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Indústria automobilística europeia enfrentará grandes problemas econômicos

O pior cenário econômico está prestes a vir à tona para as fabricantes europeias devido à inflação e à possível falta de gás russo

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Especialistas alertam sobre perigo iminente para a economia automobilística europeia
Especialistas alertam sobre perigo iminente para a economia automobilística europeia Foto: Especialistas alertam sobre perigo iminente para a economia automobilística europeia

A indústria automobilística europeia vive um bom momento econômico; mesmo vendendo menos carros do que em anos anteriores, as montadoras vêm obtendo lucro. Os resultados financeiros, consequentemente, estão no azul. No entanto, essa maré boa está prestes a acabar…

É isso o que alerta alguns analistas. Para eles, o inverno será pesado tanto para as marcas de automóveis quanto para a economia de modo geral, já que uma desaceleração em nível global está se aproximando em função, principalmente, da inflação. 

A filial financeira da Volkswagen, por exemplo, já estima que os lucros do grupo vão diminuir ainda este ano. Tudo isso devido ao aumento dos juros e da inflação, que começam a pesar na demanda por carros.

Até agora, o descompasso entre oferta e demanda guiavam as principais reduções de vendas de carros. Nesse caso, os fabricantes não conseguem acompanhar os pedidos, entregam menos carros e focam naqueles de maior valor agregado (acabamentos de primeira linha, elétricos e PHEVs, etc).

Indústria automobilística terá menor demanda

Porém, o problema daqui pra frente parece ser outro; os fabricantes começam a notar uma queda na demanda e nos pedidos.

Segundo Frank Fiedler, diretor financeiro da Volkswagen Financial Services, os clientes estão começando a ficar divididos entre comprar um carro novo ou estender o contrato de aluguel existente por alguns meses devido a preocupações econômicas, como o aumento dos preços da energia. 

Ao mesmo tempo, a BMW já vem observando um declínio notável nos pedidos na Europa.

Carros em linha de produção em fábrica.
Montadoras já observam declínio notável nos pedidos de automóveis

Inflação

A inflação é a principal responsável por frear a demanda das pessoas por novos automóveis. Além disso, ela vem acompanhada do aumento das taxas de juros. Tudo isso dificulta o financiamento, tornando-o mais caro. 

Para piorar, esse cenário lida, também, com os custos cada vez mais altos de fabricação de veículos. 

A Continental, por exemplo, uma das maiores fornecedoras das montadoras, explicou que deve arcar com cerca de 3,5 bilhões de euros (US$ 3,6 bilhões) em custos adicionais de matérias-primas, energia e logística, com preços de contêineres no exterior multiplicados por oito em alguns casos.

No caso da Renault, o Arkana, um de seus modelos líderes de vendas na Europa, já teve o preço elevado em 1.000 euros de um mês para o outro. 

Frente a isso, se o crescimento da atividade econômica na indústria automobilística prometia ser poderoso após a pandemia, agora, essa expectativa já está comprometida.

Carros cobertos com embalagem branca em fileiras em estacionamento.
Inflação freia a demanda por carros

Possível falta de gás russo 

Com a inflação em ascensão na Europa, a dependência do gás russo piora ainda mais o cenário do continente, especialmente na Alemanha. 

A economia alemã se estagnou no segundo semestre de 2022, por exemplo, frente a uma ameaça de racionamento de energia caso a Rússia cortasse o fornecimento de gás. 

Nesse contexto, o país já avisou que priorizará o fornecimento de gás às residências em detrimento da indústria em caso de escassez neste inverno, já que ele planeja abrir um novo gasoduto que passaria pela Espanha.

Todos esses fatores são vistos por alguns especialistas como alertas que não devem ser ignorados pelos velejadores do segmento automobilístico.