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CUIDADOS VALIOSOS

Cheiro de carro novo é perigoso? Estudos apontam riscos à saúde

Aquele aroma marcante dos carros zero quilômetro vem de substâncias químicas que podem ser tóxicas

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GAC Aion S Max
GAC Aion S Max Foto: Divulgação

O cheiro de carro novo é tão gostoso quando abre a porta e muito querido por vários muitos brasileiros, porém eles podem esconder riscos à saúde. Estudos apontam que o aroma vem de compostos orgânicos voláteis (VOCs), como benzeno e formaldeído, liberados por plásticos, colas e tecidos do interior do veículo, alguns com potencial cancerígeno em longas exposições. 

“Esses produtos químicos são muito voláteis, movendo-se facilmente dos plásticos e têxteis para o ar que você respira”, alertou David Volz, toxicologista da Universidade da Califórnia, em um estudo de 2021. Esse odor contém vapores de substâncias tóxicas que podem causar desde náuseas até doenças graves. Com 20 minutos diários em um carro novo, o risco de inalar doses perigosas aumenta.

Hyundai Creta 2025
Hyundai Creta 2025 Foto: Luiz Forelli/Vrum

O aroma característico de um carro zero km é uma mistura de vapores liberados por materiais como plásticos, colas, tintas, espumas, tecidos e vinil usados no acabamento interno. Esses materiais contêm VOCs, como tolueno, acetona, benzeno e formaldeído, que evaporam lentamente, principalmente nos primeiros seis meses pelo menos. 

Montadoras contratam especialistas em aromas para garantir que o cheiro seja agradável e uniforme, criando uma conexão emocional com o cliente. Porém, o calor, que é bem comum no Brasil, acelera a liberação desses gases, aumentando ainda mais esse odor.

É verdade que pode causar câncer?

Estudos recentes associam o cheiro de carro novo a riscos cancerígenos, mas com ressalvas. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia (2021), publicada na Environment International, mediu níveis de benzeno e formaldeído em carros novos e concluiu que 20 minutos diários de exposição já podem atingir doses preocupantes. “Nosso estudo alerta sobre o risco associado à inalação de benzeno e formaldeído para pessoas que passam muito tempo nos veículos”, diz Aalekhya Reddam, coautora. 

Volkswagen T-Cross 250 TSI
Volkswagen T-Cross 250 TSI Foto: Luiz Forelli/Vrum

Outro estudo, de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Beijing (2023), encontrou formaldeído e acetaldeído acima dos limites chineses em um carro novo, com concentrações de até 223,5 µg/m³. No Brasil, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) também adverte sobre os compostos químicos nos veículos novos. 

O médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, especialista em medicina de tráfego ocupacional, alerta que os gases soldados pelos componentes novos são subprodutos de derivados do petróleo e sua liberação pode ser intensificada em determinadas condições.

Além disso, a Abramet diz que o benzeno, presente em plásticos e adesivos, é cancerígeno, e o formaldeído, usado em tapetes e couro, pode irritar mucosas. 

Além do potencial cancerígeno, o cheiro de carro novo pode causar sintomas imediatos, como dores de cabeça, náuseas, tonturas e alergias, especialmente em pessoas sensíveis, crianças, idosos e gestantes. Com o calor, as substâncias liberam vapores que podem dar desde desconforto até doenças respiratórias. 

BYD King GS
BYD King GS Foto: Luiz Forelli/Vrum

A exposição prolongada, como por exemplo, em motoristas de táxi, que passam 11 horas no carro, aumenta o risco de danos ao fígado, rins, sistema nervoso e até alterações hormonais. 

Especialistas recomendam ventilar o carro para reduzir a concentração de VOCs. Abrir as portas e deixar os vapores saírem antes de entrar é uma boa opção. Outras dicas são:

  • Evitar estacionar ao sol, que acelera a liberação de gases
  • Usar proteção no para-brisa para reduzir o calor no painel 
  • Manter janelas abertas sempre que possível 
  • Limpar assentos e tapetes regularmente para remover resíduos.