É comum chegarem cartas e e-mails à redação do Vrum questionando a legalidade dos estepes de emergência, revelando um estranhamento quanto ao conjunto roda/pneu de dimensões inferiores aos que são usados no veículo. É o caso de Paulo Roberto Rodrigues Pereira, que não achou prático o manuseio do estepe compacto. “Não é fácil encontrar um borracheiro na estrada. Quando o pneu traseiro do meu Chevrolet Cobalt furou, se houvesse um estepe convencional, eu deixaria para consertá-lo em um borracheiro de confiança. Outro fato negativo é ter que rodar a 80km/h”, criticou. Para tirar dúvidas a respeito desse tipo de pneu sobressalente conversamos com Rafael Schroll Astolfi, da Continental Pneus.

CONTEXTO De acordo com Rafael, a adoção desse pneu sobressalente tem aumentado para reduzir massa (no mínimo 40% a menos) e aumentar o espaço útil no porta-malas. Levando em consideração que os hatches compactos correspondem a uma boa fatia da frota nacional, tais características são bem-vindas. Por enquanto apenas um fabricante nacional adotou extensivamente o estepe de emergência, a Chevrolet, porém, segundo Rafael, todos os demais estão estudando sua viabilidade em projetos futuros.

80KM/H O uso do veículo, quando calçado com pneus de emergência, fica limitado a 80km/h. Isto porque eles apresentam raios dinâmicos diferentes dos utilizados para rodagem e sua largura também é bastante reduzida. Essas características alteram o comportamento dinâmico do veículo e, em menor escala, o funcionamento de alguns sistemas, como o diferencial.

CUSTOS Não é para economizar, garante Rafael. Para a indústria, o custo do pneu de emergência não é menor em relação aos dos convencionais. Ele explica que a demanda pelo mercado de reposição é praticamente zero e como os materiais aplicados são mais caros o custo do pneu não é necessariamente menor.

DIFERENÇA Tanto os pneus convencionais quanto os de emergência têm basicamente os mesmos componentes. Só que, enquanto os pneus de emergência usam carcaça mais reforçada que os radiais comuns de passeio, eles não levam alguns componentes dos pneus comuns, como o capply, que é um componente importante para atingir altas velocidades, o que não é possível neste tipo de conjunto.

FRÁGIL? Apesar disso, não se trata de um produto mais frágil. Seu uso limitado aos 80km/h foi estipulado por uma regulamentação internacional (Europa e Estados Unidos) e independentemente do índice de velocidade atribuído ao pneu. Os mesmos testes veiculares aplicados na aprovação dos pneus de uso são aplicados nos de emergência, como frenagem, dirigibilidade em pista seca e em pista molhada, etc.

VALIDADE O prazo de validade é exatamente o mesmo dos pneus de uso. Normalmente, cada montadora estabelece um período para a durabilidade dos pneus, informado no manual do veículo.

OUTROS Além do pneu de emergência, existem outras opções de sobressalentes menos convencionais. Para os que reclamam do estepe compacto, é bom saber que existem veículos (geralmente utilitários) que têm pneus tão grandes que o de emergência ainda precisa ser inflado com um compressor antes de ser usado. Já a tecnologia seal impede que o pneu esvazie, pois existe um selante em seu interior que automaticamente cobre o furo. Porém, o furo desse sistema é que, dependendo da extensão do dano, o motorista fica na estrada. Alguns carros simplesmente não trazem estepe. Eles contam apenas com um kit, composto por um selante e um compressor de ar, que devem ser usados para recuperar o pneu. Os carros equipados com pneus run flat, com estrutura reforçada, que permitem rodar sem ar (claro que com algumas restrições), também não trazem estepe.

PRÓS x CONTRAS

Veja as vantagens e desvantagens do uso dos pneus de emergência

» Prós

Redução de massa e volume

Não têm limitação de extensão de dano, como os selantes

Fácil de ser manipulado, devido às dimensões e peso reduzidos

Prazo de validade é muito mais extenso do que os selantes
 
» Contras

Limitação de velocidade

Não pode ser usado na execução do rodízio de pneus

Não é um run flat

Demanda a troca do pneu, ao contrário da tecnologia seal