Quando Ratan Tata, o presidente da montadora indiana Tata, anunciou, em meados de 2007, que faria o carro mais barato do mundo e que custaria o equivalente a US$ 2.500, o mundo automotivo ficou agitado. Muitos duvidaram. Com a valorização do dólar, o Nano foi lançado no mercado indiano com preços a partir de US$ 1.979 (cerca de R$ 4,6 mil). Não existem planos oficiais de lançamento do carro no Brasil, mas, se fosse importado, o carrinho seria vendido aqui por muito mais. Veja mais fotos do Tata Nano!
Linhas
O Nano foi durante muito tempo uma incógnita e só ganhou a forma final no Salão de Nova Délhi, em janeiro. E suas linhas não mudaram muito em relação ao modelo apresentado anteriormente: os faróis continuaram verticalizados, assim como as lanternas traseiras; e o capô e a tampa traseira são pequenos e ficam em posição elevada. Não é nada revolucionário, mas chega a ser inovador para um carrinho de 3,1m de comprimento, 1,5m de largura e 1,6m de altura, destinado a mercados emergentes. Ou seja, é muita altura para pouca distância. E tudo fica desproporcional em relação às pequenas rodas de 12 polegadas, que são presas com apenas três parafusos.
Índia
Para o mercado indiano, existem três versões de acabamento: a Standard, a básica das básicas; a CX, com ar-condicionado; e a LX, topo de linha, que tem "até" vidros e trava elétricas. A "economia externa" foi feita no limpador de para-brisa (apenas um, como o do Fiat Uno) e no retrovisor (também filho único). Para entender melhor o projeto, é bom pensar em alguns números: apenas sete em cada 1 mil indianos têm um automóvel; e a Tata pretende vender 250 mil unidades por ano do carrinho. Na Índia, o Nano tem garantia de 18 meses ou 24 mil quilômetros. As reservas começam em 9 de abril e as entregas do primeiro lote (de 100 mil unidades) começam em julho.
Motor
O motor é o que se pode chamar de "o limite para empurrar um veículo de quatro rodas". O propulsor de dois cilindros tem apenas 624 cm³ de cilindrada e desenvolve meros 33 cv de potência (a 5.250 rpm) e 4,8 kgfm de torque (a 3.000 rpm). A mágica de fazer o Nano rodar foi possível apenas com um regime bravo: o carrinho pesa 600 quilos. Como há espaço para quatro pessoas, imagine a dificuldade para subir uma ladeira com quatro adultos e o ar-condicionado ligado. O câmbio também é bem rústico e tem somente quatro marchas. Por tudo isso, o motorista não pode esperar milagre e a velocidade máxima fixada pela fábrica é de 104 km/h. A Tata também garante que o carro é econômico (faz 23,6 km/l) e ecológico (emite somente 101 gm/km de CO2). O baixo consumo permite um tanque de apenas 15 litros de gasolina.
Como poderia se esperar de um carro desse, o interior é para lá de espartano, embora haja espaço suficiente para quatro adultos. Os bancos têm o mínimo de revestimento possível e o painel de instrumentos, feito de plástico bem grosso, se limita a um velocímetro central, que vale tanto para a versão com volante do lado direito quanto do lado esquerdo.
Versões européia e brasileira
A Tata expôs no Salão de Genebra (início de março) uma versão mais sofisticada do Nano com os equipamentos de conforto e segurança exigidos pelo mercado europeu, como freios ABS e air bags. Ele é mais requintado externa e internamente e o motor é de três (em vez de dois) cilindros. Seu preço foi estimado em cerca de 5 mil euros (R$ 14,6 mil). Uma versão semelhante a essa poderia ser importada para o Brasil (Ratan Tata confirmou essa possibilidade), porém, com os pesados impostos, chegaria aqui por quase R$ 20 mil.