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X19 - Híbrido diferente

Com o mesmo princípio de projeto da GM americana, Astra adaptado por faculdade de São Paulo roda com eletricidade e usa motor a gasolina para aumentar autonomia

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Na última edição do Salão de Detroit (EUA) em janeiro, uma das principais atrações foi o Chevrolet Volt, um veículo híbrido diferente. Em vez de rodar tanto com eletricidade quanto com combustível tradicional, o Volt usa apenas eletricidade para se deslocar. O motor a combustão é usado para recarregar as baterias. Dessa forma, o modelo contorna um dos principais problemas dos carros elétricos, a pequena autonomia e o alto peso das baterias. É o caso do X19, projetado e construído pelo departamento de engenharia da Fundação Educacional Inaciana (FEI). O veículo parte do mesmo princípio do Volt.

Adaptação
O X19 foi adaptado a partir de um Chevrolet Astra. A instituição já tem longa experiência na fabricação de carros movidos a eletricidade, normalmente monopostos experimentais destinados à participação em provas de regularidade. No entanto, de acordo com o professor Ricardo Bock, havia a demanda para construir um veículo mais prático, por isso a decisão de utilizar um carro de linha como ponto de partida. Controlar o custo final do projeto também foi uma das principais preocupações.

A mesma busca por praticidade definiu os materiais escolhidos. As baterias, por exemplo, são de carro. A adaptação poderia ser feita com baterias de computador, mais leves, mas com custo maior. O motor elétrico tem potência de 30cv e, mais importante, torque de 30kgfm disponível em qualquer rotação. O motor a combustão, por sua vez, é um estacionário Honda de 400cm³ e 13cv de potência. Mas, assim como no protótipo americano, não é usado para movimentar o veículo. O câmbio de cinco velocidades foi mantido para preservar o diferencial original do carro. O elemento mais caro foi um conversor de corrente. Enquanto as baterias fornecem eletricidade em corrente contínua, o motor funciona com a alternada.

Propulsor elétrico é alimentado na tomada ou por motor a combustão (E). Visual foi alterado com uso de cor chamativa e lanternas fumê

O exterior também recebeu mudanças estéticas. As laterais foram aumentadas, para dar a impressão de teto rebaixado, as entradas de ar fechadas e os faróis originais substituídos pelos do Vectra. Tudo feito no próprio aço, sem uso de fibra de vidro. O peso do carro ficou em 1.350kg, principalmente por causa das baterias e do teto de vidro.

Desempenho
A velocidade máxima é de 130km/h e a autonomia, de duas horas. O motor a gasolina só entra em funcionamento quando a bateria fica com pouca carga, mas Bock explica que não dá para rodar com apenas o combustível tradicional: ?O motor não recarrega completamente a bateria, ele serve para dar uma sobrevida até encontrar uma tomada. A autonomia nos surpreendeu e só precisamos contar com a ajuda do motor a gasolina uma vez em deslocamento?, esclarece. O tempo para recarga, conectado na rede elétrica, fica entre 10 e 12 horas e o fornecedor das baterias estima durabilidade de 60 cargas.

Tendo como base de cálculo o preço da eletricidade em São Paulo, rodar com o X19 é mais barato do que com álcool e mais caro do que com gás natural veicular (GNV). Além do experimento como veículo híbrido, o X19 está sendo usado como base para desenvolvimento tecnológico em projetos que serão apresentados futuramente pela FEI.