Está valendo, desde ontem, o novo imposto para automóveis importados. O responsável pela medida, o ministro Guido Mantega, apelou para uma série de inverdades ao tentar justificar o injustificável, o aumento (ilegal) de 30 pontos percentuais no IPI. A grande verdade é que os modelos importados perdem competitividade no nosso mercado e “facilitam a vida” dos nacionais.
Primeira mentira
Negou que a medida tenha sido protecionista. “Estamos jogando com armas iguais” disse o ministro. Ele deve achar que coquetel Molotov tem o mesmo poder de fogo que uma bomba atômica. A medida é ilegal: não se protege produto nacional manipulando IPI: a margem de manobra aceita internacionalmente é pelo imposto de importação, que já era de 35%, valor máximo acordado....
Segunda mentira
Negou que esteja afastando a concorrência. Quem contestou o ministro com perfeição foi Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China: “O Brasil vai continuar produzindo carroças e vendendo caro para os sofridos brasileiros. É uma proteção antinacionalista”. E ainda sobra para as centenas de empresas (e os empregos gerados) de marcas importadas que foram responsáveis pela “assustadora” invasão de apenas 6% do volume total de automóveis comercializados este ano no Brasil...
Terceira mentira
A medida não vai prejudicar o consumidor. Claro que vai: ela veio no momento exato em que as nossas fábricas reduziam o preço de seus automóveis para enfrentar a concorrência asiática. Ao ceder ao lobby da indústria local e apelar para a cartilha protecionista, o governo brasileiro engrena uma questionável marcha a ré na política industrial. Um retrocesso às medidas adotadas nas décadas de 1970 e 1980 pela ditadura militar, que fez o brasileiro pagar caro por automóveis e computadores ultrapassados. O protecionismo é tiro certeiro no bolso do consumidor, que fatalmente vai pagar mais pelo produto que vale menos. Alivia as marcas locais a curto prazo, mas desestimula sua corrida em busca de eficiência e competitividade.
Quarta mentira
A medida estimulou a implantação de novas fábricas no Brasil. Mentira: as empresas que confirmaram presença industrial no país já tinham anunciado sua intenção muito antes do aumento do imposto. Chinesas (como a JAC e a Chery), Suzuki, BMW e outras já estavam de malas prontas para desembarcar aqui. Na verdade, a medida atabalhoada do ministro Mantega quase as espantou com a exigência descabida de índice imediato de nacionalização de 65%. Só depois, ao negociar com o ministro Pimentel o estabelecimento de índices progressivos, é que as empresas confirmaram a construção de fábricas no Brasil.
Os “Laureados”
Essa é a relação da menos cobiçada premiação da imprensa
automobilística brasileira, o Pinóquio de Ouro...
2005
Toyota (garantia de três anos do Corolla custava caro para o motorista...)
2006
Oficinas “empurroterapeutas” (limpeza de bicos injetores)
2007
Vectra GT (Não era Vectra, mas Astra. Muito menos GT...)
2008
Peugeot (o 306 vencedor da Stock Car nunca foi um Peugeot)
2009
Pirelli (recall não realizado dos pneus aro 17” do Vectra que estouravam)
2010
Caoa-Hyundai (Conar obrigou empresa a tirar publicidade do ar)