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Vrum dirige na Europa o roadster projetado pela divisão esportiva da marca alemã

Modelo tem carroceria e chassi de alumínio e poderoso motor V8 aspirado de empolgantes 571cv

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Foto:

*De CapFerrat, França

Estrela de três pontas e vincos acentuados no capô reforçam identidade da marca


A história quase se repete: em 1953 a Mercedes apresentou o 300 SL, um cupê esportivo que viria a se tornar um ícone da história do automóvel, a Asa de Gaivota. Quatro anos mais tarde, o cupê foi substituído pelo 300 SL roadster, sua versão conversível, mantendo todas as características de estilo e mecânicas e que foi fabricado por mais sete anos. Em 2009, a marca da estrela de três pontas apresentou o sucessor do ícone, o SLS AMG, um cupê superesportivo com detalhes de estilo que remetem ao modelo original, inclusive as portas que se abrem para cima. No último Salão de Frankfurt (15 a 25 de setembro), a grande estrela no estande da Mercedes foi a versão roadster da SLS AMG. Por que a história quase se repete? Porque em 1957, ao lançar o 300 SL Roadster, a fábrica deixou de produzir o cupê. Agora, continuam ambos na linha de montagem.

Quem dirigiu a nova Asa (SLS AMG) percebe que o comportamento da versão roadster é muito similar, pois a mecânica é rigorosamente a mesma e ela pesa 1.660kg, apenas 40kg a mais que a cupê, uma façanha da AMG (divisão esportiva da Mercedes), que projetou o carro. A versão roadster mantém carroceria e chassi em alumínio. O motorzão V8 de 571cv não tem os “buracos” dos turbinados, pois é aspirado. E torque de fazer inveja a uma Scania: 66,3kgfm. A disposição mecânica é do tipo “transaxle”, ou seja, a caixa de marchas na traseira, acoplada ao diferencial, com perfeito equilíbrio de peso. A embreagem é do tipo DSG (dupla) com sete marchas e cambia em meros 100 milésimos de segundo. A passagem é imperceptível. No console, todos os controles para regular suspensão, motor e caixa ao gosto do freguês.

O acabamento interno é sofisticadíssimo, todo em couro, aço escovado e fibra de carbono. Como em outros conversíveis da marca, tem o bafo na nuca, um sistema de aquecimento da nuca e ombros a partir de ar quente vindo de janelinhas nos apoios de cabeça. No painel, a eletrônica coloca na tela todas as informações telemétricas, inclusive tempo da volta na pista, da aceleração até 100km/h, temperaturas dos líquidos do radiador, motor e caixa, e mais uma pilha de informações. A tecla AMG permite também ajustar o carro para competição, inclusive com arrancadas quentes (Race Start).

Traseira do conversível tem formato em cunha, com lanternas horizontalizadas

CONJUNTO

O prazer ao dirigir o Roadster começa com a sinfonia que vem pelo escapamento. Continua na rapidez das arrancadas (3,8 segundos) e retomadas. E não adianta você querer ir além dos 317km/h, pois a velocidade é limitada eletronicamente: os pneus derreteriam.

O test drive na apresentação do carro foi entre as estreitas e sinuosas estradinhas do Sul da França (CapFerrat), Monte Carlo e Itália. Duas coisas que incomodaram: a exagerada largura da carroceria e a pequena altura do solo.

A capota de tecido é recolhida eletricamente em apenas 11 segundos. E não precisa, como em outros conversíveis, parar o carro: a operação é possível a até 50km/h. Ela foi projetada de forma a não prejudicar o estilo da carroceria, mesmo quando levantada. E toma apenas três litros de capacidade do porta-malas em relação ao cupê: de 175 litros para 172 litros.

Para não entrar muito em detalhes, o comportamento dinâmico do carro beira o estado da arte: já dirigi dezenas de Mercedes, mas nenhuma com o equilíbrio, o prazer e o conforto do SLS Roadster. Na minha opinião, o melhor carro já produzido pela marca.

O cupê é vendido no Brasil por US$ 380 mil. Na Europa, o Roadster vai custar mais US$ 10 mil e poderia chegar aqui por US$ 400 mil. Poderia, até que o governo decidiu subir o IPI.

Acabamento sofisticado e comandos ao alcance no console central


Resumo da ópera? Um superesportivo que faz bonito na pista (e ganha) no domingo. Na segunda-feira, a tia do dono pode usá-lo sem nenhum problema para fazer compras no supermercado. Só precisaria de um porta-malas um pouquinho maior.

(*) Jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz do Brasil

FICHA TÉCNICA

MOTOR: Dianteiro, longitudinal, V8, 32 válvulas, 6.208m³ de cilindrada, gasolina, que gera 571cv de potência máxima a 6.800rpm e torque máximo de 66,3kgfm a 4.750rpm

TRANSMISSÃO: Tração traseira e câmbio automatizado de sete velocidades e dupla embreagem

Diferente do passado, fabricante mantém cupê e roadster em linha

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS: Dianteira e traseira independentes, com braços duplos, sistema anti-mergulho e barra estabilizadora / 9,5 x 19 polegadas / 265/35 ZR19 na frente e 11 x 20 polegadas/295/30 ZR 20 na traseira

FREIOS: Discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS, Brake Assist e ESP

DIMENSÕES: Comprimento 4,63m; largura 1,93m; altura 1,26m; entre-eixos 2,68m

CAPACIDADES: Tanque, 85 litros; porta-malas, 172 litros; peso, 1.660kg

PERFORMANCE: Aceleração até 100km/h em 3,8 segundos; velocidade máxima de 317km/h e consumo médio de 7,5km/l