Criada sob a inspiração de um instituto de engenharia modelar, a Embraer deu os primeiros passos em 1969. O seu produto inicial foi o turbo-hélice Bandeirante.
Antes dela diferentes empresários se lançaram no mundo da construção de aeronaves. A Neiva, a Aerotec e outras já ocuparam seu espaço na indústria aeronáutica. Todas tendo o então Ministério da Aeronáutica como incentivador.
Sob a sombra do governo, a nossa estatal caminhou por aproximadamente 20 anos. Sempre que ocorria um descompasso entre as receitas e despesas, o Ministério da Aeronáutica a socorria. E ajudava adquirindo seus produtos. A incorporação das aeronaves Sêneca na frota da Força Aérea Brasileira (FAB) ocorreu naquela época.
Quando Fernando Collor de Melo assumiu a Presidência da República, as missões de socorro amiudaram e a direção da estatal passou por apertos.
Ainda que tivesse nos seus arquivos um projeto promissor, a Embraer quase encerrou a sua produção.
Ela foi salva pela privatização, tão execrada pelos seguidores do Partido dos Trabalhadores.
Privatizada, os seus acionistas resolveram ingressar no mundo da construção de aeronaves de forma efetiva e os produtos começaram a aparecer.
O projeto do Embraer 145 foi desengavetado e sobre ele se construiu a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo.
O grande projeto veio com a família de jatos de 70 a 120 assentos, os bem-sucedidos E-Jets.
Uma análise de mercado bem elaborada, um conhecimento dos pontos fortes e fracos da concorrência e ousadia trouxeram para o mundo da aviação o produto deque ele estava precisando.
A seleção do nicho foi tão acertada que acabou gerando concorrentes canadense, russo e (mais recentemente) chinês. Na aviação isso é comum.
Por ter partido na frente, a posição da Embraer foi favorecida e isso justifica os quase mil modelos entregues em 47 países, para 65 empresas.
Sob os louros do êxito, a Embraer não adormeceu e, por não encontrar uma brecha no mercado de aeronaves maiores, resolveu ficar no segmento daquelas com corredor único e quatro assentos, procurando entregar um novo produto até 2018.
As iniciativas dos canadenses, dos russos e dos chineses determinaram a decisão da empresa de mexer nos seus produtos.
Uma série de inovações está sendo introduzida na futura linha dos E-Jets, denominada EV (Evolution). O investimento teve início em 2012 e a empresa incorporou 200 engenheiros no seu quadro de 3.500 profissionais, sendo que destes 3 mil trabalham na planta de São José dos Campos (SP).
Uma nova aeronave já está em fase de fabricação.
Recentemente a Embraer anunciou os fornecedores da segunda geração dos E-Jets. Já foram selecionados os fornecedores do sistema de combustível, do módulo eletrônico, de parte da fuselagem e das superfícies móveis e fixas da cauda da aeronave.
Com uma nova motorização, sistemas mais modernos, asas de aerodinâmica avançada e comando de voo fly-by-wire, é esperada uma economia de dois dígitos no consumo de combustível, um custo menor em manutenção, menor emissão de poluentes e redução do ruído. O seu primeiro voo de teste está previsto para 2016, tendo então o início do processo de certificação pela Anac.
A segunda geração dos E-Jets está em curso para que a Embraer mantenha a liderança neste segmento do mercado.
Uma vez mais a empresa se pauta numa análise de mercado, que prevê para os próximos 20 anos a necessidade de 7 mil novas aeronaves com capacidade de até 120 assentos, e a meta é manter a sua fatia de 43% de participação no mercado, fornecendo 3 mil novos E-Jets.
Número significativo a ser alcançado por quem não adormeceu sob os louros do êxito.
BIRUTINHAS
A350 O mais novo produto da Airbus realizou o seu primeiro voo no dia 14. A empresa estima que nos próximos 20 anos 5 mil unidades serão adquiridas pelo mercado e deseja abocanhar 50% do total. A nova aeronave incorpora melhorias para redução do consumo de combustível, diminuição da emissão de poluentes e redução do nível de ruído. O A350 terá capacidade entre 270 e 350 assentos e alcance de 15 mil quilômetros.
PODEROSA A Singapore Airlines anunciou a assinatura de contratos para a aquisição de 60 aeronaves, sendo 30 Airbus A350-900 e 30 Boeings 787-10X. O contrato com a Airbus ainda inclui opção de compra de outras 20 aeronaves A350-1000. Um negócio de US$ 17 bilhões é de deixar qualquer fabricante com água na boca.