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VW Gol - Fábrica não resolve drama do EPC

Luz que indica problema em componente eletrônico é causa de desespero. Defeito está sem solução há um ano

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A luz indicadora EPC (electronic power control), quando acesa no painel, pode indicar problema em qualquer componente eletrônico do veículo. No novo VW Gol 1.0, porém, uma falha ainda não assumida pela montadora faz a luz se acender no painel e, em seguida, o carro perder potência, em alguns casos, apagando totalmente. Relatos de diversos proprietários do automóvel indicam que a causa do defeito ainda não é conhecida pelas oficinas.

A história se repete há pelo menos um ano: matéria publicada pela nossa equipe em 16 de dezembro de 2006 já relatava a novela, sempre protagonizada por diversas idas a concessionárias da marca, que trocam diversas peças, como corpo de borboleta, chicote, comutador de ignição e unidade de comando, e o problema volta nas semanas seguintes. Quase um ano depois, os personagens se multiplicam e as reclamações continuam, passando a impressão de que as oficinas de revendas autorizadas continuam sem saber como solucionar o defeito, que também não é assumido pela montadora.

Desespero

"Esse problema é um caos. Acontece com meu carro desde que saiu da concessionária", desabafa a professora Sildemar Heleny Montsserrat, que já perdeu a conta de quantas vezes levou o veículo a oficinas autorizadas de várias concessionárias de Belo Horizonte. "Na rua, ouço de tudo, pois, algumas vezes em que a luz se acende, o carro apaga de uma vez e depois não liga de novo. Tem que ser rebocado. Também já levei batida por causa disso", conta a professora, que desistiu de mandar o carro para conserto e agora pretende acionar a montadora judicialmente.

O mesmo motivo levou o técnico em telecomunicações Ricardo Missias Vecci a procurar o Procon, em Brasília. O carro foi comprado em dezembro do ano passado e, até setembro deste ano, já tinha sido levado a concessionárias quatro vezes, pelo mesmo motivo. "A luz EPC acende e o automóvel perde força, quando não pára totalmente", relata. No caso de Ricardo, a peça trocada, quatro vezes, foi o sensor de pressão. "Depois da audiência no Procon, trocaram a central da injeção eletrônica e me deram mais um ano de garantia. Mas isso tem só uma semana. Não sei se, desta vez, o problema foi resolvido", acrescenta.

Acelerador
Diversas concessionárias consultadas confirmaram a passagem de clientes pelas oficinas descrevendo a mesma situação. Segundo alguns gerentes de assistência técnica, uma das possibilidades é que o defeito esteja na unidade de comando da injeção, que deve ser reprogramada ou substituída. Mas, na verdade, a origem do problema, segundo deixou escapar um engenheiro da Volkswagen, está no conjunto de acelerador eletrônico (drive by wire). O fornecedor desse componente enviou um lote que estava fora do padrão da montadora e ele foi utilizado - há cerca de dois anos - durante três dias na linha de montagem do Gol. Quando a Volkswagen percebeu, os carros já estavam no mercado e milhares deles apresentam hoje o mesmo problema.

Justiça
Pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), artigo 18, quando o defeito não é solucionado em 30 dias, o cliente tem direito à troca do carro, à devolução do que foi pago ou ao abatimento no preço. O advogado Geraldo Magela Freire, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Minas Gerais, explica que a primeira coisa a ser feita é oficializar o caso, enviando carta (de preferência, registrada) para montadora e concessionárias, comunicando os defeitos e dando prazo de 30 dias para serem sanados. Se o problema não for resolvido, o segundo passo é mandar nova carta, desta vez, mencionando o descrito no artigo 18 e escolhendo uma das três opções. "Feito isso, você deu oportunidade ao fabricante de conhecer sua opção. Se, em cinco dias, não lhe devolver o dinheiro ou trocar o carro, você fica habilitado a tomar outras providências", afirma.

Ele explica que em seguida se pode procurar o Procon para a tentativa de um acordo ou se partir logo para a esfera judicial, sempre explicitando a opção escolhida e, é claro, juntando cópias de todos os documentos que comprovem as diversas passagens do veículo pela oficina da concessionária.

Consultada várias vezes, a VW não respondeu até o fechamento desta matéria.