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Transtorno - Trepidação e chiado na cabeça

Problemas em discos e pastilhas de freio voltam a incomodar alguns proprietários de veículos, que temem pela segurança. Oficinas confirmam que defeitos existem

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Disco de freio do Corolla empena, mas Toyota afirma não se tratar de defeito de fabricação

Os proprietários de diferentes modelos da família Fiat Palio se viram diante de um incômodo problema, em 2000: ao pisar no pedal de freio, sentiam uma irritante trepidação, que transmitia sensação de insegurança. O problema era que o disco de freio estava empenado, na maioria das vezes em veículos com baixa quilometragem. A Fiat alegou que a variação brusca de temperatura poderia estar causando o problema. Ou seja, o carro, depois de rodar alguns quilômetros, não poderia passar sobre uma poça de água, pois dessa forma o disco de freio ficaria empenado. Mas a montadora garantiu que não havia risco de falha no sistema.

Nos anos seguintes, modelos de diferentes marcas começaram a apresentar o mesmo problema e as fábricas cobraram uma solução do fornecedor do componente. Chegou-se à conclusão de que o defeito era decorrente do processo de tratamento do material empregado na fabricação do disco de freio. O fornecedor corrigiu o problema e as reclamações diminuíram. Mas, em 2006, alguns proprietários do Toyota Corolla reclamaram que seus carros estavam apresentando o mesmo defeito. A montadora alegou que o empenamento do disco era "uma desconformidade provocada por agentes externos, como choque térmico, e que não se trata de defeito de fabricação".

Ferro com ferro
Este ano, surgiram novos casos. O empresário Alexandre Castro Gabriel, dono de um Fiat Doblò Adventure 2006, conta que, a partir dos 4 mil quilômetros, o veículo começou a apresentar um ruído irritante de atrito de ferro, quando o pedal de freio era acionado. "Cheguei a levar o carro à concessionária Roma três vezes, mas o problema não foi resolvido. Disseram que, com a retirada do amianto da composição das pastilhas de freio, o ruído é normal", conta. Alexandre informa, ainda, que o carro atualmente está com 22 mil quilômetros rodados e o problema persiste. "Conheço outros proprietários de Doblò que reclamam do mesmo chiado. Tenho carros de outras marcas que não apresentam esse tipo de problema", afirma.

Fiat afirma desconhecer problemas crônicos no sistema de freios do monovolume compacto Idea. Falha no tratamento do material do disco levou ap empeno do componente


O Fiat Idea 1.4 Flex, 2006, do militar Luiz Henrique Gualberto Moreira, após os 10 mil quilômetros, começou a apresentar um ruído anormal e trepidação no pedal, ao ser freado. O carro foi levado à concessionária Roma várias vezes e só a troca dos discos e pastilhas de freio resolveu o problema. "Disseram na concessionária que o defeito estava relacionado à retirada do amianto da composição das pastilhas e que o ruído e a trepidação poderiam voltar depois de 12 mil quilômetros rodados", disse o militar.

Montadora
De acordo com o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, da Fiat, ocorreram dois problemas distintos em relação ao sistema de freios dos modelos da marca. "A questão de empeno do disco de freio é mais antiga e ocorria por falha no processo de tratamento do material do componente. E, com a diferença brusca de temperatura, o disco empenava, causando a trepidação do pedal. Mas o processo de tratamento foi corrigido pelo fornecedor, a Fiat trocou os discos de algumas unidades e retirou do estoque de reposição todas as peças comprometidas, resolvendo o problema", afirma.

Com relação ao chiado provocado pelas pastilhas, o engenheiro lembra que o amianto foi retirado da composição do material por ser cancerígeno. Com isso, diminuiu-se a durabilidade do componente, que, em alguns casos, apresenta desgaste prematuro. Carlos Henrique informa que a indústria automotiva está buscando outro tipo de material que exerça a mesma função do amianto, proporcionando mais dureza às pastilhas. Ele afirma, ainda, que a Fiat tem conhecimento de casos isolados e que não se trata de problema crônico.

Oficinas
Mas o dono da Martha Veículos, Cláudio Vidigal, afirma que são vários os casos de veículos que entram em sua oficina com disco de freio empenado. Ele acredita que pode ser problema na qualidade do material usado na fabricação do componente. "Já atendi um cliente, dono de um Palio Weekend, com 20 mil quilômetros rodados, que teve de trocar os discos de freio três vezes", conta. Mas admite que rodas empenadas e pneus com manchão também podem causar dano ao disco.

Já o gerente da oficina Rodasa, Renato Geraldo Dias, confirma que a retirada do amianto da composição das pastilhas de freio leva o componente ao desgaste prematuro. Ele afirma que já viu alguns casos na oficina e, em relação ao empeno do disco de freio, disse que, às vezes, é possível retificar a peça. Nos casos mais graves, só a troca resolve.