Nos primórdios da indústria automobilística, fazer um carro funcionar era tarefa que exigia certo esforço. Era preciso braço forte para rodar a manivela, pois sem isso o motor não girava. Atualmente, não é necessário sequer introduzir a chave na ignição. Todos achavam normal abrir e fechar os vidros do carro com o simples ato de girar pequenas manivelas, mas agora os sistemas elétricos estão presentes até nos modelos mais baratos e são praticamente uma exigência. Conforto à parte, o certo é que o cidadão vai ficando cada vez mais preguiçoso diante dos mimos proporcionados pelos fabricantes de automóveis.
No passado, para dirigir um carro ou simplesmente usá-lo como passageiro, as pessoas se exercitavam um pouco mais. A cada ação era preciso um esforço, mas atualmente as coisas mudaram, e muito. A tecnologia veio com força total e trouxe vários itens de conforto e conveniência a seu reboque. É claro que os sofisticados estão disponíveis somente nos modelos mais caros, mas os 'populares' também podem ser contemplados com alguns apetrechos da preguiça.
Cartão
A grande maioria dos carros ainda usa chave para abrir e fechar portas e girar a ignição. Mas o pequeno pedaço de metal passou por mutações ao longo dos anos, ganhando sistema de controle remoto, que abre e fecha portas a distância. O cidadão não precisa mais se esforçar para girar a chave. Basta apertar um simples botão. Aliás, nem isso é preciso mais. A Mercedes-Benz transformou a chave em cartão e basta tê-lo no bolso para que o sistema do carro faça o reconhecimento, liberando as portas e a ignição. Depois, para fazer o motor funcionar, é só acionar o comando start.
Memória
E a mordomia não para por aí. Em alguns modelos, o motorista não precisa mais se esforçar para deixar o banco na posição correta. Os ajustes longitudinal, de altura, do encosto e lombar podem ser feitos eletricamente. Nos mais sofisticados, com direito a três memórias, inclusive para a altura do volante e posição dos retrovisores externos. Ou seja, não faz esforço físico nem mental. E, para completar, o banco pode ter ainda aquecimento e o auxílio luxuoso de um massageador. Providencial para aquelas viagens longas, nas quais o 'traseiro' fica quadrado de tanto permanecer na mesma posição.
No volante
Estender o braço até o painel para acionar o CD Player já está virando coisa do passado. Vários modelos já têm (como opcional) os comandos do som no volante, que, além de proporcionar conforto, contribuem para aumentar a segurança, já que evita que o motorista desvie sua atenção ao dirigir. A lei do menor esforço inclui ainda o sistema de som com controle de volume automático, ou seja, que altera de acordo com a velocidade do automóvel.
Os ajustes de altura e distância do volante também podem ser elétricos e o sistema de controle de velocidade, o chamado piloto automático, evita que o motorista faça o esforço de pisar no acelerador. É só definir a velocidade e o carro acelera. E se o automóvel for equipado com câmbio automático, menos uma ação para o motorista.
Abre-te, sésamo
Em alguns casos, os apetrechos da preguiça extrapolam o necessário. O Audi Q7, por exemplo, tem tampa do porta-luvas com abertura elétrica. É só apertar um botão no painel e a tampa abre. É o cúmulo da preguiça! Não é necessário fazer força também para abrir e fechar a tampa do porta-malas. Um leve toque em um botão faz com que a porta do compartimento de carga se abra ou feche suavemente. São equipamentos que proporcionam conforto, mas que também contribuem para tornar o cidadão cada vez mais sedentário. É o mínimo de esforço com os braços e pernas. E no futuro, quem sabe, o carro vai ler o pensamento do homem e executar todas as funções que ele deseja. É esperar para ver.