O Brasil já viu dezenas de projetos automotivos nascerem com potencial para conquistar diversos consumidores, mas muitos acabaram engavetados por motivos que vão de estratégias erradas das montadoras a crises financeiras ou simples falta de visão.
Carros como o Corsa A, testado em 1983, e o Voyage “Bolinha”, da segunda geração do Gol, tinham tudo pra dar certo, como um design moderno, proposta clara e um mercado sedento por novidades –, mas nunca chegaram às concessionárias.
Voyage “Bolinha”
O Voyage “Bolinha” quase completou a família da segunda geração do Gol, lançada em 1994 com Parati e Saveiro. A Volkswagen tinha o sedã pronto, com linhas arredondadas iguais às do hatch, mas a diretoria engavetou o projeto por questões financeiras e estratégicas.
O Polo Classic, importado da Argentina, tomou o lugar em 1996, mas nunca decolou — vendeu só 22 mil unidades até 2002, contra os 600 mil do Gol G2. O Voyage G2 teria preço competitivo e apelo popular, mas a VW preferiu apostar no Polo, que flopou.
Corsa A
A General Motors trouxe o Opel Corsa A ao Brasil em 1983, 11 anos antes do Corsa B chegar em 1994 para substituir o Chevette. O hatch compacto, com motor 1.0 ou 1.6, veio em duas unidades para testes, mirando o mercado de Gol e Uno.
A GM desistiu por falta de estrutura para produzir localmente na época – o Chevette ainda vendia bem (130 mil unidades em 1983, segundo a Fenabrave). Se tivesse vindo, o Corsa A poderia ter antecipado a briga dos compactos.
San Vito S1
O San Vito S1 surgiu em 2008, no Salão do Automóvel, pelas mãos de Vito Simone, ex-Ford. Era um esportivo 100% nacional, com motor VW AP 1.8 turbo de 180 cv, carroceria de fibra de vidro e aceleração de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos.
Só um exemplar foi feito, e o plano era produzir sob encomenda, mas ninguém se interessou. Custando metade de um importado ( R$ 150 mil na época), poderia ter aberto portas para esportivos locais, mas faltou mercado.
Obvio 828
O Obvio 828, criado por Anísio Campos em 2002, queria revolucionar como minicarro urbano. Inspirado no Dacon 828 de 1982, usava motor VW 1.6 triflex (gasolina, álcool e GNV) e tinha versão elétrica, com venda planejada pela internet.
Ganhou o 18º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira em 2004, mas esbarrou na falta de investidores. Com 2,5 m de comprimento e proposta de mobilidade barata, poderia ter sido um pioneiro sustentável, mas só ficou em protótipos.
IBAP Democrata
Em 1963, a IBAP lançou o Democrata, um sedã de luxo para competir com a Volkswagen. Com motor traseiro 1.5 de 65 cv e design moderno, fez cinco protótipos, mas caiu num escândalo financeiro.
Acionistas processaram a empresa por usar recursos sem entregar carros. Se tivesse vingado, o Democrata teria sido um marco nacional, mas a falência em 1966 enterrou o sonho.
Volkswagen SP3
O Volkswagen SP3 foi um plano dos anos 70 para atualizar o SP2, esportivo lançado em 1972 com motor 1.7 de 75 cv. O SP3 teria motor dianteiro refrigerado a água, possivelmente o 1.6 do Passat, mas a Volkswagen abortou o projeto por custos. Com 5 mil SP2 vendidos até 1976, o SP3 poderia ter dado sobrevida ao esportivo nacional, mas a marca focou no Passat e deixou o SP pra trás.
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