.5 turbo a gasolina de quatro cilindros com injeção multiponto – sistema que injeta combustível em vários pontos para maior eficiência – de 129 cv, e dois motores elétricos, um por eixo, totalizando 324 cv. O torque não foi divulgado, e a bateria de 18,3 kWh fica sob o assoalho. 

Comparado ao Song Plus, que usa um 1.5 aspirado de 110 cv e totaliza 235 cv, o Song Premium ganha 89 cv com o motor turbo, mas fica abaixo dos 393 cv do GWM Haval H6 PHEV34, com bateria de 34 kWh. A potência moderada não decepciona. A BYD divulga de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos, enquanto nossos testes marcaram 6 segundos, contra 8,5 segundos do Song Plus e 4,9 segundos do Haval H6. 

E o Song Premium consegue entregar esse desempenho sólido, mas sem arroubos. Seu torque não impressiona como o do GWM Haval H6, mas a tração AWD dá saídas bem mais vigorosas que o Song Plus, permitindo ultrapassagens seguras na estrada, mesmo com a bateria mais baixa. 

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

O motor 1.5 turbo, ao contrário dos aspirados de outros BYDs, move os 2.020 kg com disposição e ajuda o SUV ganhar velocidade bem rápida, e os pneus, menos aderentes que o ideal, não cantam em arrancadas, diferente de outros modelos da marca, justamente por ter tração AWD. 

Não espere emoção ao volante, esportividade não é o foco. Apesar dos bons números de torque e aceleração rápida, a sensação é mais funcional e menos empolgante que o Haval, mas é suficiente. Na estrada, o Song Premium realiza bem as ultrapassagens, com segurança até com pouca carga na bateria. 

Em velocidade de cruzeiro, o volante tem peso ideal, e o conforto prevalece, mas basta acelerar mais em estradas para a suspensão (McPherson na frente e Multilink atrás) dar uma leve chacoalhada, e piora se a rodovia tiver bastante ondulações, o que faz perder um pouco a segurança. 

A calibragem, voltada para conforto, não foi ajustada para a potência extra e se mostra mais frágil em velocidades altas e por isso poderia ter recebido uma firmeza maior, nem que seja nos amortecedores. 

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

Já na cidade, o SUV cumpre bem seu papel. A suspensão macia, típica dos chineses, absorve buracos com suavidade, graças ao longo curso, garantindo conforto e suavidade. Em curvas, o Song Premium se sai bem para seu porte, com pouca inclinação da carroceria, com o volante responsivo e a bateria no assoalho equilibrando o carro. 

Porém, em pista molhada, a tração AWD não segurou a trajetória em curvas mais fechadas, por justamente a falta de aderência dos pneus. Os freios, por outro lado, são ótimos e sensíveis, mesmo em pisadas fortes, superando o Haval H6 nesse ponto. O isolamento acústico é outro acerto, com pouco ruído de rodagem ou vento na estrada. Mas, quando o motor 1.5 turbo DM-i entra em ação, seu barulho invade um pouco a cabine.

CONSUMO

O BYD Song Premium prioriza a bateria sobre o motor a combustão para otimizar o consumo. Em nossos testes no modo híbrido (HEV), fizemos 18,5 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada, números típicos de híbridos, já que o motor 1.5 turbo DM-i trabalha mais em rodovias. No modo 100% elétrico, rodamos 65 km, superando os 52 km do Inmetro, até a bateria atingir 24%, quando o modo EV é desativado para preservar a carga. Nesse cenário, o consumo médio foi de 16,3 km/l, excelente para um SUV de 2.020 kg com sua performance.

O Inmetro aponta, com o motor a gasolina como gerador, 13,1 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada. No modo híbrido, os números são de 39,6 km/l no ciclo urbano e 27,4 km/l no rodoviário. Com um tanque de 57 litros, a autonomia total varia entre 800 km na cidade e 700 km na estrada. Comparado ao Song Plus, que tem 105 km de alcance elétrico e 1.200 km totais, a bateria de 18,3 kWh do Premium foca mais em potência do que em eficiência energética.

No modo Save, acessado na “Gestão de energia” pela multimídia, o motor a combustão recarrega a bateria, com opções de 25% a 70% de carga. Porém, o consumo piora, já que o motor 1.5 turbo de 129 cv e 22,4 kgfm precisa mover mais de 2 toneladas, reduzindo a autonomia. Essa função é útil para quem quer a potência maior dos motores elétricos, mas não ideal. 

O mais ideal é ter um wallbox em casa, onde  a recarga em corrente alternada (AC) tem potência de 6,6 kW, o que garante economia ao manter a bateria cheia para uso urbano no modo elétrico. O Song Premium não suporta recarga rápida em corrente contínua (DC).

INTERIOR E EQUIPAMENTOS 

O interior do BYD Song Premium é praticamente idêntico ao do Song Plus, com três diferenças: head-up display (HUD), dois carregadores por indução e uma manopla de câmbio mais discreta. Fora isso, o acabamento é o mesmo: tabelier, painel e portas com materiais premium e acolchoamento, detalhes em preto brilhante, iluminação ambiente e boa montagem, bem refinado.

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

O painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas tem boa resolução e é fácil de usar, mas o design não impressiona. Já a central multimídia de 15,6 polegadas é o grande destaque, com interface intuitiva, navegador integrado, Spotify e outros apps. Porém, o Waze apresentou travamentos no localizador em alguns momentos, fazendo eu até perder o caminho. O sistema de som Infinity, com dez alto-falantes, entrega áudio de ótima qualidade.

Em segurança, o Song Premium repete o pacote ADAS do Song Plus: controle de cruzeiro adaptativo com Stop and Go, frenagem autônoma de emergência, assistente de faixa com centralização, câmeras 360°, faróis automáticos com comutação inteligente, alertas de ponto cego e tráfego cruzado, controles de tração e estabilidade, freios ABS, faróis com regulagem de altura, vidros e travas elétricas. 

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

BYD Song Premium
BYD Song Premium Foto: Luiz Forelli/Vrum

É uma lista robusta, mas esperada pelo seu preço. Faltam itens que o GWM Haval H6 oferece, como frenagem autônoma em manobras, Park Assist (estacionamento automático com saída de vaga) e memória para os bancos, que justificariam melhor o preço.

Entre outros equipamentos de série, o SUV traz ar-condicionado digital automático de duas zonas, ventilação e aquecimento nos bancos dianteiros, direção elétrica progressiva, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, retrovisor fotocrômico, limitador de velocidade, rodas de 19 polegadas (pneus 235/50 R19), teto solar panorâmico elétrico, bancos dianteiros com ajuste elétrico, retrovisores elétricos, chave presencial, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, sistema start-stop e comandos via aplicativo. 

É um pacote generoso, mas a ausência de diferenciais frente ao Song Plus reforça a sensação de que o preço cobra mais do que entrega. 

O BYD Song Plus Premium está disponível em quatro cores de carroceria: Branco, Cinza Claro, Cinza Escuro e Preto. Além disso, o interior tem acabamento premium nas cores Cinza Claro e Caramelo.

RESUMO DA ÓPERA 

O BYD Song Premium é um SUV híbrido que não faz feio. Entrega eficiência de sobra, com consumo elogiável e desempenho sólido. É confortável na cidade e na estrada e tem acabamento caprichado. Mas o grande “porém” está no preço de quase R$ 300 mil, R$ 55 mil mais caro que o Song Plus. Para um salto tão grande no valor, a lista de equipamentos deveria ser mais generosa.

Comparado ao GWM Haval H6, o Song Premium leva desvantagem. O rival oferece mais potência, torque e aceleração, além de vir mais equipado por um preço menor. Quem busca custo-benefício encontra no Haval H6 uma escolha mais racional. Ele cumpre bem seu papel, mas o custo-benefício não convence, principalmente quando o mercado tem opções mais vantajosas.

O Song Premium parece feito sob medida para um público específico: fãs da BYD que querem algo mais potente que o Song Plus, mas sem abrir mão da marca. Fora desse nicho, o SUV perde apelo. As grandes vendas da BYD estão no Song Pro, o híbrido mais barato do Brasil, e no próprio Song Plus, que equilibra preço, equipamentos e eficiência com mais harmonia. Para quem prioriza potência, o Song Premium entrega, mas o investimento só vale se o coração bater forte pela BYD.

FICHA TÉCNICA

Preço: R$ 299.800 (abril 2025)

Motor: Diant., transv., 4 cil. em linha, 1.5, turbo, gasolina, 16 V, mais dois elétricos, dianteiro traseiro 

Potência (combinada): 324 cv

Torque (combinado): N/d

Câmbio: Automático 

0 a 100 km/h: 5,8 segundos

Bateria: 18,3 kWh (LFP)

Consumo (Inmetro): 13,1 km/l (urb.) (G) / 11,1 km/l (rod.) (G) / 39,6 km/le (urb.) (Elétrico) / 27,4 km/le (rod.) (Elétrico)

Carregamento máx.: 6,6 kW (AC)

Autonomia: 52 km (Inmetro)

Direção: Elétrica

Suspensão: Independente, McPherson (diant.) e multilink (tras.)

Tanque: 57 litros

Freios: Discos ventilados (quatro rodas)

Pneus: 235/50 R19

DIMENSÕES

Comprimento: 4,77 metros

Largura: 1,89 m

Altura: 1,67 m

Entre-eixos: 2,76 m

Peso: 2.020 kg

Porta-malas: 574 litros 

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