Vitória – Dezoito anos depois de se lançar no mercado com o mini ônibus, a Volare volta a desbravar um segmento. Desta vez com um veículo que mescla o comprimento e a largura das vans e o espaço interno dos micro-ônibus, com painel e equipamentos parecidos aos dos carros de passeio. O nome Cinco vem da fase de projeto e indica o peso bruto total (PBT) de 5 toneladas. São três as versões (Escolar, Executivo e Executivo Plus), com capacidades para 13, 16 e 20 passageiros, respectivamente. Todas equipadas com o motor 2.8 IFS turbodiesel Cummins de 150cv de potência e câmbio manual Eaton FSO 4505C de cinco velocidades. Futuramente haverá opção de transmissão automatizada. O objetivo da Volare com o Cinco é concorrer com as vans, mas assim como a maior altura interna do salão (1,93m), o preço também é superior às das concorrentes: de R$ 169 mil a R$ 218 mil, com R$ 8 mil de bônus para as primeiras 200 unidades vendidas.
Unidade de negócios da gaúcha Marcopolo, a Volare enxerga no Cinco um potencial de crescimento e a chancela de montadora, deixando de ser apenas uma encarroçadora de ônibus. O modelo é realmente diferente do que há no Brasil, conceito que a marca chama de Compact. A carroceria é montada sobre chassi, com estrutura tubular e poltronas ligeiramente mais largas, herdadas da expertise na fabricação de ônibus. A partir do segundo semestre deste ano haverá opção de cinco de três pontos na versão escolar, ainda sem custo definido. O item não é oferecido de fábrica em nenhuma van vendida no mercado brasileiro. O principal concorrente, segundo a Volare, é a Mercedes-Benz Sprinter nas versões 515 CDI 17%2b1 e 20%2b1, de rodado duplo.
A produção do Cinco é exclusiva da nova fábrica de São Mateus, no norte do Espírito Santo, ficando a unidade original de Caxias do Sul voltada à produção dos busões das famílias Geração 3 e Fly até que o mercado reaqueça. Desde que a Volare foi criada pela Marcopolo em 1998 foram vendidos mais de 58 mil mini e micro-ônibus, em cerca de 50 modelos e versões.
DESENVOLVIMENTO Diferentemente da maioria dos veículos, o desenvolvimento do Cinco ocorreu de dentro para fora, começando pela carroceria, em fevereiro de 2013. Para isso a Volare utilizou a ferramenta QFD (Quality Function Deployment), determinando características de projeto, como acesso facilitado (porta pantográfica, que se abre para fora, apenas do lado de calçada), dimensões internas grandes e tamanho externo compacto. A carroceria é construída com soldas por robôs e componentes em plástico injetado, num processo chamado de SMC (Sheet Molding Compound), com maior nível de automação e qualidade comparada à montagem de carrocerias para ônibus – feita de forma quase artesanal.
Na fase de testes foram utilizados 10 protótipos que rodaram o equivalente a mais de meio milhão de quilômetros, no Brasil e Chile (avaliação de desempenho do motor em altitude acima de 3.500m), ao longo de 10 meses. Além disso foram consultadas 35 empresas de transporte de passageiros no Brasil e exterior.
“Queríamos criar um veículo com capacidade técnica de cinco toneladas (categoria M3 do Conselho Nacional de Trânsito), com as funcionalidades das vans e que pudesse se enquadrar nas modalidades de financiamento Finame”, explica o diretor de engenharia da Volare, Roberto Poloni.
VISUAL O design do Cinco se destaca pelo motor posicionado fora do habitáculo, como nas vans. A parte frontal segue a identidade da Volare, com faróis afilados e ampla grade trapezoidal. Também teve como inspiração o personagem Homem de Ferro, da Marvel Comics. Novidade entre as vans e ônibus é a porta pantográfica com acionamento automático, por controle remoto. O perfil é sisudo, como nos ônibus, de chapas planas e mínimos recortes. Lanternas traseiras são afiladas, como no “irmão maior” Volare W Fly e a tampa traseira de aço estampado dá acesso a pequeno compartimento para bagagem, em dois níveis atrás da última fileira de assentos.
Capô, teto, para-lamas e para-choques são de plástico, reduzindo o custo de manutenção. A Volare estima, por exemplo, que a reposição do para-choque dianteiro custe cerca de R$ 1,4 mil, metade do valor cobrado pela peça em algumas vans. O protetor dianteiro dispõe de absorvedores anti-impacto.
POR DENTRO Internamente a diferença em relação às vans começa pelo acesso, não sendo preciso, entre os mais altos, abaixar a cabeça. Apesar de se tratar de um veículo destinado ao transporte de passageiros, o desenvolvimento do Cinco teve como prioridade garantir o conforto do motorista, que nesta faixa de mercado normalmente é o proprietário do veículo. O posto do condutor é ergonômico e dispõe de computador de bordo, manopla do câmbio acoplada ao painel e, opcionalmente, câmeras frontal e traseira com imagens exibidas na tela multimídia central. O porta pacotes, porém, esbarra na hora de se sentar. Talvez se fosse aplicado em apenas um dos lados e com maior dimensão, a ergonomia melhorasse. Ar-condicionado é opcional e traz monitor frontal de LED, recurso adotado em toda a iluminação interna.
São três as opções de cores: branco, grafite e azul metálico. A Volare está presente em 25 países, com foco de atuação na América do Sul e África. Por isso o Cinco nasce como projeto global e potencial de exportação: há uma versão com motor Euro 3 em desenvolvimento, com previsão para junho deste ano. A Volare conta com 56 concessionárias no país. Além de abatimento de R$ 8 mil na compra, as primeiras unidades do Cinco poderão ser faturadas diretamente com o fabricante.
(*) Jornalista viajou a convite da Volare
Ficha técnica
»MOTORES – 2.8 ISF turbodiesel Cummins de 150cv e torque de 36,7kgfm a 1.500rpm
»TRANSMISSÃO – dianteira; transmissão Eaton FSO 4505C manual de cinco velocidades
»DIREÇÃO – assistência hidráulica
»CAPACIDADES – porta-malas com 1,57m³ de espaço; peso (kg), 3,5 toneladas
»DIMENSÕES – (metros) comprimento, 6,70; largura, 2,01; altura, 2,74
Quanto custa?**
Escolar (sem ar-condicionado) R$ 169 mil
Executivo R$ 198 mil
Executivo Plus R$ 218 mil
**As primeiras 200 unidades terão abatimento de R$ 8 mil nos valores