A velha senhora da indústria automobilística brasileira tem história para contar. Seja nas feiras-livres ou vendendo caldo-de-cana com pastel na periferia, no transporte de passageiros nas cidades ou de equipes de futebol de um interior remoto até um número sem fim de atividades econômicas que elevam a Volkswagen Kombi ao posto de autêntica representante da economia brasileira nos últimos 50 anos. A penetração do monovolume na identidade nacional, entretanto, vai além: para 26,24% dos 7.782 internautas que participaram da enquete do portal Vrum o modelo é o melhor para fazer sexo. A glória da filha mais velha da Volkswagen no Brasil deixou para trás concorrentes afamados, como o Chevrolet Vectra e a Toyota Hilux, com pouco mais de 8% cada. Fiat Palio, Fiat Uno Mille e Ford Ka seguem depois com 5%. Honda Civic, Volkswagen Gol, Ford EcoSport e Toyota Corolla completam a lista dos 10 preferidos para servirem de palco do prazer, cada um com cerca de 4% da preferência do eleitorado.

Como é praxe nos carros que caem no gosto popular, a Kombi recebeu diversos apelidos, desde "Jesus está chamando", referente à segurança controversa, passando por outros que ressaltam determinados modelos, como "Avião" e "Cabrita", até um mais genérico, que diz respeito ao formato: "Pão de fôrma". Para o presidente do Fusca Clube de Minas Gerais, Robinson Fernandes, os atributos apimentados do "pão de fôrma" contribuíram para que ele investisse R$ 12 mil na reforma de um modelo 1969. Robinson explica que o Fusca Clube é democrático e abarca os amantes da Kombi - e na Kombi. Perguntado se o monovolume é bom para o sexo, ele ri e declara que foi por isso que comprou uma. A experiência de Robson com Fusca só reforça a vantagem da Kombi: "O Fusca é muito apertado e depois fica cheio de marca de pé no teto".

A prostituta Patrícia Souza, de 30 anos, diz que por ser "cheinha" (leia-se 1,70 m e 80 kg) precisa de locais mais espaçosos. Filiada à Associação das Profissionais do Sexo de Belo Horizonte, Patrícia revela que a melhor experiência de sexo automotivo foi em uma Toyota "daquelas grandonas&", referindo-se à picape Hilux, terceira colocada na enquete. A explicação da profissional do sexo é prosaica e para ela quanto mais luxo, "mais tesão". Informada sobre a preferência pela Kombi, ela reflete e diz que a próxima vez será em uma. Porém, pondera e afirma do altar da experiência que: "no carro é bom, mas na cama é muito melhor".

O gosto de Patrícia ganha tom de lei na voz do major Rogério Andrade, do Comando de Policiamento da Capital da Polícia Militar, em Belo Horizonte. Ele informa que fazer sexo no carro em via pública é crime, enquadrado no artigo 233 do Código Penal e considerado ato obsceno. Andrade alerta os amantes do sexo no carro que além de estarem infringindo a lei, estão correndo riscos: "As pessoas dentro do veículo nessa situação ficam muito vulneráveis, pois não observam a movimentação ao lado e procuram locais escuros e pouco movimentados".

Manual
Quem se perder no torpor do prazer e colocar os conselhos por baixo do tapete pode aproveitar as dicas do Haynes Sex Manual, espécie de Kama sutra automotivo editado pela Haynes, conhecida no Reino Unido por suas publicações sobre carros. Os editores do manual explicam que "as mulheres e os motores estão umbilicalmente ligados, e sabe-se que a educação sexual começa nos carros". Os mais apropriados para os ingleses são os modelos da Land Rover, espécie de king size da atualidade. No passado, os carrões rabo-de-peixe americanos da década de 50 e 60 eram imbatíveis. Já os minicarros, como o inglês Mini Cooper e o italiano Fiat 500, são os menos adequados para o sexo.

Se o Fiat 500 perde em conforto, foi eleito, em 2006, pela revista inglesa Top Gear o mais sexy do planeta. O gosto inglês, aliás, fica próximo ao do brasileiro. Uma enquete da companhia de seguros britânica Yes Insurance, com 4 mil clientes, elegeu a perua Volvo V70 como o carro ideal para o sexo. Em segundo lugar foi escolhida a van Sprinter, da Mercedes-Benz, e em terceiro a Volkswagen Camper, ou traduzindo para o português, a Kombi. O que prova que a língua do amor é universal.

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