Que tristeza! Passados sete anos do compromisso assumido junto à FIFA, levaremos ao mundo uma imagem de país mal administrado e que não honra os compromissos assumidos.
No segundo mandato do ex-presidente Lula valia tudo. Todo o cuidado que ele tivera no primeiro foi mandando para o escanteio. A necessidade de perpetuar um partido no poder jogou por terra tudo o que começara a dar resultado.
A inclusão social ganhou importância sem que houvesse uma preocupação com a dignidade das pessoas.
O governo se vangloriava de que a classe média baixa teria acesso ao transporte aéreo. Quem nunca havia experimentado tal emoção, teria a oportunidade de prová-la. Eles tiveram a chance, mas tiveram que se sujeitar ao desconforto dos nossos aeroportos, que estavam despreparados para receber o aumento da demanda. A Infraero, coitada, sofreu para conseguir amenizar os problemas gerados por uma inclusão social demagógica.
O mesmo vem ocorrendo nas estradas e nas ruas das cidades. Com o peito estufado, ele bradou que agora a classe média baixa teria acesso a um automóvel. Ela teve, mas o governo nada fez para minimizar os congestionamentos quilométricos. Não houve preocupação com a mobilidade urbana. Os administradores municipais que se virassem para diminuir o caos. Para o seu azar, o problema maior se localiza em uma cidade administrada por um de seus companheiros.
No ano de 2007, vimos pela televisão a figura de um governo entregando os compromissos que o nosso país assumiria caso a Copa do Mundo de Futebol da FIFA fosse trazida para cá. Eles conseguiram ludibriar aqueles administradores e a festa teve início ainda na Suíça e “bombou” na chegada ao Brasil.
Muito havia para ser feito. O Brasil estava com problemas na infraestrutura aeroportuária, na infraestrutura viária e com estádios distantes do padrão FIFA.
Alguma coisa mudou? Pouco. Os problemas aeroportuários persistem. Recentemente, foi publicado que o maior terminal de recepção dos turistas estrangeiros, o de Guarulhos (SP), será entregue sem estar com as suas obras concluídas.
E o que falar do nosso aeroporto. Tomara que os turistas estrangeiros não queiram saborear um cafezinho brasileiro, pois se desejarem tomarão uma bebida com poeira. A sugestão do Secretário de Aviação Civil de camuflar os canteiros de obras é inviável. No aeroporto de Confins, tudo é um canteiro de obras. Até os pisos das áreas de trânsito dos passageiros estão sendo trabalhados.
O Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, outra porta de entrada importante de turistas estrangeiros, sofre o risco de apagão. Se dermos uma passada pelas obras aeroportuárias das 12 cidades-sede veremos que os problemas são grandes.
Mostraremos essa tristeza ao mundo devido à burrice dos governantes atuais, que demoraram a encontrar um modelo que escamoteasse a privatização. A presidente, que está assistindo a sua popularidade decrescer, compactua com esse modelo pouco inteligente de privatização
Idealizaram um modelo híbrido que só fez agravar os problemas da Infraero. Ao permanecer como participante de uma privatização mal feita, a empresa quebrou. A sua receita nos aeroportos mais rentáveis caiu 51%, as suas despesas não diminuíram o que deveriam (51%) e a necessidade de investir 49% para se conseguir as melhorias citadas nos editais afundaram ainda mais a empresa estatal. O governo federal se apoderou dos ágios maravilhosos e deu uma banana para a estatal. Será para onde foram carreados os formidáveis ágios? Talvez estejam financiando alguma obra portuária no Caribe e fazendo a alegria de ditadores africanos.
Durante esse período de vergonha, assistimos um cidadão francês, com arrogância, puxar as orelhas do comitê organizador dos eventos. Esse mesmo cidadão alega que viveu um inferno na relação com o governo brasileiro.
A infraestrutura viária pouco mudou. As administrações municipais trabalham com afinco para mostrar uma imagem diferente da aeroportuária e, caso as obras fiquem prontas, o mérito caberá a esses governos.
Quanto aos estádios, as notícias falam por si. O estádio de abertura do torneio internacional está quase pronto a um custo absurdo. Quem não sabe que obras aceleradas têm os seus custos aumentados? Aumentados, talvez, propositalmente, para proporcionar ganhos individuais.
É uma pena, pois estávamos no rumo certo e dele nos afastamos. Com isso, estamos mostrando ao mundo que somos um país que não cumpre os seus compromissos. Será humilhante servir um cafezinho com poeira para os visitantes de nossa cidade.
BIRUTINHAS
CONCESSÃO A Superintendência da Infraero do aeroporto da Pampulha publicou os editais para o pregão que definirá a concessão de dois hangares naquele local. Houve uma mudança na política da empresa de concessão de áreas na qual para os aeroportos em que a demanda é inferior à oferta, o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer) será mais ou menos cumprido. Nos aeroportos em que a oferta é inferior à demanda, o CBAer não vale. E viva a democracia!
DÚVIDA Com a criação do Ministério da Defesa, as áreas aeroportuárias passaram a ter duas subordinações. A que está implantada fisicamente, ou seja, a do solo, subordina-se à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e as que se encontram em planos virtuais se subordinam ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Vale perguntar: por que os aeroportos privados, portadores de portaria da Anac estão sendo fechados, mesmo não tendo obstáculos significativos em suas áreas?
MISÉRIA As empresas de táxi aéreo que deixaram de ser rentáveis faz muito tempo estão esmolando clientes para cobrir os seus custos operacionais. As companhias de manutenção de aeronaves idem. Por incrível que pareça, a única atividade que apresenta um retorno aceitável é o atendimento aeroportuário, aquele segmento que faz a hangaragem de aeronaves, que as empurra com trator para a posição de embarque e presta apoio às demais atividades de solo. Algo está invertido nesta atividade.
EXIGÊNCIAS São tamanhas as exigência da Anac para a constituição de uma empresa aérea que é melhor nem pensar na hipótese. Quando a Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) passou a exigir que as empresas de transporte aéreo público fossem certificadas, meia dúzia de manuais era o suficiente para a certificação. Atualmente, passa de uma dúzia de manuais e um mundo de exigências. E a segurança de voo aumentou? As estatísticas falam por si.
LUCRATIVIDADE Que tal uma empresa ceder em concessão uma área aeroportuária e cobrar por ela um valor por metro quadrado bastante elevado e ainda participar de 10% do movimento bruto do concessionário? Isso se não houver mais de um ocupante da área. Se houver, o primeiro paga pela área total e o segundo desembolsa ainda pela área que ocupa. Bom negócio.