A campanha publicitária dos 70 anos da Volkswagen, onde a imagem da cantora Elis Regina foi recriada por meio de inteligência artificial, está sendo contestada pelo Conar. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária abriu uma representação ética contra a propaganda.
Intitulada "VW Brasil 70: o novo veio de novo", a propaganda da Volkswagen usou a tecnologia de inteligência artificial para mostrar Elis Regina, que morreu em 1982, e sua filha Maria Rita para cantarem juntas a música "Como Nossos Pais", composta por Belchior. Confira abaixo o comercial:
Elis Regina faria uma propaganda para a Volkswagen?
De acordo com o Conar a ação partiu da queixa de vários consumidores, que questionaram a ética sobre utilizar a inteligência artificial para trazer a cantora Elis Regina à vida. A grande questão é o respeito à personalidade e existência da artista.
E, de fato, não precisa investigar muito para saber que a Volkswagen do Brasil colaborou de forma intensa com o regime militar no Brasil. Uma investigação contratada pela matriz da empresa comprovou a participação da montadora de forma ativa na perseguição aos opositores do regime (o jornalista Enio Greco contou essa história aqui no Vrum).
E a principal crítica sobre isso é que Elis Regina deixou claro, tanto em suas músicas, quanto em suas declarações, a sua oposição ao governo. Confira abaixo uma declaração da cantora no contexto do regime militar:
Ficção ou realidade?
A representação do Conar também se debruça quanto à possibilidade da inteligência artificial causar confusão entre a ficção e a realidade, principalmente para crianças e adolescentes.
A propaganda da Volkswagen será julgada nas próximas semanas pelo Conselho de Ética do Conar, que usa o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para se guiar para analisar os casos. Naturalmente, a agência AlmapBBDO e a Volkswagen terão direito de apresentar a sua defesa.
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