Em uma entrevista concedida a Autocar neste mês, o cientista chefe da Toyota, Gill Pratt, expressou sua posição divergente em relação aos carros elétricos. Para ele, os EVs não são a solução definitiva para o transporte dentro da temática dos problemas sociais e ambientais.
Pratt acredita que o contexto é muito mais amplo e não pode ser resumido a uma simples "fórmula mágica". Sendo assim, ele defende que outras alternativas sejam consideradas nesse longo processo de desaceleração das mudanças climáticas causadas pelos automóveis. Dentre elas, estão os carros híbridos e os de hidrogênio.
De acordo com o cientista, o que acontece, então, é que os EVs, superestimados, acabam fechando a mente das pessoas para outras soluções tecnológicas.
“O erro que está sendo cometido agora é que algumas pessoas pensam que os EVs são a bala de prata”, disse Pratt à Autocar.
Ele reconhece que os carros elétricos contribuem para a redução da emissão de CO², mas considera que, a longo prazo, eles somente não serão suficientes.
O problema dos carros elétricos
Segundo Gill Pratt, a maioria dos problemas relacionados aos EVs decorre de suas baterias, que são feitas de materiais pesados e de disponibilidade limitada na natureza e que resultam em processos de fabricação com grandes emissões de CO².
Para ele, esses obstáculos são superáveis, mas isso leva tempo e não é "da noite para o dia".
"Há um elemento de arrogância em declarar que carros elétricos devem ser fabricados até uma determinada data, porque ninguém pode prever com precisão o fornecimento de matérias-primas ou o impacto no planeta de criá-los e usá-los", acrescenta Pratt.
Por isso, o cientista chefe da montadora japonesa aposta nos híbridos como uma alternativa interessante que deve ser levada em conta. Nesse caso, ele defende, especificamente, os híbridos plug-in (PHEVs). Eles usam menos material de bateria do que os EVs e o usam com mais eficiência.
Outro caminho sugerido por Pratt é o automóvel movido a hidrogênio. Nesse sentido, ele reforça a sua opinião de que não se pode forçar uma única solução para todos os problemas, pois isso comprometeria o espaço das outras circunstancialmente possíveis e, até mesmo, mais apropriadas.
A verdade é que o quebra-cabeça do transporte sustentável ainda está sendo desvendado pela humanidade. E se o principal cientista de uma das maiores montadoras do mundo admite que nem ele sabe dizer qual é a saída definitiva para essa problemática, então é justo dizer que o resto de nós também não.