Parar ou avançar? Embora seja pacífica a afirmação de que não existe lei que determine que atitude tomar diante do sinal amarelo, situação em que deve prevalecer o bom senso. A questão, levantada pelo caderno Veículos do Estado de Minas, vem suscitando discussões e análises mais profundas sobre o tema. Uma das respostas está nas linhas brancas que dividem as faixas das grandes avenidas. Fórmula simples sugerida pela pedagoga e instrutora de trânsito Jane Monteiro, que também dá dicas sobre a distância de segurança a ser mantida do veículo da frente, com base no Manual de Direção Defensiva do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), ajuda na tomada de decisão.
“Antes dos semáforos, a linha branca, que divide as faixas de trânsito, fica contínua”, diz a instrutora, apontando para faixas de uma avenida na região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Se o veículo estiver na velocidade permitida para a via e, ao passar pela faixa contínua, o sinal ficar amarelo, deve passar; do contrário, deve parar. Isso, respeitando a distância de segurança do veículo da frente”, explica.
A distância de segurança é outro tabu. A instrutora lembra que era comum se falar em “até o momento em que se vê o pneu do veículo da frente”, o que não é mais usual. “Hoje devemos guardar dois segundos de distância do carro da frente”, diz. O cálculo deve ser feito, de acordo com Jane, tomando-se como base um obstáculo fixo: “Assim que o veículo da frente passa, por exemplo, por uma árvore, deve-se contar, mentalmente, dois segundos. Ao final dos dois segundos, seu veículo deverá estar passando pelo mesmo obstáculo”. E para a contagem também existe um macete: “O Manual de Direção Defensiva recomenda pensar-se nos números 51 e 52. O tempo de se pensar em cada número é de um segundo. Os dois segundos são recomendados – considerando-se condições normais da pista e do clima – porque o primeiro segundo é o tempo de percepção do perigo e reação e o segundo é o tempo de se parar o veículo”.
Aproximação
Para Fernando Pessoa, gerente de Planejamento Operacional da BHTrans, órgão responsável pelo gerenciamento do sistema de transportes e do trânsito em Belo Horizonte, a avaliação da instrutora faz sentido, tomando como base a distância das linhas brancas, chamadas pelo órgão de faixas de aproximação. Mas alerta para o fato de que não é possível tomar a decisão de parar ou avançar o sinal amarelo levando-se em consideração somente as faixas. “São vários os fatores que influenciam neste momento: depende da velocidade, das condições da via, do clima e até do estado emocional ou da idade do condutor. Se está com pressa, tende a avançar assim como os mais estressados. Por outro lado, influencia também a capacidade de reação. O motorista mais jovem tende a reagir mais rápido”, avalia Pessoa, que desenvolveu um estudo sobre o sinal amarelo.
De acordo com Pessoa, nos grandes cruzamentos de Belo Horizonte as faixas são contínuas em distância de 30 metros até as faixas de retenção que, por sua vez, estão a cerca de 12m dos semáforos. Ele explica que as faixas são contínuas para organização do trânsito. “É um momento em que precisamos dos veículos organizados para que, quando o sinal abrir, não haja perda de tempo nos semáforos”, explica.
Questionado sobre a possibilidade de adoção de semáforos com cronômetro ou com decrementador de tempo, Pessoa não é a favor. O principal motivo é o fato de os equipamentos não serem recomendados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Além disso, explica o especialista, há uma série de fatores que poderiam desencadear acidentes. “Há duas possibilidades de se implantarem esses sinais. Com o decrementador do verde para o vermelho ou do vermelho para o verde. Imagine do verde para o vermelho. Você está próximo de um cruzamento e está vendo que o tempo do verde vai acabar. O que faz? Acelera. Já o contrário, do vermelho para o verde, corre-se o risco de os veículos arrancarem antes de o sinal abrir”, finaliza.
Infração
A multa por avançar o sinal vermelho (infração gravíssima) é de R$ 191,54 mais sete pontos no prontuário (artigo 208/CTB).