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Velozes e furiosos 5 tem lançamento internacional no Rio

Longa, que estreia em 6 de maio, pinta imagem negativa da cidade, mas confia na bilheteria brasileira

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

 

Do Rio de Janeiro - É pura ironia. Depois do Rio idealizado da animação homônima de Carlos Saldanha, agora é a vez de uma cidade absolutamente sem lei. Esse é o Rio de Janeiro de Velozes e furiosos 5 – Operação Rio, novo filme da bem-sucedida franquia que mistura alta velocidade e músculos, com estreia prevista no Brasil em 6 de maio. Tal qual ocorreu com Rio, o filme da Blue Sky/Fox, três semanas atrás, mais uma vez a imprensa mundial está reunida na cidade para a première de um blockbuster. Depois de uma maratona de divulgação que envolveu visitas a pontos turísticos, muitas entrevistas e fotos nos últimos dias, o filme terá hoje à noite, no Cinépolis Lagoon, na Lagoa Rodrigo de Freitas, sua noite de tapete vermelho.

 

Aviso aos navegantes: se for para levar a sério Velozes 5, não perca seu tempo. Toda a história é ambientada no Rio de Janeiro. Na ficção, que fique claro, pois a equipe não passou mais do que uma semana de novembro realizando as filmagens em algumas locações. Do elenco, somente Vin Diesel, Paul Walker e Jordana Brewster estiveram na cidade para filmar. Grande parte das cenas foi feita em Porto Rico. 

Se for para rir, Velozes é um prato cheio. Logo na segunda sequência de ação vemos os personagens em um trem em alta velocidade se preparando para roubar alguns carrões. O luxo dos vagões não passa nem de longe do que existe no universo ferroviário do país. Do elenco, somente um ator tem o português como língua pátria: o lisboeta Joaquim de Almeida, o bad boy da trama, que não convence nem a si mesmo como brasileiro. E dá-lhe estereótipos sobre violência, favelas e mulheres boazudas. 

Jordana Brewster, nascida no Panamá de mãe brasileira e que viveu no país alguns anos da infância, foi transformada na “brasileira” do elenco durante as entrevistas que tomaram manhã e tarde de ontem no Copacabana Palace. Enquanto brasileiros conversavam com elenco, boa parte da imprensa estrangeira (foram 92 equipes de americanos, europeus, asiáticos e latinos) visitava o Cristo Redentor.

Velozes e furiosos 5, capítulo carioca da franquia, mostra um Rio quase irreconhecível. Maior parte das cenas foi feita em Porto Rico



“Isso aqui é Brasil”, levanta as mãos o personagem de Vin Diesel quando é confrontado pela polícia (internacional, já que a brasileira é 99% corrupta) no meio de um racha de carros com mulheres de roupas curtíssimas (figurantes certamente estrangeiras, dada a ausência da “derrière” local) ao som de “Vai, popozuda, vai popuzuda!”. As armas apontadas pelos policiais logo encontram seus pares nos bandidos locais. Essa é uma das muitas cenas que podem incomodar o espectador brasileiro. 

Tanto que, para a imprensa nacional, a entrevista girou em torno da visão que o filme traz do Rio. “Vi o filme três dias atrás e a primeira cena, com o Corcovado, me deixou muito emocionada. A cidade está linda e se há crime, é por causa do roteiro”, afirmou Jordana, defendendo-se de pergunta sobre a imagem negativa da cidade no longa. “Fizemos há algumas semanas uma exibição teste em Los Angeles e, ao final, o pessoal da pesquisa estava louco para vir ao Rio”, também defendeu-se o produtor Neal Moritz. “Quando filmamos Velozes na República Dominicana, o turismo de lá cresceu 80%. Vamos ver o que acontece no Rio”, acrescentou Vin Diesel.
 
A impossibilidade de filmar as cenas de perseguição de carro no Rio – imagina o transtorno causado com o fechamento da Rio/Niterói, por exemplo – foi o que motivou que a equipe não filmasse mais do que uma semana na cidade. Levando tudo isso em consideração, Velozes e furiosos faz jus à franquia. Em pouco mais de duas horas de duração, o longa apresenta um sem-número de cenas de perseguição. Uma das melhores sequências é logo na primeira parte, quando os personagens centrais têm que fugir pulando os tetos dos barracos de uma grande favela. As cenas dos carros também são de muita adrenalina. 

Como verossimilhança nunca foi um predicado de filmes de ação, para os fãs do gênero há também como perdoar o clima de Velho Oeste (motorizado) com que é apresentado o Rio. É só ir ao cinema com isso na cabeça. Lembrando que o 5 termina já dando o mote para o sexto Velozes e furiosos, que deve contar com Dwayne Johnson, único novato da atual sequência, no elenco. Outro aviso aos fãs: um novo esqueleto será retirado do armário.
 
Duzentos e oitenta quartos em sete hotéis foram ocupados durante essa semana para a première de Velozes e furiosos 5. Além de 92 equipes de imprensa internacional, o lançamento trouxe ainda 70 pessoas da Universal Studios para a cidade. “O Brasil é, cada vez mais, um mercado importante para a indústria cinematográfica, tanto que tivemos dois filmes lançados aqui nos últimos meses. Hoje, ele é um dos 10 principais mercados e não só para o cinema, como para TV, pay-per-view. Esse é um dos motivos para estarmos aqui, não só porque a ação do filme envolve o Rio”, explicou o produtor Neal Mortiz.
 
Seja como for, elenco e convidados tiveram uma recepção com tudo o que um gringo espera do Brasil. Depois da sessão para imprensa – foram três salas, uma para os jornalistas brasileiros, outro para os latinos, com legenda em espanhol; e uma terceira para o restante, americanos e europeus, com cópia sem legenda – houve jantar numa famosa churrascaria do Rio.
 
Com a vista da Baía da Guanabara, os jornalistas estrangeiros foram recebidos com boas doses de caipirinha. Na continuação da noite, rodízio com todos os tipos de corte de carne possíveis (fotos com garçons segurando os espetos não faltaram nesse jantar) e, terminando, uma pequena apresentação da bateria, passistas e mestre-sala e porta-bandeira da Estácio de Sá. Desnecessário dizer que os gringos caíram no samba.

Completando a visita brasileira, Vin Diesel ainda conheceu uma legítima popozuda. Fazendo matéria para o programa Pânico, da Rede TV!, Sabrina Sato levou uma companheira de palco para a entrevista, a loira Juju Panicat, de coxas tão saradas quanto os bíceps do astro. Depois de rir com a pergunta de Sato – “Vocês são também velozes e furiosos entre quatro paredes?” – Vin Diesel foi apresentado a Juju, que atravessou a fila de jornalistas com um vestido absurdamente justo e curto e saltos vertiginosos para lhe dar um beijo. Mais “Brasil”, impossível.
 
Luz e sombra
 
Carlos Saldanha é carioca e adora sua cidade natal. Por isso, a animação Rio tem tudo no lugar, mesmo com boa dose de ufanismo: o Pão de Açúcar está onde sempre esteve, a língua nativa é o português do Brasil e até o que é folclorizado no filme se justifica, já que a trama se passa no carnaval. Velozes e furiosos não apenas mostra o lado escuro da violência e corrupção, mas comete equívocos bisonhos, como placas de “bienvenidos” nas ruas, cânions e descampados desérticos e, para completar, o mais brasileiro do elenco é o lisboeta Joaquim de Almeida, que não esconde o sotaque. 
 
Músculos e perseguições

Os personagens de Velozes e furiosos 5 vêm parar no Brasil depois de Brian O’Conner (Walker) e Mia Toretto (Brewster) resgatarem Dominic Toretto (Vin Diesel) de um caminhão que fazia o traslado de condenados (ele tinha que cumprir 25 anos de prisão) até a penitenciária. A intenção do filme foi reunir personagens importantes dos longas anteriores; então, eles vão parar numa favela carioca para se encontrar com o velho amigo de Dom, Vince (Matt Schulze), agora casado e com um filho pequeno. 
 
Foragidos, armam um grande roubo de carros e acabam se envolvendo com o mafioso local Hernan Reyes (Joaquim de Almeida), homem que guarda todo seu dinheiro num enorme cofre que fica numa delegacia de polícia. Nesse meio tempo, chega ao Brasil Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson), superpolicial que vai caçar a turma de Toretto. Este chama antigos colaboradores para armarem outro golpe em cima de Reyes. Daí a participação de nomes como Tej (o rapper Ludacris) e Roman Pearce (Tyrese Gibson). 

"Quando filmamos Velozes na República Dominicana, o turismo de lá cresceu 80%. Vamos ver o que ocorre no Rio" diz, Vin Diesel, ator, justificando a imagem ruim que o filme passa do Brasil